O segmento de veículos elétricos (VEs) é o futuro do mercado automotivo. Isso porque, além de contribuir com o meio ambiente, ainda há uma pressão vinda dos governos para que esse setor se desenvolva mais rápido. A maior parte almeja que por volta de 2030 a produção desses modelos cesse e que em 2040 não circulem mais nas ruas. A situação do Brasil é bem parecida, a diferença é que no Projeto de Lei que determina os prazos há a exigência de que em 2050 modelos a gasolina e diesel não circulem nas ruas.
Todo esse mercado é sustentado por diversos fatores, como: a mudança de comportamento do consumidor, incentivos governamentais, desenvolvimento de tecnologias mais eficazes, e entre outros. Com a pandemia, e o setor de veículos sendo um dos mais impactado, muitas dessas questões passaram por mudanças, gerando novas projeções para o setor de elétricos.
Mercado de veículos elétricos antes da pandemia
Em 2019, a frota mundial de VEs era de 7,5 milhões, com um market share de 2,5%. Dela, 3,4 milhões de veículos estavam na China, 1,7 milhões na Europa e 1,5 milhões nos EUA. Porém, no mesmo ano, as vendas nesse segmento caíram 15%. Assim, a China, Europa e EUA somaram um pouco mais de 2 milhões de VEs vendidos. Por mais que esse cenário parecesse favorável, a expectativa era de crescimento e não redução.
Com isso, para 2020, o mercado esperava um crescimento favorável. Um exemplo disso são as projeções de investimento nesse setor por empresas de transporte. Uber, DiDi, e Ola tinham fortes expectativas de crescimento no uso de veículos elétricos (VEs). As duas últimas previam que cerca de 1 milhão de VEs rodassem para cada uma até 2021. Porém, a pandemia acabou modificando os planos, trazendo novos hábitos para o consumidor e uma resposta diferente dessas e de outras empresas.
Comportamento do consumidor e resposta de mercado
Com o início da pandemia, diversas cidades fecharam estabelecimentos, escolas e afins para que as pessoas ficassem em casa, gerando uma grande mudança de comportamento da população em relação ao uso de veículos. O primeiro impacto que foi possível de perceber é dos níveis de emissão de poluentes. Com menos veículos nas ruas, as pessoas puderam perceber como a substituição de modelos a combustão por verdes pode impactar positivamente a qualidade de vida delas.
A discussão que já existia sobre as futuras condições do ar mantendo os níveis de emissão de hoje tomaram ainda mais força. Diversas notícias começaram a se espalhar sobre como a baixa presença de poluentes em meio a pandemia evitou milhares de mortes. Tudo isso fortaleceu ainda mais a discussão sobre a necessidade de uso de veículos verdes.
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Não foi apenas a mentalidade das pessoas que mudou, mas seus hábitos de consumo. Quando a pandemia iniciou, houve uma quede grande do uso de transporte individual e coletivo, que vem se recuperando aos poucos. Mas, o que se percebe com o tempo, é que as pessoas passaram a preferir o uso de transporte individual em relação ao de uso público. Isso porque muitas delas tinham medo de se contaminar pelo vírus quando usassem o transporte coletivo.
Em meio a essa situação, as empresas preferiram postergar o lançamento dos veículos que entrariam em 2020. Eram mais de 500 novos modelos segmentados em bateria elétrica, híbridos plug-in e Fuel cell que seriam inseridos. Porém, com a chegada do coronavírus, mudança de comportamento do consumidor e uma forte crise econômica, as empresas preferiram postergar os lançamentos.
Em meio a essa reação do mercado, os números mostram que o setor seria impactado com uma redução de cerca de 25% nas vendas de modelos elétricos, sendo o de ônibus que menos sofre com a crise.
Porém, é importante destacar que essa é uma visão generalizada. Os países reagem de diferentes maneiras. A China e Europa conseguem com que os consumidores passem a confiar no segmento de elétricos, o que deve ajudar a não ter uma queda brusca nas vendas. E os EUA se coloca em uma situação contrária por conta das novas metas de emissão de carbono. O que tem forte tendência a mudar com a entrada do presidente Biden.
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Como fica o mercado com o passar dos anos?
Com as mudanças de comportamento do consumidor e as medidas tomadas por diversos países, as expectativas para o mercado permaneçam as mesmas, o que acontece é que elas foram postergadas. As empresas continuam com seus planos de lançamento de elétricos, as metas dos governos continuam as mesmas. O que é possível ver nos gráficos de projeções é que a queda do mercado em 2020 não irá impedir que o crescimento continue. Nos gráficos abaixo, é analisada a presença de elétricos (a bateria elétrica e plug-in hybrid), na China, Europa e EUA. Sendo que, no gráfico abaixo, é possível analisar a presença desses automóveis por região.
Ademais, na análise abaixo, o market-share de elétricos em relação aos a combustão é baixo apenas no momento da crise. A previsão para os anos seguintes é de forte crescimento, estimando que até 2035-2036 a presença de veículos verdes em relação aos a combustão chegue a 50%.
Essa mudança de market-share em 2035 é gerada por mais uma mudança do consumidor. A população estará mais velha, a renda será maior e mais de 60% da população mundial estará nas cidades. Essa situação fará com que seja necessário trazer meios de locomoção que não sejam individuais, pois não haverá estrutura para isso. Dessa forma, será investido ainda mais no setor de transporte público elétrico. Fazendo com que a população tenha que se desprender dos velhos hábitos criados no início da década por medo de infecção por coronavírus.
Após esses anos, é possível ver uma regressão no número de vendas de veículos, consequência de um mercado limitado. Porém, por mais que as previsões futuras sejam boas, é importante destacar que quando destrinchamos o setor de elétricos em diversos segmentos, percebe-se que nem todos terão um crescimento alto no mercado de VEs. Isso porque muitos modelos possuem problemas de autonomia, como o de veículos pesados (comerciais pesados), fazendo com que seu crescimento seja lento.
Dessa forma, por mais que o mundo esteja em uma crise e o mercado de veículos tenha sido um dos mais impactados, a expectativa ainda é de crescimento para os próximos anos. Consequência de um novo comportamento do consumidor, metas de emissão e de investimentos feitos na área.
Como acha que será o uso de elétricos nos próximos anos? Comente!
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Fontes: Uol, Instituto de Engenharia
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Letícia Nogueira Marques
Estudante de Engenharia de Materiais e Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC e mecânica de produção veicular pelo SENAI Mercedes-Benz; já atuou na área de Facilities com foco em projetos de sustentabilidade para redução de impacto ambiental.