Engenharia 360

Por que jogos como Animal Crossing e Minecraft estão fazendo sucesso na pandemia de COVID-19?

Engenharia 360
por Kamila Jessie
| 17/04/2020 | Atualizado em 25/04/2021 4 min

Por que jogos como Animal Crossing e Minecraft estão fazendo sucesso na pandemia de COVID-19?

por Kamila Jessie | 17/04/2020 | Atualizado em 25/04/2021
Engenharia 360

Nessa mistura paradoxal entre estresse e tédio durante a pandemia de coronavírus, as pessoas estão recorrendo aos games. A procura no mercado por Nintendo Switch para jogar o tal Animal Crossing virou até meme, enquanto outro segmento de pessoas optou pelo bom e velho Minecraft. Mas o que estimula a busca por esses jogos especificamente?

Animal Crossing. Imagem: Nintendo via MIT Tech Review.
Animal Crossing. Imagem: Nintendo via MIT Tech Review.

O que
acontece em Animal Crossing?

Em Animal
Crossing, os jogadores são encorajados a construir e desenvolver uma ilha inicialmente
deserta e a interagir com uma série de animais antropomórficos, isto é, que
parecem seres humanos. Não tem absolutamente nada demais. É uma ilha digital e
bichinhos bonitinhos. Mas é uma forma de se reconectar com as pessoas em um
cenário diferente do seu (só que nem tanto).

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A
questão-chave é que jogos de simulador que têm um aspecto mais amigável são
mais do que entretenimento escapista; eles estão ajudando a remodelar a forma
como nos conectamos no cenário de distanciamento social de forma física. Os videogames
permitem que as pessoas conversem, se conectem e conheçam novas pessoas.
Somente no mês passado, formaturas, cerimônias de casamento, protestos e
encontros virtuais com amigos foram coordenados em exuberantes telas pixeladas.
Enquanto isso, os estudantes recriaram suas escolas em Minecraft.

Simulação da University of Washington Architecture Hall. Imagem: Minecraft via The Verge.
Simulação da University of Washington Architecture Hall. Imagem: Minecraft via The Verge.

Saudades da
faculdade, né, minha filha?

O fenômeno no
Minecraft foi engenhoso, isso nós não podemos negar.  Estudantes de muitas universidades americanas
recentemente criaram ou ressuscitaram servidores Minecraft e compartilharam
suas criações em bate-papos no Discord, em grupos de memes do Facebook e em
tópicos do Reddit. O boom dos
servidores Minecraft universitários é real e a gente está achando o máximo.
Esses servidores têm o propósito expresso de reunir alunos e construir. E
muitas vezes essa construção está centrada em recriar os campi.

Simulação inspirada na Biblioteca Fisher Fine Arts da University of Pennsylvania. Imagem: Minecraft via Makarios Chung para o The Verge.
Simulação inspirada na Biblioteca Fisher Fine Arts da University of Pennsylvania. Imagem: Minecraft via Makarios Chung para o The Verge.

Por que jogos
como Animal Crossing e Minecraft?

Embora a quarentena devido à pandemia de COVID-19 tenha mudado drasticamente a maneira como vivemos e o tal home office tenha se tornado regra, os videogames oferecem uma maneira de satisfazermos com segurança nossa necessidade humana básica de conexão. Afinal, até Netflix sem a devida companhia para chill pode ser um tanto quanto frustrante.

No cenário universitário, é importante que a gente seja sincero também: o engajamento não ocorre exclusivamente vinculado às aulas. Festas são parte da cultura universitária. Na cidade de São Carlos, especificamente, existe um "rolê" tradicional chamado "Palquinho". Pensando nele, os alunos da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) reproduziram seu ambiente no Minecraft.

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"Palquinho" na área sul da UFSCAR no Minecraft. Imagem: Minecraft via G1.
"Palquinho" na área sul da UFSCAR no Minecraft. Imagem: Minecraft via G1.

Em uma matéria
para o MIT Technology Review, a psicóloga e pesquisadora Rachel Kowert, que estudou
jogos na última década, sugeriu que o desejo por games desse tipo não é só uma
busca por distração, o que difere essa ânsia da procura por filmes ou livros,
por exemplo. Trata-se de uma necessidade desesperada de ter controle sobre algo,
nem que seja uma ilha em Animal Crossing.

Entrada da UFSCar simulada no Minecraft. Imagem: Minecraft via G1.
Entrada da UFSCar simulada no Minecraft. Imagem: Minecraft via G1.

Muitos desses jogos "reconfortantes" são classificados como "simuladores de vida". As atividades que envolvem permitem que os jogadores sintam uma sensação de normalidade. Eles não são baseados necessariamente em fantasia; em vez disso, eles seguem uma narrativa semelhante à fronteira de construir a terra e se conectar com vizinhos para criar comunidade, promovendo um ambiente em que os jogadores sentem que não competem, mas trabalham juntos, cooperativamente. Ele também permite a comunicação - enquanto você se junta para reunir peixes, por exemplo, ou em cenários mais realistas como os que os universitários têm recriado em Minecraft.

Entrada da UNESP de Rio Claro recriada em Minecraft. Fonte: Minecraft via G1.
Entrada da UNESP de Rio Claro recriada em Minecraft. Fonte: Minecraft via G1.

Esses games também são fáceis de jogar, reduzindo quaisquer barreiras iniciais para quem não é gamer de carteirinha. Não tem estresse, pressa ou ninguém perseguindo você. Se você deseja cultivar e vender vegetais, você pode. Se você quiser passar um dia inteiro decorando sua casa, você pode. Se quiser aprender as fofocas do bairro, pescar ou explorar uma floresta, você pode. Não existe uma maneira certa de passar o dia e, geralmente, basta mover um joystick em uma direção ou outra para ver o mundo.

E pensando em quem gosta de jogos de simulador clássicos, a gente tem uma Lista 360 que você pode conferir aqui:

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5 jogos de simulador clássicos e gratuitos que envolvem habilidades de engenharia

Fontes: G1. MIT Technology Review. The Verge.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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