A engenharia é uma das áreas mais cruciais para o desenvolvimento de um país. E sabe como o Brasil está nesse quesito? Péssimo! Nosso país está passando por uma crise severa no setor - menos engenheiros qualificados e mais problemas estruturais (desde a educação ao mercado de trabalho) -, e isso pode comprometer a sustentabilidade, os projetos estratégicos e o futuro de todos. Mas o que será que está acontecendo? Veja a seguir, neste artigo do Engenharia 360!

A realidade da engenharia no Brasil em números alarmantes
Nos últimos anos, tem diminuído demais o número de profissionais formados em engenharia no Brasil. Aliás, segundo o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) as matrículas nos cursos presenciais de engenharia de universidades particulares - considerados de melhor qualidade - também caíram entre 2014 e 2020, cerca de 44,5%. Em contrapartida, nunca se teve uma demanda tão grande por engenheiros em setores estratégicos, como infraestrutura, tecnologia e energia. A conta não fecha!
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Há uma previsão de abertura de 350 mil novos postos de trabalho nos próximos anos. Só que as universidades têm formado apenas 50 mil engenheiros por ano. Temos aí um déficit gigantesco! Entende agora como a situação é preocupante? A indústria brasileira precisa de mais profissionais qualificados para poder crescer - ainda mais agora com o novo PAC, poderíamos estar aproveitando melhor os investimentos e as aberturas de vagas no mercado.
E para completar essa triste história, vale citar outro aspecto preocupante da crise, que é a baixa presença feminina na área; apenas 20% dos estudantes e profissionais de engenharia no Brasil são mulheres. Infelizmente, parece que, mesmo depois de tantas campanhas e mudança de postura dentro das empresas, ainda se mantém a narrativa de que a engenharia não é acessível para todos.

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As causas da crise e desafios que começam na base
Foco em outras áreas de formação
Segundo especialistas, uma das principais razões para a crise na engenharia brasileira é o cenário econômico. E tem muita coisa envolvida nisso!
Entenda: as pessoas sabem que engenheiros ganham bons salários - melhor do que a média na sociedade. Porém, os jovens não consideram mais uma vantagem passar tantos anos em sala de aula, além de fazer estágio, quando se pode recorrer a cursos técnicos, tecnólogos e faculdades de curta duração para se colocar no mercado.Áreas como programação e desenvolvimento de games atraem muito mais. Além disso, a maioria tem o sonho de performar mesmo é na Internet, como influenciador digital.
Falta de investimentos no setor
Agora vamos olhar a questão por outro ângulo. Um país em recessão econômica, como é o caso do Brasil, investe menos em projetos tanto públicos quanto privados. Grandes obras estão paralisadas ou foram canceladas. E alta do dólar - consequentemente das commodities - e a perda de interesse do investidor externo em nosso mercado interno resultam em perda de oportunidades e aumento no desemprego em massa para engenheiros e profissionais de áreas afins. Simplesmente não se vê garantia de retorno. Enfim, estamos estagnados!
Currículos desatualizados
A coisa já vem errada desde antes da graduação. Já não recebemos boa qualidade de ensino no nível básico. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022, 70% dos estudantes brasileiros de 15 anos têm dificuldades com problemas matemáticos simples. E é claro que essa deficiência no aprendizado inicial prejudica a formação dos futuros engenheiros.
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Problemas estruturais no ensino
Vale também analisar as estrututas das faculdades. Os currículos precisam urgentemente de uma atualização! Existem instituições por aí que oferecem disciplinas cujo discurso pouco se aproxima da realidade atual - aliás, por vezes, numa desconexão total. Assuntos relevantes como Machine Learning, linguagem de programação, Inteligência Artificial e preparação para concursos públicos sequer são abordados nos programas, o que demonstra uma completa falta de alinhamento entre a formação acadêmica e as necessidades do mercado.
Chega a ser bizarro! Enquanto o mercado exige profissionais versáteis e adaptados às novas tecnologias, muitas universidades ainda seguem modelos antiquados de ensino.
Sem contar que diversas instituições não possuem laboratórios adequados, bibliotecas atualizadas e oportunidades práticas para os estudantes.
Impactos no mercado de trabalho
Como explicamos desde o início deste texto, o mercado brasileiro já sente os reflexos do baixo número de trabalhadores qualificados para o setor de engenharia.
Mesmo se o ritmo de formação de profissionais acelerar, o mercado não considera absorver a todos se a economia permanecer estagnada ou em recessão. A perspectiva então é de um cenário de subemprego, em que engenheiros acabam aceitando posições e salários que não correspondem às suas qualificações. E, em muitos casos, a pressão constante por resultados acaba gerando um ambiente hostil.
Muitos dirão “ah, não sou engenheiro, então não tenho nada a ver com isso”. Engana-se quem pensa dessa forma, pois todos nós devemos sentir os impactos diretos dessa crise da engenharia no Brasil. Setores cruciais, como transporte, energia e construção, vão sofrer com atrasos e custos elevados por conta da escassez de profissionais. E aqueles com currículo melhor, em busca de valorização, buscarão oportunidades de crescimento na carreira fora do país.
Soluções para reverter a crise
- Investimentos na educação básica: Fortalecer o ensino das ciências exatas com professores capacitados e materiais atualizados.
- Reforma da educação: Atualizar currículos, investir em infraestrutura educacional e conectar universidades ao mercado.
- Reformas curriculares nas faculdades: Tornar os currículos mais práticos, com estágios obrigatórios e projetos interdisciplinares.
- Colaboração entre instituições: Formalizar parcerias para estratégias conjuntas que impulsionem a engenharia no país.
- Incentivo à inovação: Criar políticas públicas para adoção de tecnologias e facilitar o acesso a recursos para inovação.
- Fomento ao investimento: Reduzir burocracias e oferecer incentivos para atrair investidores ao setor de engenharia.
- Valorização dos profissionais de engenharia: Garantir remuneração justa, capacitação contínua e reconhecimento profissional.
- Promoção da diversidade na engenharia: Criar programas que incentivem a inclusão de mulheres e grupos sub-representados no setor.
- Atração de jovens talentos: Investir em programas lúdicos e campanhas que promovam o interesse pela engenharia.
Fontes: Exame, Click Petróleo e Gás.
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Eduardo Mikail
Somos uma equipe de apaixonados por inovação, liderada pelo engenheiro Eduardo Mikail, e com “DNA” na Engenharia. Nosso objetivo é mostrar ao mundo a presença e beleza das engenharias em nossas vidas e toda transformação que podem promover na sociedade.