Aos 26 anos, a engenheira eletricista e de software Charlette N’Guessan foi a primeira mulher a receber o Africa Prize for Engineering Innovation, um prêmio anual de inovação em engenharia (como o nome indica). Também é a primeira equipe sediada em Gana a receber o prêmio.
Charlette N’Guessan é CEO e cofundadora da BACE API, uma startup voltada para identificação digital das identidades usando reconhecimento facial e inteligência artificial. A promessa é de que essa tecnologia pode mudar a segurança cibernética em alguns países africanos.
O software desenvolvido pode ser integrado a aplicativos e sistemas existentes. Seu objetivo é ser usado por instituições financeiras e outras indústrias que dependem de verificação de identidade para fornecer serviços. Um grande diferencial é que o sistema foi desenvolvido especialmente para identificar africanos, o que nem todas as inteligências artificiais são treinadas para fazer.
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Para funcionar, o sistema combina uma foto ou vídeo curto tirados no momento com a foto da identidade ou passaporte. Não é necessário ter hardware especial, a câmera usada pode ser do próprio computador. O sistema é capaz de verificar se a foto da pessoa é verídica ou se é outra pessoa.
O desenvolvimento do software começou em 2018, depois de uma pesquisa que mostrou que os bancos de Gana tinham um grande problema na identificação de fraudes de identidade e crimes cibernéticos. Os gastos para verificar os clientes chegavam a 400 milhões de dólares.
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Atualmente, duas instituições financeiras já usam o software para reconhecimento e identificação. Ele também está em testes para reconhecimento de participantes inscritos em uma plataforma de eventos.
A cerimônia de premiação aconteceu de forma online no último dia 3. O Africa Prize for Engineering Innovation foi fundado pela Royal Academy of Engineering in the UK em 2014 e é o maior prêmio africano dedicado à inovação em engenharia.
Durante oito meses, quinze participantes pré-selecionados de seis países da África Subsaariana receberam treinamento e orientação, desenvolvendo seus planos de negócios e aprendendo como comercializar suas inovações. O prêmio recebido é de 25 mil libras (192.000 GHS) para o primeiro colocado e 10 mil libras para os três que ficaram em segundo lugar.
Neste ano, os projetos dos outros ganhadores envolveram pesquisas em: uma plataforma digital que fornece dados agrícolas personalizados a cada agricultor; um microscópio digital de baixo custo para diagnóstico de câncer cervical; e um sistema que gerencia redes de energia e monitora a condição dos painéis solares.
Para participar, podem se inscrever indivíduos e times que trabalha e moram em qualquer país da África Subsaariana e que tenham uma inovação em engenharia. Porém, o sétimo Africa Prize for Engineering Innovation, referente ao próximo ano, já fechou as inscrições.
Referências: Royal Academy Engineering; Interesting Engineering.
Quais outras aplicações você acha que o software desenvolvido por Charlette N’Guessan teria? Comente!