Durante o mês de maio de 2025, uma notícia já antiga voltou às redes sociais e resgatou a polêmica do assento vertical na aviação comercial. Muitos questionam: qual a razão por trás disso? Seria a busca por reduzir custos e aumentar a capacidade de passageiros em aviões? Bem, certamente! Contudo, ainda podemos admirar este caso da Indústria Aeronáutica; é sempre bom ver a engenharia pensar um pouco fora da caixa – neste caso, fora do assento tradicional.

Estamos falando do conceito inovador e controverso Skyrider 2.0, apresentado pela empresa italiana Aviointeriors, especializada no design de interiores para aeronaves. Trata-se de um assento que permitiria aos passageiros viajarem praticamente em pé, com apoio para pernas, braços e costas, mas sem a possibilidade de sentar-se confortavelmente.

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O que parecia apenas um conceito, depois um experimento distante, já está próximo de ser implementado em voos de curta distância, principalmente por companhias aéreas low cost na Europa. Confira mais sobre essa história no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Aspectos técnicos e de engenharia do Skyrider 2.0

A ideia do Skyrider surgiu ainda nos anos de 2010 como protótipo, retornando agora na versão 2.0 com melhorias, prometendo aumentar a capacidade dos aviões em até 20%, sem alterar o tamanho das aeronaves. A proposta nasceu da necessidade de reduzir custos operacionais de companhias que voam na Europa e América Latina, tendo o modelo número um apresentado na Feira Aircraft Interior Expo, realizada em Hamburgo, na Alemanha.

Em princípio, a intenção é utilizar esses assentos, muito mais leves (50% menos que os convencionais), que ocupam muito menos espaço e têm menor custo de manutenção. Para os passageiros, a única vantagem é que isso também reduziria o valor das passagens.

Skyrider 2.0
Imagem Twitter @thatjon via El País

É claro que, do ponto de vista da engenharia, o Skyrider 2.0 representa uma grande inovação, mas um baita desafio. Afinal, como ficaria o cálculo de peso e combustível das aeronaves? Será que o design seria ergonômico o suficiente para suportar o passageiro em posição vertical? Quais soluções extras precisariam ser desenvolvidas pela engenharia para adaptar tal ideia àquilo que já está em funcionamento? São várias incógnitas!

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Funcionamento do assento vertical Skyrider 2.0

Talvez faça mais sentido para você se, antes de tudo, nós esclarecermos que o Skyrider 2.0 teve seu design inspirado no formato de selas de equitação, com base estreita e rígida. Os passageiros ficariam numa posição semirreta, levemente inclinados para frente, afivelados parcialmente no assento com cintos de segurança. A distância entre as poltronas seria realmente bastante reduzida, algo como 58 cm – significativamente menor que os 71 cm tradicionais em aeronaves como Airbus 321, utilizados por companhias como a Latam.

Skyrider 2.0
Imagem reprodução X via GQ – Globo
Skyrider 2.0
Imagem Twitter @thatjon via El País 2

Até onde se sabe, esse assento seria acolchoado, com um desenho de inclinação próprio para ajustar o passageiro em postura estável durante o voo. A estrutura lateral que prenderia essa poltrona ao teto também ajudaria a distribuir a carga e a garantir a segurança em caso de turbulências. 

Segundo a Aviointeriors, nenhuma norma vigente seria descumprida e qualquer desconforto seria minimizado pela curta exposição, já que o uso do modelo seria limitado apenas para voos de curta duração.

Vantagens para passageiros e companhias aéreas

Talvez, com a utilização do Skyrider 2.0, seja possível aumentar a densidade de passageiros em um voo sem aumentar o tamanho da aeronave. A perspectiva é uma nova configuração que possa acomodar até 20% mais passageiros, o que significaria um aumento considerável na receita das companhias aéreas –  por exemplo, um Airbus 321, que normalmente transporta 240 pessoas, levaria até 288. Sem contar que a redução do peso dos acentos impactaria diretamente no consumo de combustível, o que, como já comentamos antes, resultaria em passagens mais baratas para os consumidores. 

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Agora, diga aí: até onde será que estamos dispostos a abrir mão do conforto para pagar passagens aéreas mais baratas? Apesar de os assentos Skyrider 2.0 serem descritos como “confortáveis” por alguns engenheiros da Aviointeriors, aqueles que já testaram protótipos garantem que a experiência não é tão positiva assim. Especialistas em ergonomia questionam a viabilidade de um assento que compromete o conforto físico e emocional durante voos.

O que não se sabe:

  • Como seria feita a evacuação em caso de emergência com tantos passageiros tão próximos?
  • Onde os passageiros poderiam armazenar mochilas e bolsas com menos espaço disponível?
  • O desconforto, como joelhos encostando no banco da frente, seria suportável durante o voo?
  • Ficar em pé ou quase em pé por duas ou três horas pode causar dores e problemas circulatórios?
  • A proximidade dos assentos e a posição vertical comprometem a segurança em emergências?
  • Esse tipo de assento pode aumentar a desigualdade de conforto dentro da mesma aeronave?

O futuro das viagens aéreas com assentos verticais

A empresa Aviointeriors realmente acredita que o Skyrider 2.0 será a próxima fronteira para passagens aéreas de baixo custo, democratizando o acesso ao transporte aéreo. Mas será mesmo? 

É difícil responder essa pergunta. Recentemente, uma pesquisa realizada revelou que 42% dos entrevistados aceitavam voar dessa maneira em troca de uma redução no valor da passagem. Isso demonstra que, a depender da situação, as pessoas estão dispostas a colocar o custo-benefício acima do conforto. Realmente, podemos considerar que estamos diante do início de uma nova era na aviação comercial; uma era em que menos espaço e mais pessoas definem um novo padrão da classe econômica.

Fato é que o custo dos combustíveis está cada vez mais alto, ainda há as questões ambientais e econômicas em jogo, sem contar o aumento do preço das operações das companhias e a demanda por viagens econômicas. Caso a ideia do assento vertical seja aprovada pelas autoridades aeronáuticas, será que as companhias vão se importar com o aceite ou recusa do público em geral? Fica a reflexão!

Veja Também: Assentos em aviões de 2 andares


Fontes: VEJA, El País, IstoÉ Dinheiro, InfoMoney.

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