O Sirius é um acelerador de partículas brasileiro que está localizado em Campinas (SP). O laboratório, que é quase do tamanho do estádio Maracanã, foi construído na zona rural da cidade, em um campus do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais).
Inaugurado em 2019, o laboratório brasileiro é de 4ª geração para produção da luz síncroton, podendo então ser comparado apenas ao MAX-IV, da Suécia. Os estudos possíveis no Sirius estão na fronteira do conhecimento físico e permitem escalas mínimas, visualizando níveis elementares de materiais (átomos e moléculas). O acelerador de partículas brasileiro possui a luz mais brilhante do mundo, permitindo zoom de até 500 vezes nas análises.
Neste momento crítico mundial, no qual enfrentamos uma pandemia, a ciência brasileira pode auxiliar nos estudos de investigação do vírus que assola o mundo. Com o grande potencial analítico do Sirius, pesquisadores brasileiros submeteram cristais de proteínas do vírus à análise no acelerador de partículas.
O que foi observado através do Sirius?
Através dos ensaios no Sirius, foi possível observar detalhes da estrutura do coronavírus. O estudo feito até então identificou as posições relativas de cada átomo componente da proteína avaliada.
Os pesquisadores observaram cristais de uma proteína do coronavírus, que é vital no ciclo de vida do Sars-CoV-2. A proteína analisada é chamada de 3CL, e atua na replicação do vírus dentro do organismo infectado.
Identificar essa proteína é importante, pois pode ser um primeiro passo para síntese de drogas que impeçam a proliferação do vírus.
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Este foi o primeiro experimento no acelerador envolvendo o coronavírus. No entanto, existe um processo minucioso de avaliação da pesquisa, que requer milhares de parâmetros para garantia da precisão dos dados. Antes de realizar testes com o coronavírus, foram testados outras proteínas já bem conhecidas.
Além dos teste preliminares, existem também outros trabalhos realizados ao redor do mundo. E isso permite que seja feita uma checagem da qualidade dos resultados obtidos através do Sirius.
Como o Sirius faz isso?
O acelerador é constituído por um enorme anel metálico. Este anel é utilizado como um corredor para circulação de feixes de elétrons. O detalhe é que a velocidade aplicada é tão grande que formam linhas de luzes, que são chamadas luzes síncroton.
Esse feixe de elétrons em grande velocidade funciona como um mecanismo espectroscópico, que permite analisar a estrutura interna de qualquer material.
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Através da interação da luz com a matéria, em efeito proporcionado por radiação eletromagnética, é possível visualizar/revelar a microestrutura da matéria.
Importância dos estudos e do Sirius
Um doss próximos passos do Sirius será a abertura para a comunidade científica brasileira, de modo que pesquisadores possam submeter propostas de pesquisa com o uso do acelerador. As propostas devem ser direcionadas ao estudo da doença, devido ao caráter pandêmico.
É importante lembrar que o Sirius ainda não está com todas as estações de pesquisa liberadas, pois estão em fases de testes. No entanto, até o fim do ano, a expectativa é de disponibilização de mais quatro estações.
Com as novas estações funcionando, a expectativa agora é de estudos inéditos e com possibilidade de obtenção de imagens celulares sem precedentes.
O Sirius permite que os pesquisadores brasileiros estejam na fronteira do conhecimento científico. Desse modo novos estudos deverão beneficiar a ciência brasileira e proporcionar avanços na luta contra o coronavírus.
E você, já conheceu o Sirius? Conta pra gente nos comentários!
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Matheus Alves Martins
Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.