Engenharia 360

RoCycle: o robô de reciclagem que classifica materiais por meio do toque

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por Kamila Jessie
| 18/04/2019 | Atualizado em 06/06/2022 3 min

RoCycle: o robô de reciclagem que classifica materiais por meio do toque

por Kamila Jessie | 18/04/2019 | Atualizado em 06/06/2022
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Caixa de pizza gordurosa, copo de plástico molhado com café, potinho de iogurte melado... E aí? São recicláveis ou lixo mesmo? O que pode e o que não pode ser reciclado é muitas vezes confuso, até porque a resposta depende do tipo de destino que os resíduos têm na cidade e como eles são processados. Nesse contexto, o Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT (CSAIL) está desenvolvendo um robô de reciclagem que classifica, por meio do toque(!), o lixo que pode ser reaproveitado.

Fundamentalmente, este robô de reciclagem, chamado RoCycle,
tem garras suaves e pode pegar objetos de uma esteira e identificar, por meio
do toque, de que são feitos. A principal característica deste robô, portanto,
são seus sensores táteis. A pinça sensorizada é totalmente acionada
eletricamente, sendo capaz de detectar a diferença entre papel, metal e
plástico.

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Robô de reciclagem
Imagem: technologyreview.com

Por que um robô de reciclagem é importante?

De acordo com os pesquisadores que conceberam o RoCycle: "Embora as preocupações ambientais e de sustentabilidade tenham tornado crucial a ampliação das operações de reciclagem, a separação de objetos continua sendo um gargalo crítico para a escalabilidade do processo".  Isso quer dizer que aumentar a proporção das operações de reciclagem é dificultada, pois a dúvida do “é reciclável ou não?” permanece na hora de tomar decisões na separação dos resíduos destinados à reciclagem. O uso de um robô pode tornar essa separação mais acurada e rápida.

Robô de reciclagem
Imagem: technologyreview.com

Continuando, a MIT Technology Review, em um artigo sobre o RoCycle, escreveu "a maneira como classificamos e separamos o lixo precisa melhorar muito". Ainda: "Muitos grandes centros de reciclagem já usam ímãs para retirar metais, e filtros de ar para separar papel de plásticos mais pesados. Mesmo assim, a maior parte da separação ainda é feita à mão. É um trabalho sujo e perigoso".

"A falha em classificar corretamente os materiais para reciclagem leva ao desperdício; nos Estados Unidos, 25% dos materiais recicláveis está tão contaminado, que deve ser destinados a aterros sanitários”. E não é apenas isso! A maioria das instalações ainda emprega grandes quantidades de trabalho manual para classificar objetos que escapam à automação, correspondendo à realidade das cooperativas de reciclagem no Brasil, por exemplo. "Isso pode levar a condições de trabalho inseguras, especialmente em instalações onde o lixo normal é misturado com recicláveis", complementa a equipe de pesquisa.

Como o RoCycle classifica materiais pelo toque?

Os componentes da pinça do robô de reciclagem são um par de
cilindros e sensores capacitivos de pressão e deformação. Sejam copos de papel,
caixas vazias, garrafas de refrigerante etc., os sensores de pressão podem categorizar
o material de um objeto em função de “quanto ele amassa".

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O vídeo abaixo mostra o RoCycle em ação:

Uma aplicação do RoCycle em escala real seria implementá-lo
em locais como prédios, condomínios ou campi universitários, onde haveria
naturalmente uma primeira separação de materiais a ser realizada por pessoas.
(E onde as dúvidas já começam a surgir diante das lixeiras coloridas).

Robô de reciclagem
Imagem: giphy.com

Fontes: A Simple Electric Soft Robotic Gripper with High-Deformation Haptic Feedback; Automated Recycling Separation Enabled by Soft Robotic Material Classification; MIT Technology Review.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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