Com certeza, a arquitetura, assim como muitas outras áreas profissionais, enfrenta vários problemas atualmente. Um dos maiores desafios da atualidade é criar monumentos fúnebres mais respeitosos. Infelizmente, esses monumentos têm ganhado mais importância diante do agravamento no número de mortes causadas em decorrência da Pandemia.
Mas como abordar este tema tão complexo de maneira social e cívica? Como retratar a morte de uma forma mais bonita, nos fazendo lembrar da efemeridade da vida? Como criar arquitetura de cemitérios mais conectada com os fatores ambientais e as questões espaciais das cidades? Estas são as questões que o Engenharia 360 apresenta para este texto!
Repensando a morte
Pensar em arquitetura de cemitérios é um assunto muito difícil! Inevitavelmente, isso sempre envolverá questões éticas, religiosas e culturais, mesmo para os arquitetos projetistas. Mas o fato é que, querendo ou não, a morte precisa ser pensada e repensada, principalmente por questões ambientais.
Já existem projetos em que serviços de caixões e cremação são substituídos por urnas biodegradáveis. Algo assim foi proposto pela Escola de Graduação de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, através do projeto Sylvan Constellation, que propõe a transformação da decomposição dos corpos em energia que faz brilhar urnas integradas a florestas.
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Repensando os cemitérios
Algumas pessoas ainda mantêm uma visão mais conservadora com relação à morte, preferindo manter os restos de seus entes queridos em cemitérios. Mas este local de honra e recordações não precisa ser necessariamente desconectado do tecido das cidades brasileiras, por exemplo. Ao contrário disso, poderia ser um epicentro de artes, arquitetura e paisagismo.
Inclusive alguns projetos desenvolvidos ao redor do mundo propõem cemitérios com áreas abertas para as cidades, valendo-se de elementos para desmistificar a morte, usando a imagem dela integrada ao cotidiano das pessoas - fazendo-as enxergar os cemitérios, apesar dos pesares, como lugares não mais de perda e negatividade. Que desafio, não é mesmo?
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Repensando o amanhã
Quem pensa que não há evolução na arquitetura de cemitérios está enganado! Aliás, se analisarmos toda a história da arquitetura mundial, veremos claramente vestígios desta transformação.
Já na Antiguidade, tivemos os grandes monumentos funerários, como as famosas pirâmides do Egito. Mas no final do século XIX, esse modelo de arquitetura também deu outro salto. Por uma questão de necessidade, relacionada aos problemas de superlotação nos antigos cemitérios, que eram bastante insalubres, novos espaços foram construídos. Em cidades como Londres e Paris, os cemitérios parques tornaram-se uma alternativa que, inclusive, ajudou a acrescentar mais centros sociais e áreas verdes aos tecidos urbanos.
Projetos de arquitetura e urbanismo mais contemporâneos provam que cemitérios não podem ser vistos apenas como depósitos de corpos. Tão pouco só como locais para o descanso final. Eles também devem ter algum compromisso com a qualidade das cidades. Ironicamente - pode se dizer assim -, também com a vida das próximas gerações - pensando em seu bem estar, na preservação ambiental, e mais. Uma boa referência de cemitério dos dias de hoje é o de San Cataldo, de autoria do arquiteto Aldo Rossi.
O que você acha dessa mudança na visão dos cemitérios como parte das cidades? Comente!
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Fontes: Lopes, ArchDaily, PROA.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.