Um fato curioso chamou atenção da mídia brasileira em 2022: um preso conseguiu fugir de uma penitenciária que havia sido como recém-inaugurada em Foz do Iguaçu (PR). A unidade, classificada como prisão de segurança máxima e média, recebeu um investimento de R$ 20 milhões do governo e passou por uma série de melhorias estruturais, incluindo reforços na muralha. Apesar disso, a fuga ocorreu poucos dias após sua reabertura.

A pergunta que fica é: como isso foi possível? E mais: como é, de fato, a estrutura e a engenharia por trás de um presídio de segurança máxima?

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engenharia de segurança máxima de presídio
Imagem reproduzida de G1

Entendendo a arquitetura e a engenharia de uma prisão de segurança máxima

A construção ou reforma de presídios não é algo comum no mercado, mas empresas de engenharia civil e arquitetura podem ser contratadas por órgãos estaduais ou federais para atuar nesses projetos. A primeira etapa costuma envolver a elaboração de um plano de necessidades, que define os requisitos do projeto arquitetônico e, posteriormente, do projeto estrutural.

Principais áreas de um presídio de segurança máxima

Conheça os setores fundamentais que compõem a infraestrutura de uma penitenciária de alta segurança:

1. Celas individuais reforçadas

Um presídio comum deve ter centenas de ambientes assim, dividido em diferentes módulos. Em estruturas de segurança máxima, as celas costumam ser individuais, tendo 6 m², com espaço para cama – com colchão de material não inflamável -, sanitário, pia e chuveiro, mesa e assento – tudo fixo, feito de cimento. Lembrando, sem nenhum sistema de comunicação externo ou tomadas elétricas!

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2. Pátios para banho de sol e visitas

Nas prisões, uma área, dimensionada para três pessoas, é reservada para banhos de sol – que os presos têm direito a fazer por duas horas ao dia. Ela deve ser cercada. E deve-se planejar muito bem o trajeto de percurso em que fará o preso da cela até este pátio. Do mesmo modo, da cela ao parlatório, o pátio onde ele receberá suas visitas, dimensionado para duas pessoas.

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Imagem reproduzida de Governo do Estado do Rio Grande do Sul
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Imagem reproduzida de Correio de Minas
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Imagem reproduzida de OAB – RO

3. Torres de vigilância e monitoramento

Este é o local onde os agentes policiais devem fazer o monitoramento da unidade de segurança máxima. É interessante que, em algum ponto da muralha, seja instalado um sistema bloqueador de celular, para coibir o crime organizado. Contudo, é realmente um desafio enorme conseguir isolar totalmente os presos sem comprometer a operação, que deve ser controlada por sistemas remotos.

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Imagem reproduzida de GZH

Materiais usados na construção de presídios

A polêmica da construtora Verdi

Em 2015, a Construtora Verdi Sistemas Construtivos foi acusada de utilizar um material de má qualidade na construção de um presídio de segurança máxima. Se fosse verdade, isso comprometeria a estrutura, sobretudo da torre de vigilância, que ficaria mais frágil. Infelizmente, numa situação de rebelião, os presos tentaram cavar as celas com objetos cortantes. E foi neste episódio que os servidores alegaram que o material utilizado na construção era de isopor.

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Imagem reproduzida de Brasil 247

Claro que a construtora rebateu as denúncias. Primeiro, lembrando que nenhum sistema construtivo iria suportar danos pelo uso de ferramentas, como barras de ferro, chapas de aço e blocos de concreto, que são eventualmente usados como armas.

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Além disso, a engenheira responsável lembrou que, neste caso, foram usados módulos industrializados executados em concreto branco de alta resistência e GRC (concreto reforçado com fibra de vidro). Por fim, que estas tecnologias são testadas e comprovadas através de pesquisas em universidades, além de diversas obras já executadas neste sistema.

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Imagem reproduzida de Portal Diário do Aço

Fuga em presídio recém-inaugurado: o que se sabe?

Até o momento da realização deste artigo, a polícia do Paraná não havia revelado os detalhes da fuga, apenas informou que um procedimento administrativo foi aberto para investigar o caso. Fica o alerta: mesmo estruturas de segurança máxima estão sujeitas a falhas humanas ou operacionais – um desafio constante para engenheiros e arquitetos envolvidos nesses projetos.

Enfim, podemos concluir que projetos de presídios exigem técnica apurada, conhecimento em segurança, e domínio de sistemas construtivos de alta resistência. Casos como esse servem como exemplo do quão complexa é a engenharia por trás de unidades prisionais. Se sua empresa atua na área de infraestrutura pública, vale estudar esse tipo de construção como uma oportunidade de mercado – e de grande responsabilidade.

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Fontes: Gaucha ZH, Cada Minuto, UOL.

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