Já sabemos que universidade é estruturada no chamado tripé universitário, que deve amparar o ensino, a pesquisa e a extensão, entre as quais, como numa “santíssima trindade”, há igual importância e unidade. Neste post, vamos focar no talvez menos abordado e conhecido deles: a extensão universitária.
Sendo um espaço que possibilita a agregação de inúmeros saberes heterogêneos, a universidade abrange e incentiva a produção de conhecimento e, ainda que boa parte das pessoas não usufruem do seu potencial máximo, como discente ou docente, esse espaço não deve ser um universo restrito. Assim, uma das estratégias que a universidade utiliza para a formação de um profissional cidadão é baseada na extensão universitária.
Desmistificando esse conceito, a extensão universitária nada mais é que a ação da universidade junto à comunidade. O seu objetivo principal é possibilitar o compartilhamento, entre o público interno e externo, do conhecimento adquirido por meio do ensino e da pesquisa desenvolvidos na instituição. Posto isso, é basicamente a articulação do conhecimento científico advindo do ensino e da pesquisa a partir das necessidades apresentadas pelas comunidades circunvizinhas onde a universidade se insere, interagindo e transformando sua realidade social.
Para entendermos melhor, vamos colocar da seguinte forma: além dos muros universitários, existem comunidades e pessoas que na grande maioria das vezes não estão mergulhadas diretamente em todas as possibilidades e desafios que a universidade proporciona. Mas, em razão disso, elas devem ficar excluídas desse meio? A resposta é simples e direta: não. Isso porque todos têm direito a frequentar esse espaço, não necessariamente para sair com um diploma, mas para adquirir, compartilhar e repassar seu conhecimento adquirido ao longo da vida.
Contribuição, acesso à universidade e a falsa ideia de assistencialismo: entenda!
Podemos pensar também a partir de outro ponto: no casos das Instituições de Ensino Superior Públicas, sejam estaduais ou federais, é o Poder Público o financiador. E de onde vem este orçamento? A principal fonte de recursos são os governos e os impostos que custeiam a educação pública. Contribuições, operações de crédito, transferência entre governos, entre outros, são maneiras dos recursos chegarem às universidades.
A partir disso podemos observar o peso que os impostos ocupam nesse processo. Todas as pessoas que pagam impostos indiretamente mantêm a estrutura do ensino superior público, incluindo aquelas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de cursar o ensino superior. A partir daí seria possível deduzir que todas as pessoas poderiam usufruir da universidade de alguma forma, mas o que acontece na prática são construções de barreiras que ultrapassam os muros físicos, barreiras essas advindas de desigualdades socioeconômicas que restringem o acesso ao conhecimento, a uma educação de qualidade e a trocas culturais. Mas por que precisamos refletir sobre isso?
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Porque é possível que a população, neste ambiente, seja erroneamente utilizada como justificativa para praticar a teoria ensinada nas salas de aula. Essa deformação da extensão, quase sempre numa intenção caritativa, na qual acadêmicos, oferecem serviços semiprofissionais à comunidade, acreditando exercer um "favor" por esse serviço gratuitamente está errada.
Como funciona a extensão universitária?
Seu funcionamento varia de acordo com os objetivos de cada projeto e precisa ser realizada por todos os grupos das diferentes áreas de humanas, exatas e biológicas. Partindo disso, os projetos de extensão acontecem, como cursos educativos, culturais, tecnológicos, ações relacionadas à saúde, ao meio ambiente, etc. A maioria dos projetos de extensão são gratuitos, mas pode haver exigência de taxas de inscrição, dependendo do custo para a sua oferta, como, por exemplo, de material utilizado.
Os Hospitais Universitários Federais (HUFs) são ótimos exemplos de prestação de serviços na área da saúde vinculados ao tripé universitário, pois atendem à comunidade em geral.
Outro exemplo são os grupos que impulsionam essa experiência universitária, como é o caso do Programa de Educação Tutorial (PET). Criado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), PET é um programa guiado por um professor-tutor, em que participam alunos com bons rendimentos acadêmicos custeados pelo MEC (por meio de bolsas) a fim de desenvolver atividades extracurriculares unindo ensino, pesquisa e extensão. Como o PET é institucionalizado, se configura como uma forma de manter constante o número de variados projetos de extensão em universidades espalhadas por todo o Brasil. Procure no site de sua instituição e faça parte!
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Como participar dos projetos de extensão?
Normalmente os sites das instituições de ensino superior disponibilizam informações sobre os projetos de extensão que desenvolvem, informando o público-alvo, a duração, os pré-requisitos e as vagas. Assim, se encontrar algum que esteja dentro do seu perfil ou de alguém que conheça, não hesite em participar ou passar a informação adiante.
E você pode também propor um projeto! Se a sua faculdade não tem projetos de extensão em andamento e você observou alguma demanda da comunidade próxima a sua instituição, seja o autor de uma iniciativa. Para isso, é necessário redigir um projeto, ou seja, colocar a sua ideia no papel (existem diversos guias!) e explicá-la ao departamento da área.
Qual a importância dos projetos de extensão?
Embora algumas atividades de extensão universitária tenham caráter pontual, é importante que estejam envolvidas em projetos contínuos, para que a relação comunidade-universidade se fortaleça.
Os projetos de extensão universitária são também uma forma de professores e alunos vivenciarem na prática elementos de suas áreas de atuação. A extensão universitária deve ser formada por professores, alunos e comunidade. O importante é sempre ressaltar que a extensão universitária não é um “assistencialismo” à sociedade, mas uma forma de integrar, de ampliar visões e trocar experiências entre os saberes científico e popular.
Estudante de Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense. Voluntária no Engenheiros Sem Fronteiras Brasil.
Letícia Gonçalves - Assessora de Presidência do Engenheiros Sem Fronteiras Brasil
Leia também: Gerenciamento de Projetos na Engenharia: entenda o que é e quais as suas etapas
Referências: Hospital Universitário Pedro Ernesto; PET Engenharia Civil UFGRS; Entrevista Em Questão - O Papel da Extensão Universitária; Indissociabilidade do ensino, pequisa e extensão.
Mas e você? Conhece os projetos de extensão da sua IES? Já participou ou foi autor de algum? Se você tem alguma ideia para a sua comunidade, que tal propor à universidade mais próxima? Divulga pra gente a sua vivência!
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Engenheiros Sem Fronteiras Brasil
Ser Engenheiros Sem Fronteiras é acreditar na importância da engenharia para o desenvolvimento social e ser protagonista desta transformação. O ESF-Brasil faz parte da rede Engineers Without Borders – International (EWB-I), presente em 65 países ao redor do mundo. Desde 2010 no Brasil já transformamos mais de 84 mil vidas. Acreditamos na importância do envolvimento comunitário, do diálogo e da cooperação. Os projetos são desenvolvidos e executados por voluntários locais organizados em núcleos, que se envolvem pessoalmente com os membros da comunidade, escutam suas necessidades e estabelecem parcerias e amizades. Nós da Diretoria Nacional replicamos essa tecnologia social, capacitando e orientando os líderes destes núcleos para desta forma gerarmos o impacto nos locais que atuamos.