A crise hídrica está assustando o Brasil, conhecido pela sua abundância de água. O aumento da população e a poluição auxiliam no comprometimento da qualidade da escassa água doce disponível. Uma solução que já é praticada em países onde não há disponibilidade de água suficiente para abastecer a população é a dessalinização da água.
A dessalinização é um processo físico-químico que visa extrair a maior parte de sais não só da água salgada, mas também da água salobra, para obter água potável. A água salobra é comum no Oriente Médio e também pode ser encontrada nos aquíferos subterrâneos do nordeste brasileiro.
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Os métodos de dessalinização mais conhecidos são:
+ Destilação Térmica: imita a circulação natural da água. A destilação solar é mais utilizada em locais onde há espaço e alta incidência solar, de maneira que é feita a construção de grandes tanques com cobertura transparente. A água evapora e os vapores condensam-se na parte interna da cobertura do tanque, escorrendo para um sistema de recolhimento. Em locais que não possuem essa vantagem, a destilação é feita por meio de diversos tipos de energia.
+Osmose Reversa: ocorre mediante uma forte pressão em uma solução salina. A água passa por uma membrana semipermeável, com poros microscópicos, que visam reter os sais, microrganismos e demais impurezas. De tal forma, a água purificada fica separada em outro local.
+Destilação Multiestágios: utilização de vapor em alta temperatura para fazer com que a água do mar entre em processo de ebulição. A água passa por várias células de ebulição-condensação para garantir um grau elevado de pureza.
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+ Congelamento: como o nome diz, consiste no congelamento da água salgada ou salobra. Ao congelar obtém-se o gelo puro. O posterior descongelamento proporciona a obtenção de água potável.
A dessalinização é um processo viável em países que não possuem grandes reservas de água. Uma desvantagem é que é caro dessalinizar água para abastecer uma população muito grande de maneira eficiente e para uso em outras atividades que exigem muita água, como agricultura, tornando-o praticamente inviável em países pobres. Outro problema da dessalinização é a respeito dos resíduos gerados. Caso retornem ao mar em grande quantidade, os sais podem prejudicar a vida marinha.
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E o Brasil, vai dessalinizar? Sabemos que o Brasil possui uma reserva de água doce maior que a de muitos países. Mas, também sabemos que essa reserva é distribuída desigualmente no território nacional e que ela começa a dar sinais de que não vai durar muito tempo. O Ministério do Meio Ambiente possui um programa denominado Água Doce, que, utilizando a dessalinização, visa levar água potável para a região do semiárido brasileiro onde estão incluídos os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, além dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
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No projeto, a água subterrânea é captada por meio de um poço tubular profundo e armazenada em um reservatório de água bruta, passando em seguida ao dessalinizador, que utiliza o processo de osmose reversa. A água dessalinizada vai para um reservatório de água potável e é distribuída para a comunidade, enquanto o concentrado é armazenado para ser encaminhado aos tanques de contenção e evaporação. O programa visa abastecer, no mínimo, 5 litros de água potável por pessoa/dia. Vale ressaltar que a ONU considera ideal o consumo de 110 litros de água por pessoa/dia e que a média de alguns locais no Brasil é quase o dobro do valor indicado.
O programa Água Doce visa uma dessalinização em pequena escala, enquanto o estado do Rio de Janeiro estuda a implantação de uma usina de dessalinização como alternativa em períodos de estiagem, ou seja, em larga escala. O plano é implantar uma usina de dessalinização que seja capaz de abastecer, em média, um milhão de pessoas.
De maneira geral, é necessário estudar a viabilidade e a real necessidade de implantação de uma usina de dessalinização, considerando também outros meios de obtenção de água potável. É claro que não basta apenas implantar novos processos para a obtenção da água potável, também é necessário a implantação de projetos de redução da poluição (como a eliminação do despejo de esgoto e efluentes industriais nos corpos hídricos) e do desperdício.
Fontes: Ministério do Meio Ambiente; SABESP.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.