Os japoneses são um povo exemplar em questão de resiliência e inovação. Sobretudo porque eles já tiveram que superar diversas devastações em seu território, a exemplo do trágico tsunami de 2011, que resultou na perda de cerca de 20 mil vidas e a destruição de cidades inteiras. Depois disso, o país decidiu investir bilhões para a construção de novas infraestruturas. Destaque para um projeto monumental de muralha para a proteção de comunidades costeiras. Veja mais detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!

A engenharia japonesa em comunidades costeiras
Antes de tudo, vale destacar que o Japão tem uma longa história de inovação em defesa de comunidades costeiras. Então, o que ocorreu em 2011 foi mesmo uma fatalidade e não uma negligência de engenharia. Inclusive, desde o final do século XIX o país já construía muralhas, como a estrutura de 10 metros na cidade de Taro, que enfrentou fortes tsunamis em 1896 e 1933.
O problema é que, diante dos últimos acontecimentos, ficou claro que as defesas existentes não são suficientes para conter os novos eventos naturais, agravados pelas mudanças climáticas. Imagina ter que conter ondas entre 12 a 15 metros? Em 2011, após um terremoto de magnitude de 9.1, elas ultrapassaram as barreiras, destruíram estruturas e revelaram que, apesar de toda preparação, o Japão ainda não estava mesmo completamente seguro.
A resposta governamental pós-tsunami de 2011
Sem dúvidas, o que houve em 2011 foi algo sem precedentes. Porém, nem foi o pior dos cenários, acredite! Já se sabe que o Japão deve sofrer um grande terremoto nos próximos anos - não é o caso de 'se', mas 'quando'. Por isso, a ideia de construção de uma muralha de defesa ainda maior foi sempre respeitada. Certamente, ninguém quer sofrer outro abalo físico e emocional desse nível. Sendo assim, o governo local tem investido bilhões de dólares para erguer a nova super infraestrutura.
Embora esse projeto de engenharia seja visto como necessário, alguns questionam a solução proposta. Críticos argumentam que a construção de uma muralha pode vir a prejudicar ecossistemas marinhos e afetar a indústria pesqueira local. Além disso, há preocupações sobre como essas estruturas podem alterar a paisagem e afetar o turismo.
Características da 'Grande Muralha Japonesa' em construção
A 'Grande Muralha Japonesa' em construção deverá ter, na sua conclusão, 400 km de extensão, seções com alturas que variam até 14,7 metros, e fundações chegando a 25 metros de profundidade. Sendo assim, essa será uma das defesas costeiras mais robustas do mundo!
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De fato, essa muralha foi projetada para ser bastante robusta, capaz de absorver o impacto de grandes ondas (tsunamis de grande escala) e minimizar seus danos - pelo menos dando mais tempo de evacuação para as pessoas e, na melhor das hipóteses, protegendo as comunidades costeiras por inteiro. Para isso, está previsto a incorporação de inovações como uso de membranas geotêxteis, para evitar o vazamento de materiais e reforçar a estrutura. Como complemento, o alargamento dos montes e o reforço com blocos de concreto.
Desafios na construção e alternativas sustentáveis
É claro que a construção de uma estrutura tão complexa assim seria acompanhada de inúmeros desafios; o maior deles é a própria altura da muralha. Alguns especialistas não acreditam que uma parede tão alta possa funcionar como barragem, inclusive apostando que ela possa amplificar a força das ondas em caso de rompimento. Sem contar seu custo de manutenção e a sensação de enclausuramento que pode causar nos habitantes das comunidades costeiras.
A diretora do Escritório da ONU para Redução de Riscos em Desastres chegou a alertar sobre a dependência excessiva da tecnologia como solução para desastres naturais.
O Projeto Morino
Diversos biólogos alertam que é preciso achar um meio-termo, uma solução de engenharia que possa coexistir em harmonia com a natureza. Uma alternativa lançada é o Projeto Morino, que sugere a construção de quebra-mares feitos de concreto apoiados por árvores com raízes profundas. Essa abordagem visa reduzir o poder das ondas do tsunami sem criar barreiras visuais que possam impactar negativamente as comunidades costeiras.
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Em última instância, sobraria só propor às pessoas que vivam em áreas elevadas, longe do mar, garantindo que suas casas estejam localizadas longe das zonas mais vulneráveis. Em entrevista, o prefeito da cidade Rikusentakata, Takeshi Konno, destacou que nenhuma construção pode eliminar completamente o risco; portanto, é crucial ter planos de evacuação eficazes.
O futuro da proteção costeira no Japão
Devemos concordar com o prefeito de Rikusentakata de que, talvez, a engenharia não tenha respostas 100% eficazes para combater a força da natureza. Certa vez, Akie Abe, esposa do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, expressou suas preocupações, afirmando que a nova muralha pode tornar os moradores das comunidades costeiras menos vigilantes a futuros tsunamis. Traduzindo, criando uma falsa sensação de segurança, fazendo as pessoas desprezarem alertas em caso de desastre.
Isso não seria uma novidade! Em 2011, muitas pessoas ignoraram os sinais de alerta. E prova de que nada é garantido é que, na cidade de Fudai, uma muralha construída na década de 1970 foi fundamental para proteger a população local durante o tsunami. Em contraste, em Kamaishi, uma muralha que levou três décadas para ser concluída foi destruída em questão de minutos, deixando a cidade indefesa.
Podemos concluir que pode ser que a melhor resposta seja uma engenharia que aprenda a coexistir com a natureza, e não tentar vencê-la.
Mais informações sobre esta obra no vídeo a seguir: https://youtu.be/yazMkyBzM5I?si=hyQpZNe0x_BZUYEf
Veja Também: Anti-terremotos: como o Japão investe nas tecnologias
Fontes: Click Petróleo e Gás, EngenhariaCivil.com.
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Eduardo Mikail
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