Valência, na Espanha, viveu um verdadeiro inferno no dia 22 de fevereiro de 2024. Um incêndio avassalador devorou um edifício residencial de 14 andares no bairro de Campanar. Testemunhas relataram a rápida propagação das chamas, envolvendo a estrutura em uma nuvem de fumaça. E os acontecimentos que se seguiram deixaram a população local em total choque.
Não gostaríamos de dar essa notícia aqui, no Engenharia 360. Porém, achamos importante relatar o incidente para refletirmos sobre o caso, aprendermos com ele e possivelmente evitarmos o que causou essa desgraça em projetos futuros.
Primeiras ações para resgate das vítimas
Era um pouco mais de cinco horas da tarde quando os primeiros focos de fogo surgiram na fachada do prédio. Na sequência, a proporção do incêndio aumentou assustadoramente, se espalhando pelo volume da estrutura. As labaredas eram velozes e vorazes. Mesmo com o alerta dado e as sirenes dos bombeiros tocando pelas ruas, chamando a atenção de todos na cidade, nem todos os residentes, lamentavelmente, conseguiram sair do edifício.
Durante toda a noite, os bombeiros e equipes médicas tentaram acessar o interior do prédio em vão; desses, seis ficaram feridos. Seu trabalho se estendeu madrugada adentro.
Já na manhã do dia 23, a paisagem estava irreconhecível. A estrutura estava completamente destruída. No total, quinze pessoas se feriram, quatro pessoas tiveram sua morte confirmada e quatorze continuam desaparecidos nos escombros.
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Em busca de respostas da Engenharia
Mesmo diante ao caos, a comunidade se uniu em solidariedade. Até clubes de futebol, como Real Madrid e Barcelona, expressaram suas condolências. Autoridades foram ao local, mobilizando esforços para auxiliar as vítimas e já anunciando medidas para reconstruir o que foi perdido. Porém, é claro que o que todos querem saber agora são as causas desse incêndio, bem como da sua propagação tão rápida.
Em princípio, um dos fatores apontados como causadores dessa tragédia foi a falta de paredes corta-fogo no projeto do prédio. Ademais, o uso de poliuretano na construção; havia material inflamável na fachada, justamente no ponto onde vemos, pelas imagens captadas por observadores do incidente, as primeiras chamas se propagando. A conclusão das investigações em andamento devem dar mais pistas sobre os verdadeiros culpados e como prevenir futuras tragédias.
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Opinião de Especialista
Conversamos com nosso redator colaborador, o engenheiro Cristiano Oliveira da Silva, para obter uma análise mais técnica sobre os fatos. Em sua opinião - consideramos que ele não teve acesso às plantas da arquitetura -, para que o prédio queimasse dessa maneira sistêmica, é provável que as paredes internas das unidades habitacionais fossem feitas de drywall sem a devida proteção. Depois, a situação pode ter sido agravada pelas chamas atingindo rapidamente elementos de materiais plásticos, termoplásticos ou outro nessa linha.
Para Cristiano, só uma perícia completa sobre as documentações da construção do edifício poderá confirmar os materiais utilizados - dentro do prédio, na fachada, nas sacadas… - que podem ter levado a essa propagação impressionante do incêndio. Lembrando que toda chama começa num foco; e esse foco não tinha provavelmente nenhuma forma de contenção, nem mesmo física.
O caminho é entender as causas. A perícia policial deve esclarecer se alguém colocou fogo, o que aconteceu de início. Depois a perícia técnica apontará condições - adequadas ou inadequadas - de revestimentos em paredes, forros, pisos e mais. Porque, assim, não vemos paredes de concreto queimando assim. O edifício pode ter sido erguido num modelo pré-moldado, mais leve, com paredes internas de gesso acartonado, com isolamento de isopor, com revestimentos de espuma e mais, por exemplo.
Ensinamentos que a tragédia em Valência trouxe
A tragédia em Valência coloca em evidência a necessidade de medidas de segurança mais rigorosas em edifícios residenciais, especialmente no que diz respeito à utilização de materiais de construção.
A rápida propagação das chamas e o alto número de vítimas demonstram a importância de se investir ainda mais na prevenção de incêndios e na criação de planos de contingência para situações de emergência. Infelizmente, é mais um capítulo da história da Engenharia marcada pela dor.
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Fontes: Metropolis.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Eduardo Mikail
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