Que as empresas buscam cada vez mais soluções para o mercado de carros verdes, todos nós sabemos. A Tesla é um exemplo de dedicação para a dominação das ruas com seus veículos movidos à energia elétrica. Porém, será que essa será A Decisão para a situação?
Em uma fala do vice-presidente do setor de caminhões da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, há a ressalta que os elétricos serão apenas um meio de crescermos o mercado de veículos sustentáveis, não o fim.
"Acredito que a eletrificação é mais um passo na direção de uma solução definitiva, mas não é o fim. O modelo (com veículos híbridos e elétricos com baterias recarregadas em tomadas) não é a solução final. Na maioria dos países a eletrificação não vem fontes renováveis. Qual é o sentido de estimular o elétrico se a geração de energia não é limpa? Existe um passo adiante, que talvez seja a célula a hidrogênio."
- Roberto Leoncini para o Estadão
Os veículos movidos à hidrogênio vêm sendo o grande foco de diversas empresas e centros de pesquisa. Isso acontece porque estes carros possuem inúmeras vantagens em relação aos elétricos, a maior delas é o tempo de recarga/abastecimento. Os elétricos levam cerca de 30 a 50 minutos para completar uma recarga de bateria, enquanto os movidos à hidrogênio levam dez vezes menos tempo para abastecimento do cilindro. Um exemplo é o Toyota Mirai que demora apenas cinco minutos para realizar o abastecimento.
Esse hidrogênio pode alimentar dois tipos de sistemas para geração de energia:
LEIA MAIS
HICEV – Hydrogen Internal Combustion Engine Vehicle
Célula de hidrogênio
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
No processo HICEV, o hidrogênio está armazenado em um cilindro e atua em um motor à combustão no lugar dos combustíveis tradicionais. Ou seja, para que o motor funcione, é necessário que o hidrogênio seja injetado na câmara de combustão. Para aqueles que não acreditam na capacidade do combustível nessa atividade, saibam que gerar a explosão dele em ambientes com menor porcentagem de oxigênio é muito fácil. Isso beneficia a atividade dos motores à combustão interna em ciclo Otto, fazendo com que tenham maior rendimento.
Por outro lado, temos os veículos que operam com células de hidrogênio. Nesse tipo de processo, a geração de energia é realizada por meio de uma conversão eletroquímica para alimentar um motor elétrico. Desta forma, o hidrogênio fica no ânodo da célula e o oxigênio entra pelo cátodo. Então, eles reagem gerando energia e vapor de água, sendo este último eliminado pelo escapamento do veículo. É importante mencionar que a reação só ocorre por conta de um catalisador que estimula a formação de íons de hidrogênio.
Existem dois tipos de células de combustível: membrana de troca de prótons (PEMFC) e alcalina (AFC). No geral, elas são 25% mais eficientes que os motores à combustão, e sem a emissão de poluentes. Com o tempo, esse sistema começou a ganhar cada vez mais espaço, deixando a ideia da utilização do HICEV de lado.
Uma célula não seria capaz de produzir energia suficiente para o funcionamento do veículo, tendo em vista que apenas uma produz cerca de 1,16 volts. A solução para isso é a junção de mais de uma célula, formando o sistema que chamamos de pilha ou bateria a combustível. A ligação entre elas é feita por meio de uma “placa bipolar” que permite a passagem de hidrogênio e oxigênio.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
O Toyota Mirai, mencionado no início do texto, é um exemplo de carro que utiliza o sistema de célula de hidrogênio.
Quando acionado o acelerador, a energia produzida nas células se direciona para o motor com o objetivo de gerar energia mecânica para o movimento do veículo. Um diferencial do Toyota Mirai que merece ser mencionado é o armazenamento de energia por meio do sistema de frenagem regenerativa. Esse sistema já era utilizado em veículos elétricos e nos de Fórmula 1 desde a temporada de 2009. Nele, a energia que seria perdida na frenagem é armazenada em baterias, o que corresponde a cerca de 5,8% do total de energia de um veículo convencional.
Esse tipo de veículo possui inúmeras vantagens se comparado com os à combustão. Porém, existem diversas partes técnicas que precisam de melhoria. Um exemplo é a forma como esse combustível é armazenado. Hoje esse trabalho é realizado por grandes cilindros que ocupam espaço dentro do veículo, além de agregarem no seu peso. Porém, já há estudos para que o armazenamento seja feito por meio de hidretos metálicos, que nada mais são do que a reação entre hidrogênio e compostos intermetálicos. Isso reduziria o peso do veículo e traria maior eficiência quanto a autonomia.
Assim, esses e outros diversos projetos vêm sendo estudados. Mas, não podemos negar que o futuro não será mais dos elétricos, e sim dos carros a hidrogênio. Atualmente, todas as montadoras possuem pelo menos um modelo de veículo a hidrogênio. Ademais, diversos países já estipulam incentivos, como financiamento de estruturas para o abastecimento deste tipo de automóvel. Logo teremos veículos à hidrogênio em nosso cotidiano. Enquanto isso, precisamos de profissionais capacitados para trabalharem no aperfeiçoamento desses projetos.
Qual a sua opinião sobre os veículos do futuro? Conta para a gente!
Fonte: Estadão, Brazilian Journal of Development, Energia do Hidrogênio
Comentários
Letícia Nogueira Marques
Estudante de Engenharia de Materiais e Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC e mecânica de produção veicular pelo SENAI Mercedes-Benz; já atuou na área de Facilities com foco em projetos de sustentabilidade para redução de impacto ambiental.