Muito provavelmente, na sua área de atuação, você já deve ter passado pela seguinte situação: alguém que ocupa um cargo de hierarquia superior à sua que não teve habilidade em ouvir suas sugestões, desconfia sistematicamente da qualidade do seu trabalho ou mostra despreparo técnico para assumir a função que exerce.
Isso pode se dever a alguns fatores: imaturidade profissional, falta de habilidades interpessoais (softskills) ou mesmo uma postura coercitiva. Quando isso ocorre, não há uma relação de líder-liderado, mas uma relação de chefe-subordinado. O mercado de trabalho, nos últimos anos, vêm buscando desenvolver relações em que o seu colaborador se veja como parte importante do processo, entenda seu papel e trabalhe sabendo qual a sua cota de responsabilidade no todo.
A principal característica de um líder é ser exemplo: de comprometimento, de entusiasmo, de disciplina e postura positiva perante os desafios. Um bom líder é capaz gerar união do time e comprometimento das partes, para então agirem de forma sinérgica e sustentável.
Apresentaremos a seguir quais os principais erros cometidos por líderes, fornecendo um mapa de como evitar cometer esses erros e que habilidades natas ou desenvolvidas são requeridas para que haja uma relação líder-liderado e possam se manifestar condições sinérgicas para que o trabalho seja algo prazeroso e de valor, tanto para o líder, quanto para o liderado.
1. Falta de motivo para a ação
A palavra "motivação" é uma junção de outras duas palavras: motivo e ação. Ou seja, motivo para a ação. Muitos líderes escorregam nesse item, pois se apresentam inaptos a fornecer aos seus liderados motivação para desempenharem seus papéis. O grande trunfo de todo líder é ser exemplo. Se um líder se apresenta desmotivado, automaticamente ele "contamina" a sua equipe com essa falta de motivação.
Dessa forma, a função do líder é ser exemplo, a começar pela sua própria motivação. Deve mostrar energia e entusiasmo em suas funções, pois isso também contagia a sua equipe, só que positivamente.
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2. Desconhecimento do todo
É muito comum encontrar "líderes" que apresentam desconhecimento técnico do seu negócio, se apoiando sobre colaboradores que possuem esse conhecimento. Um verdadeiro líder não precisa necessariamente saber exatamente como fazer o trabalho de seu liderado, mas é absolutamente fundamental que tenha um senso crítico do que o seu liderado faz, para poder cobrá-lo adequadamente e orientar demandas.
Sendo assim, além de conhecimento técnico adquirido pela sua experiência em seu ramo de atuação, o líder precisa saber qual é a importância de cada parte que compõe o todo.
3. Comunicação, sempre ela
Outro erro comum cometido por pseudolíderes é a falha na comunicação. Essa falha se manifesta de diversas formas: desde não saber passar/orientar um trabalho até o uso de comunicação violenta e excessivamente coercitiva.
É fundamental que um bom líder tenha clareza do que quer de sua equipe e saiba comunicar adequadamente às partes suas responsabilidades e o que se espera como resultado do trabalho das partes envolvidas num fluxo de trabalho.
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Saber ouvir seus liderados também é comunicação. Uma vez que os profissionais envolvidos num time tenham suas competências técnicas em dia, é evidente que podem contribuir com sugestões de melhoria e com ideias que agreguem valor ao produto final. Nesse cenário, o papel do líder é saber ouvir, processar a informação e incorporá-las, sendo capaz de influenciar e se deixar influenciar em prol de fazer o que é o certo e mais adequado sob uma ótica cosmopolita.
Outro ponto relacionado à comunicação é a habilidade de saber pactuar compromissos e responsabilidades com seus liderados, para através dessa prática poder acompanhar os resultados e poder cobrá-los de forma assertiva e respeitosa, identificando desvios e tomando ações que corrijam tais desvios ou mesmo sejam feitos novos pactos.
Saber dar e receber feedbacks também é importante e uma habilidade que deve ser desenvolvida. Isso porque um feedback corretivo mal dado pode desestimular e desmotivar o liderado e quem perde é o todo.
4. Ausência de habilidades interpessoais
Muitos padrões negativos de postura podem ser observados em líderes despreparados, como comportamentos tóxicos (fofocas, falar mal de integrantes pelas costas ou mesmo pela frente, excesso de reclamação. etc).
Bons líderes apresentam postura positiva perante os desafios que se colocam no dia-a-dia, que podemos chamar de postura solucionadora, ou seja, comprometimento em achar um caminho para a resolução dos problemas que surgem durante a realização de qualquer empreitada. Uma frase que resume essa postura é "procure uma solução e não um culpado".
Habilidades interpessoais podem ser desenvolvidas também quando o líder busca melhorar a si mesmo, através de cursos relacionados à desenvolvimento e liderança. Além disso, também é papel do líder estimular que seus liderados façam o mesmo.
Outros dois pontos importantes a destacar estão relacionados à inteligência emocional ou quoeficiente emocional (QE) e quoeficiente de adversidade (QA). Um líder deve ter uma postura equilibrada e conhecer bem suas emoções, saber ser assertivo sem ser agressivo. Isso está diretamente relacionado com o seu QE. Complementarmente, deve ser capaz de ter maturidade suficiente para não "espanar" mediante adversidades, problemas e desafios inerentes ao processo, o que está diretamente relacionado ao QA.
5. Não saber definir metas
Outro ponto que pode derrubar um líder é não saber o que quer dos seus liderados. Por essa razão, saber formular metas é fundamental para um líder, pois ele é o responsável para que cada colaborador do seu time tenha clareza do que é esperado dele.
Uma boa formulação de metas pode fazer toda diferença no processo. Metas e objetivos devem ser formulados por verbos de ação (realizar, elaborar, contatar, fazer, agendar etc). E devem ter bem alinhados prazos e responsáveis por cada ação. Resumindo: um bom líder sabe elaborar um bom plano de ação.
Outro componente importante relacionado às metas, é a ter flexibilidade para ajustes de percurso. Isso significa dizer que as metas podem mudar e é função do líder identificar o quanto antes essa mudança é requerida e tomar a ação de retificar e realinhar com seus liderados as expectativas e realizar novos pactos.
O importante é estar aberto às mudanças e adequações que são inerentes a todo processo de realização de metas e objetivos.
"Quem quer realizar, arruma um caminho; quem não quer realizar, arruma uma desculpa".
6. Comportamento antiético
Líderes que se sujeitam a negociatas, comportamentos desonestos e abusivos, não tem como se estabelecerem no médio e longo prazo.
O comportamento ético é fundamental, devendo haver plena clareza sobre fazer o que é o certo.
A ética é um equilíbrio entre três fatores: querer, dever e poder. Nem tudo que eu quero, eu posso; nem tudo que eu posso, eu devo; nem tudo que eu devo, eu quero.
Mais uma vez: o líder deve ser exemplo. Que seja um bom exemplo!
7. Inflexibilidade
Líderes que têm dificuldade em mudar a direção quando necessário, perecem. Falamos resumidamente sobre flexibilidade anteriormente. Vamos explorar mais a fundo esse aspecto.
Ser flexível significa pura e simplesmente ser capaz de reconhecer quando as diretrizes e metas devem ser realinhadas, sempre em prol de um bom resultado.
É, portanto, condição sine qua non, que um bom líder seja flexível para se adaptar às mudanças, tanto no âmbito de um projeto específico, como na utilização de novas tecnologias e recursos que o mercado oferece.
Vivemos uma era de grandes mudanças e para dar um passo pra trás, basta ficarmos parados.
Outro aspecto importante relacionado à flexibilidade é o bipolo insistência x persistência. Insistir significa repetir várias vezes a mesma ação esperando um resultado que não vem. Persistir, é buscar um resultado diferente mudando a ação. Há uma famosa frase atribuída ao gênio da humanidade Albert Einstein: "insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes".
Há outro exemplo relacionado à flexibilidade/adaptabilidade. Na obra "A Origem das Espécies", Charles Darwin, o pai do evolucionismo, observa que "não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive, mas aquele que melhor se adapta às mudanças".
8. Falta de tempo
Quando um líder tem como hábito "não ter tempo" para sua equipe, ele também estará fadado ao fracasso.
Bons líderes buscam doar seu tempo para seus liderados, tanto para orientar os trabalhos, como para sanar dúvidas e questões que possam travar o processo produtivo. Isso no âmbito técnico.
Na esfera pessoal, é importante que os líderes conheçam as necessidades pessoais dos seus liderados, sejam apoio e bons orientadores para solução de questões extra-trabalho. Isso porque um profissional que esteja passando por questões pessoais mal resolvidas, impactarão negativamente os resultados dele esperados. Então o líder deve sim ter uma relação de amizade com seu time, usando sua experiência e conhecimento de vida em prol de ajudar as pessoas das quais ele depende.
Fazendo isso, o líder ajuda a alavancar seus liderados, estreitam laços de confiança e promovem de forma simbiótica o crescimento mútuo pessoal e profissional.
Leia também: CEO e COO: entenda a diferença entre esses grandes cargos
E aí, na sua vida profissional, você tem encontrado bons ou maus líderes? Conta para a gente nos comentários!
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Cristiano Oliveira da Silva
Engenheiro Civil; formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; com conhecimentos em 'BIM Manager at OEC'; promove palestras com foco em Capacitação e Disseminação de BIM / Soft Skills.