A arquitetura, assim como outras áreas, enfrenta desafios complexos atualmente, e um dos mais urgentes é a criação de monumentos fúnebres respeitosos. Com o aumento das taxas de mortalidade em decorrência da pandemia, a importância de pensar em cemitérios urbanos que harmonizem com o meio ambiente e as necessidades das cidades é cada vez maior.
Mas como abordar o tema da morte de uma forma social e cívica? Como criar uma arquitetura de cemitérios que lembre a efemeridade da vida e respeite as questões espaciais e ambientais? Essas são as reflexões que o Engenharia 360 traz neste artigo, explorando como a arquitetura funerária pode se integrar ao tecido urbano.
Uma nova perspectiva sobre cemitérios e sustentabilidade
Pensar na arquitetura de cemitérios envolve complexas questões éticas, religiosas e culturais, mas, além disso, exige uma reavaliação ambiental. Atualmente, novos projetos buscam alternativas sustentáveis aos métodos tradicionais. Um exemplo inovador é o Sylvan Constellation, desenvolvido pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que propõe que propõe a transformação da decomposição dos corpos em energia que faz brilhar urnas integradas a florestas.
Essa ideia de cemitérios ecológicos pode ser uma resposta à crescente demanda por soluções que respeitem o meio ambiente e incentivem uma visão mais harmônica da morte.
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Cemitérios urbanos e sua conexão com a cidade e o cotidiano
Algumas pessoas ainda mantêm uma visão mais conservadora com relação à morte, preferindo manter os restos de seus entes queridos em cemitérios. Mas este local de honra e recordações não precisa ser necessariamente desconectado do tecido das cidades brasileiras, por exemplo. Ao contrário disso, poderia ser um epicentro de artes, arquitetura e paisagismo.
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Projetos ao redor do mundo mostram que os cemitérios podem ser vistos como pontos de encontro social e cultural, desmistificando a morte e promovendo um ambiente de reflexão sobre a vida e a natureza.
Um exemplo é o Cemitério do Père-Lachaise em Paris, que une áreas verdes e arte, ajudando a mudar a visão negativa desses espaços e integrando-os ao cotidiano urbano.
A evolução histórica da Arquitetura Funerária
Quem pensa que não há evolução na arquitetura de cemitérios está enganado! Aliás, se analisarmos toda a história da arquitetura mundial, veremos claramente vestígios desta transformação.
Já na Antiguidade, tivemos os grandes monumentos funerários, como as famosas pirâmides do Egito e o Taj Mahal na Índia. Mas no final do século XIX, esse modelo de arquitetura deu um salto. Por uma questão de necessidade, relacionada aos problemas de superlotação nos antigos cemitérios, que eram bastante insalubres, novos espaços foram construídos. Em cidades como Londres e Paris, os cemitérios parques tornaram-se uma alternativa que, inclusive, ajudou a acrescentar mais centros sociais e áreas verdes aos tecidos urbanos.
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Projetos contemporâneos de arquitetura e urbanismo demonstram que cemitérios não devem ser encarados apenas como locais para o descanso final ou simples depósitos de corpos. Esses espaços também precisam assumir um compromisso com a qualidade das cidades e, ironicamente, com a vida das gerações futuras. Isso implica pensar no bem-estar da comunidade, na preservação ambiental e na integração com o entorno urbano. Um exemplo notável dessa visão é o Cemitério de San Cataldo, projetado pelo arquiteto Aldo Rossi, que incorpora esses valores em seu design inovador.
O futuro da Arquitetura Funerária
Os cemitérios modernos não são apenas locais para o descanso final, mas também são espaços que refletem o compromisso com a sustentabilidade, o urbanismo e a preservação ambiental. Essa nova visão nos convida a pensar na arquitetura funerária como uma parte importante do planejamento urbano, contribuindo tanto para a qualidade ambiental das cidades quanto para o bem-estar da sociedade.
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Fontes: Lopes, ArchDaily, PROA.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.