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Bombeamento de água subterrânea interfere na vazão de rios: veja efeitos nos EUA

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por Kamila Jessie
| 29/07/2019 | Atualizado em 06/12/2023 3 min
Newly planted almond trees on a San Joaquin Valley farm in California. Credit: Shutterstock

Bombeamento de água subterrânea interfere na vazão de rios: veja efeitos nos EUA

por Kamila Jessie | 29/07/2019 | Atualizado em 06/12/2023
Newly planted almond trees on a San Joaquin Valley farm in California. Credit: Shutterstock
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Você sabe de onde vem a água que abastece sua cidade? Muitas vezes, achamos que a exploração de poços só acontece em áreas rurais ou afastadas, mas a água subterrânea pode incluir uma parcela considerável do abastecimento urbano, além de ser insumo na agroindústria, por exemplo.

água subterrânea
Imagem: stanforddaily.com

Desafios na estimativa do impacto:

A exploração de poços, contudo, afeta diretamente o ciclo da água, podendo interferir na disponibilidade da água superficial, isto é, de rios e lagos, e também no regime de chuvas. Isso faz muito sentido quando vemos imagens clássicas do ciclo da água, mas contabilizar uma proporção direta é uma tarefa complexa.

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Resultados das simulações:

O estudo abordou essa lacuna avaliando o impacto de 100 anos de declínio de águas subterrâneas nos Estados Unidos continentais sobre o comportamento de bacias hidrográficas simuladas. As perdas de armazenamento em subsuperfície reverberou em todos os sistemas hidrológicos, diminuindo o fluxo superficial e a evapotranspiração. Os declínios de evapotranspiração são focados em períodos limitados pela água e regiões de águas subterrâneas rasas. As perdas em vazão de rios, por sua vez, são generalizadas e se intensificam ao longo das redes de drenagem, muitas vezes ocorrendo longe do ponto de captação de água subterrânea. A abordagem integrada do trabalho ilustrou a sensibilidade das simulações da superfície terrestre aos níveis de armazenamento de água subterrânea e um caminho para avaliar essas conexões em modelos de larga escala.

poços
Imagem: advances.sciencemag.org

Mas quanto?

Trazendo um resumo dos números: o bombeamento de águas subterrâneas no século passado contribuiu com até 50% no declínio da vazão em alguns rios dos EUA. A pesquisa foi liderada por Laura Condon, do departamento de Hidrologia e Ciências Atmosféricas da Universidade do Arizona e o co-autor Reed Maxwell, de Geologia e Engenharia Geológica da Escola de Minas do Colorado.

Bombeamento de água subterrânea interfere na vazão de rios: veja efeitos nos EUA
Imagem: advances.sciencemag.org

Os cientistas concentraram-se particularmente nas bacias dos rios Colorado e Mississippi e analisaram exclusivamente os efeitos do bombeamento de água subterrânea passado, porque essas perdas já ocorreram. O Serviço Geológico dos EUA calculou a perda de água subterrânea ao longo do século XX como 800 km³, ou 649 milhões de acres. Essa quantidade de água é o equivalente a cobrir os estados de Montana, Idaho, Wyoming, Nevada, Utah, Colorado, Arizona e Novo México, além da maior parte da Califórnia, com água a aproximadamente 30 cm de profundidade.

O efeito do bombeamento exacerbado:

Essa comparação indica que, porque todo esse volume de água foi retirado do subsolo, a hidrologia da superfície terrestre também é afetada, principalmente secando pequenos córregos alimentados pela recarga subterrânea. Tudo isso reflete em efeitos na vegetação e microclima. É também alarmante, visto que a água subterrânea é frequentemente o componente mais lento do sistema hidrológico terrestre para se recuperar de perdas.

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Bombeamento de água subterrânea interfere na vazão de rios: veja efeitos nos EUA
Imagem: advances.sciencemag.org

Fonte: Science Advances.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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