Hoje, mais do que nunca, nós sabemos que o ano de 2020 mudou a linha do nosso destino Apesar de tudo, podemos tentar tirar alguma lição positiva dessa triste experiência. Por exemplo, começar a repensar, desde já, mesmo que atrasados, como exercemos a Arquitetura e Engenharia no Brasil. Uma coisa é certa, essa Pandemia deixou exposta muitas fragilidades das nossas cidades, moradias, escritórios e espaços públicos divididos em comunidade. Afinal, como queremos passar o resto de nossas vidas?
O fato é que devemos ser mais conscientes sobre a escassez de recursos naturais do nosso planeta. De que precisamos cuidar muito mais do meio ambiente e sermos resilientes, ou seja, mais bem preparados para o futuro que inevitavelmente nos aguarda. Isso inclui as tarefas desempenhadas por profissionais em vários segmentos da construção civil. Digamos que, assim, o "novo normal" pede uma reinvenção de tudo para uma melhor saúde e bem-estar de todos!
Qual é a perspectiva para os projetos de Arquitetura Sustentável
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Espaços fechados, divididos entre muitas pessoas - como igrejas e salões de eventos - , não mais poderão ter uma ventilação deficiente e materiais de revestimento que sejam difíceis de serem higienizados. Já as residências devem apresentar plantas baixas com áreas próprias reservadas para a montagem de home office - um cantinho especial para o desempenho de uma rotina de trabalho online -, sem que haja prejuízo à funcionalidade do imóvel ou à rotina da família. E tanto esses espaços projetados como moradia ou como serviço e comércio devem vir com soluções de multifunções; com instalação de sistemas que eliminem, ao máximo, o uso de ar condicionado; e que aproveitem melhor a água das chuvas e a luz solar, além de estruturas com bastante vegetação para o controle do conforto ambiental.
Edificações
Pensando especificamente nos projetos de edificações, é provável que o mercado de construção verde ganhará um novo patamar, exigindo principalmente que os prédios que já foram classificados nessa categoria mantenham os seus certificados. O desejo é que edifícios novos e antigos possam fornecer reciclagem, coleta de água e tratamento de esgoto. Estes conceitos não são novos, claro! Mas, talvez, diante de uma maior consciência que muitos estão tendo agora, tais processos possam ser mais bem aceitos e cobrados pela sociedade!
Novos modelos de construções
Infelizmente, só há poucas décadas atrás é que as pessoas tomaram conhecimento da tecnologia dos telhados verdes; também dos processos para gerenciamento de resíduos visando a redução de lixo; e dos materiais que seriam permeáveis ou que até mesmo pudessem fazer a limpeza ou filtragem do ar, como vimos em um texto anterior. Projetos de arquitetura e engenharia civil que conseguem abraçar estas soluções e tantas outras similares acabam regulando o ecossistema local, reduzindo as ilhas de calor nas cidades, promovendo a sustentabilidade e ações ecológicas, estimulando a eficiência energética, e mais.
Se compramos essas ideias, pensando num reflexo positivo a longo prazo, acabamos pressionando aqueles governantes que só pensam nos lucros a curto prazo!
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O Brasil vive hoje diferentes crises! Além da crise política e econômica, percebemos uma crise de educação, o que leva as pessoas a amenizarem em suas mentes os problemas ao qual estamos passando! Ainda vemos muitos profissionais se negando a estudar, a se especializar e a utilizar em suas obras sistemas mais ecológicos. Muitos ainda recomendam aos clientes o uso de materiais que degradam a natureza. E ainda devemos lembrar da proliferação da Síndrome dos Edifícios Doentes, agravada pela Pandemia. São prédios que estão vazios, com as suas atividades reduzidas, sem manutenção estrutural e com sistemas parados, acumulam sujeiras e outros agentes que ajudam a proliferar vírus e bactérias. Os mesmos representam um grave risco para a população!
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Urbanismo e paisagismo
Nem precisaríamos dizer, mas ainda sim vamos citar o fato de que as cidades brasileiras precisam de uma melhor organização territorial urgente - com planejamento do uso do solo e gestão ambiental!
Era imprescindível que os arquitetos - que são os profissionais mais bem preparados para fazer uma análise da paisagem - tivessem maior participação nas discussões e decisões políticas. Eles seriam capazes de apontar um caminho melhor para a delimitação de zonas e atribuição de usos e atividades a determinadas regiões - base para a formação dos planos diretores e também dos planos de ação climática.
Lembrando que o mundo pede por centros urbanos com infraestrutura verde e que o compromisso do nosso governo - talvez surreal se pensarmos nas condutas adotadas recentemente pelos humanos - é de contribuir para zerar, até 2050, a emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa e, por consequência, do aquecimento global.
A Pandemia também ensinou para muitas pessoas que, além de poderem ficar mais dentro de casa, podem diminuir o uso de veículos tradicionais, usando mais bicicletas e patinetes. Então, que tal pensarmos em investir mais em ciclovias? Seria uma boa ideia, não só para a saúde das pessoas, como para a saúde das cidades - claro que agora estas faixas podem vir com separações para garantir o distanciamento social.
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Conclusões finais
Se pensamos em ser mais sustentáveis logo no pós-pandemia, devemos começar a aceitar mais designs biofílicos, ou seja, conectados com a natureza. Também precisamos repensar o entendimento da Arquitetura e Engenharia brasileira, também ensinando para a nossa sociedade que todos - profissionais e clientes - são responsáveis pelo êxito ou fracasso que a indústria da construção civil terá nos próximos anos.
Enfim, todos precisam mudar pensamentos, hábitos e ações! A inteligência está em não consumimos mais do que o necessário! Se fizermos o contrário, teremos novas ondas de Covid, cada vez mais agressivas e piores - daí toda a lógica da vida se perderia!
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Fontes: Eco Debate, Cimento Itambé, Grupo MB, INBS, Capital Mundial Arquitetura.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.