Uma grande frustração atual é que ninguém sabe exatamente qual a melhor forma de carregar o celular e os eletrônicos de modo geral sem comprometer a vida útil da bateria. Desde quando a bateria de lítio dominou tudo, os velhos hábitos (como deixar descarregar tudo antes de colocar para carregar) ficaram para trás e todo mundo ficou um pouco perdido. Até agora.
Como a vida útil da bateria é comprometida?
Alguns pesquisadores descobriam que o uso de carregamento indutivo, embora seja muito prático, pode esgotar a vida útil dos celulares com baterias de íons de lítio. O carregamento indutivo nada mais é que a transmissão de energia sem fio, deixando de lado os cabos e tomadas.
Um dos principais problemas do carregamento indutivo é o calor gerado no processo, o qual pode comprometer a vida útil da bateria e danificá-la. Isso é agravado pelo fato de que o dispositivo e a base de carga estão em contato físico próximo, qualquer calor gerado em um dispositivo pode ser transferido para o outro por simples condução térmica e convecção.
Sabe-se que o calor é um dos grandes vilões para baterias (e isso serve de alerta para quem deixa o celular no sol forte, perto do fogão, etc.). No caso dos celulares, a bobina de recepção de energia fica próxima à tampa traseira do telefone (que costuma ser eletricamente não-condutiva) e normalmente é necessário deixar o celular e a fonte de energia indutiva próximas, o que reduz significativamente a oportunidade de dissipar o calor gerado.
Segundo a equação de Arrhenius, a taxa de reação dobra a cada aumento de 10°C na temperatura. Em uma bateria, as reações que podem ocorrer incluem a taxa de crescimento acelerado de filmes passivantes (um revestimento inerte fino tornando a superfície subjacente não reativa) nos eletrodos da célula. Isso ocorre por meio de reações redox celulares, que aumentam irreversivelmente a resistência interna da célula, resultando em degradação e falha no desempenho.
Uma bateria com temperatura superior a 30°C já é suficiente para causar danos na bateria. Aos 50 ou 60 graus Celsius o dano é tão grande que pode gerar gases e causar falhas catastróficas.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
LEIA MAIS
Como o estudo foi realizado?
Os pesquisadores que fizeram os testes concluíram que um desalinhamento do telefone com a base de carga pode fazer com que haja maiores perdas da eficiência e aumento da geração de calor. Todos os três métodos de carregamento (fio, indutivo alinhado e indutivo desalinhado) foram testados com carregamento simultâneo. Então, geraram-se térmicas ao longo do tempo para criar mapas de temperatura para ajudar a quantificar os efeitos de aquecimento.
Independentemente do modo de carregamento, a borda direita do telefone mostrou uma taxa mais alta de aumento de temperatura do que outras áreas do telefone. Ainda, nela a temperatura permaneceu mais alta durante todo o processo. Para sanar a dúvida, fizeram uma tomografia computadorizada do telefone e descobriram que é ali que fica a placa-mãe.
Na carga tradicional, via fio, a temperatura média máxima atingida foi de 27 graus Celsius (em 3 horas de carregamento). No caso da carga indutiva alinhada, a temperatura chegou a 30,5°C, mas foi reduzida de forma gradual durante o processo. Por outro lado, no carregamento indutivo desalinhado, o pico máximo também foi de 30,5°C, mas ele foi atingido de forma muito mais rápida e durou muito tempo.
De modo geral, o estudo concluiu que o carregamento indutivo, apesar de muito prático, pode reduzir a vida útil da bateria. Isso não quer dizer que você deve optar pelos cabos o resto da vida: a pesquisa abre portas para que novos estudos sejam feitos para descobrir uma forma eficiente de carregar o celular por indução sem comprometer a bateria. Por enquanto, o ideal é optar pelo cabo, quando possível.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Fontes: Science Daily
Comentários
Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.