O que um fazendeiro da Nova Zelândia e uma escola no interior do Piauí têm em comum? Ambos puderam se conectar à internet através do Project Loon, desenvolvido originalmente pela Google, em que o sinal de internet é transmitido através de uma rede de conectividade criada a partir de balões. O funcionamento, que a princípio parece bem irreal, possibilitaria a transmissão do sinal a áreas rurais e mais remotas, não se limitando exclusivamente à dependência de instalação de novas torres de celular, por exemplo.
Entenda o Project Loon
Os balões, que chegam aos 15 metros de diâmetro e atingem os 20.000 metros de altitude (acima, portanto, da rota dos aviões comerciais), contam com equipamentos como antenas de rádio, computadores de voo e sistemas de controle. O objetivo é fazer com que os balões, após levantarem voo, formem uma rede flutuante, com um sistema de transmissão de informações entre cada um, ponto a ponto. Cada balão emite o seu sinal com alcance de quilômetros e os testes constantes visam justamente o aumento da área abrangida pelo sinal da rede de balões flutuantes, com um aumento sucessivo da distância entre cada um dos balões, sem perder a eficácia da comunicação entre eles.
As primeiras ideias sobre este modo de garantir o sinal de internet a áreas mais distantes foram em 2011. Dois anos depois, um dos balões do projeto completou uma volta ao redor do mundo em 22 dias. Em 2014, o projeto superou os 3 milhões de quilômetros percorridos pelos balões e, ao longo dos anos seguintes por meio dos testes foi possível aprimorar as bases de lançamento dos balões - a que foi utilizada em Porto Rico podia fazer o lançamento em 30 minutos apenas - bem como fazer os ajustes necessários.
Até o momento os balões foram usados em situações de emergência, como após enchentes no Peru ou o furacão em Porto Rico, e em testes como nos casos citados, na primeira conexão com sucesso em 2013, através de antena instalada no telhado da casa de um morador da zona rural de Canterbury, Nova Zelândia, e também em escola da cidade de Campo Maior, no Piauí.
Aliás, este município brasileiro foi escolhido estrategicamente para o lançamento dos balões, pois a região Nordeste é ainda a que menos tem acesso à internet no país, com muitas áreas remotas em que as formas de transmissão tradicionais não chegam – em Campo Maior apenas a região central do município consegue acessar a internet, ao contrário da parte rural.
Em Campo Maior foi possível utilizar a internet durante a aula de geografia, por uma hora, através de sinal transmitido pelos balões. Foi a primeira vez que se utilizou conexão do sistema LTE (Long Term Evolution ou 4G).
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Avanços do Project Loon em 2018
Nos últimos meses, o anúncio da Alphabet, holding da Google, é de que sete balões conseguiram transmitir o sinal de internet a uma distância de 1.000 quilômetros. Antes, o alcance era de 100 quilômetros.
Outro avanço foi o aumento da distância entre os balões, que alcançou 600 quilômetros, número que superou a marca anterior, também de 100 quilômetros.
Em 2018 também foi anunciado, sobre o projeto, que um acordo foi fechado para levar a internet, através dos balões, ao Quênia. O acordo foi firmado entre a Alphabet e a empresa local Telkom Kenya, provedora de telecomunicações, que irá disponibilizar o sinal de internet, o qual será levado às áreas mais remotas através dos balões do Project Loon.
Conforme o desenvolvimento dos testes, e a cada ajuste de maneira a tornar mais acurado cada detalhe do projeto e mais fina a comunicação entre cada balão, o objetivo é mostrar que o projeto vai corresponder às expectativas, como alternativa para o fornecimento do acesso à internet às áreas mais remotas do planeta, com qualidade e eficiência. No Piauí, por exemplo, houve casos de balões que caíram fora do local programado, sendo o vento forte apontado como a causa, o que faz necessário haver testes constantes até a comercialização. O Google deseja iniciar a cobrança pelo serviço este ano.
Fontes: Loon, Tek Sapo, Medium, Canal Tech, TecnoBlog.
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Luciana Reis
Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com experiência como jornalista freelancer na produção de conteúdo para revistas e blogs.