Recentemente, em 18 de maio de 2021, um arranha-céu de 291 m de altura tremeu na cidade chinesa de Shenzhen. Entenda o que pode ter ocorrido na matéria a seguir!
Abalo sísmico?
As autoridades locais, informaram que não houve nenhum abalo sísmico na cidade. Então, evidentemente, essa hipótese é descartada!
A título de curiosidade, alguns edifícios mais modernos, localizados em regiões de atividade sísmica frequente, são dotados de um sistema capaz de absorver os deslocamentos oriundos de um tremor de terra.
Podem ser utilizados nesse sistema:
- contra-pesos instalados na parte mais alta, para compensar oscilações no edifício;
- paredes com amortecedores, evitando o fenômeno da ressonância durante abalos;
- sistema de amortecedores nas fundações, também amenizando os tremores no edifício.
Aliás, no Japão, por exemplo, dependendo do projeto estrutural, é muito comum a utilização de um desses sistemas ou a combinação deles!
Veja Também: Como projetar edifícios à prova de terremotos (e por que isso é tão importante)
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Problema estrutural no arranha-céu?
As autoridades locais inspecionaram as estruturas e não observaram qualquer tipo de rachaduras, evidências de rupturas ou qualquer indício de falha estrutural. Então, essa hipótese também foi descartada!
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O que ocorreu então?
A hipótese mais razoável, é que o vento tenha sido o responsável pelas oscilações observadas no edifício!
Foi noticiado, que foram observados ventos locais da ordem de 40km/h. Isso é considerado um vento de baixa intensidade. Os edifícios são dimensionados para ventos muito maiores. No Brasil, há uma norma que recomenda uma rotina de cálculo para obtenção dos esforços devido ao vento em estruturas, a NBR-6123. Nessa norma é apresentado um gráfico de isopletas, mostrando as velocidades de vento para cada região do Brasil. Observe isso na imagem a seguir!
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Como se pode observar, na região de São Paulo o vento de projeto é de 45m/s ou da ordem de 160 km/h. Enfim, realmente um vento de 40 km/h não era para ser tão importante, certo? Bem, depende!
Os ventos podem atuar em rajadas, com certa frequência - em intervalos de ocorrência dessas rajadas.
Os engenheiros estruturais sabem que toda estrutura tem uma característica própria, chamada de "frequência natural" ou "frequência de ressonância", que é basicamente uma função da sua geometria e de sua massa. A saber, qualquer software estrutural minimamente competente, consegue calcular a frequência natural de uma dada estrutura.
Recentemente, o Engenharia 360 publicou uma matéria sobre um colapso estrutural ocorrido na Ponte de Tacoma.
No caso de um arranha-céu, considerado esbelto - ou seja, altura muito maior que o raio de giração da seção transversal -, os fenômenos de ressonância passam a ter importância.
Sendo assim, é muito razoável concluir que o fenômeno observado - de oscilação do edifício - pode ter sido provocado por rajadas de vento, atuando numa frequência próxima à frequência de ressonância do edifício, ampliando os deslocamentos observados, causando o desconforto dos usuários e provocando a sua evacuação.
E você, tem uma opinião diferente sobre o caso? Escreva nos comentários!
Fonte: G1.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários
Cristiano Oliveira da Silva
Engenheiro Civil; formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; com conhecimentos em 'BIM Manager at OEC'; promove palestras com foco em Capacitação e Disseminação de BIM / Soft Skills.