O metanol, também chamado de álcool metílico, é um composto químico — fórmula CH₃OH — simples e amplamente utilizado na indústria. Trata-se de um líquido incolor, volátil e inflamável, com odor levemente adocicado. Infelizmente, porém, sua toxicidade é capaz de gerar grandes tragédias, como a crise sanitária e de segurança pública testemunhada no Brasil entre os meses de setembro e outubro de 2025. Aprofundamos o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360.


O que o metanol está causando no Brasil?
O metanol vem causando sérios problemas no Brasil, sobretudo por ser utilizado em adulterações criminosas de combustíveis e bebidas alcoólicas. Segundo investigações policiais, facções criminosas estão misturando o composto na gasolina e etanol vendidos em postos, visando baratear custos e enganar consumidores. Em alguns casos, o percentual chegou a 90% da mistura, o que prejudica a performance dos veículos, causa danos mecânicos sérios e traz riscos à saúde da população. Vale lembrar que o limite legal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) é de apenas 0,5%.

Também foram apontadas falsificações de bebidas, sendo que várias capitais já registraram mortes por intoxicação por metanol. Diante disso, o Ministério da Saúde chegou a emitir alerta.

O corpo humano não sabe lidar com metanol! Ao ser ingerido, o fígado o transforma em formaldeído e ácido fórmico, duas substâncias altamente tóxicas. O resultado é devastador!
Pessoas intoxicadas podem sentir, em um primeiro estágio, insuficiência respiratória, visão turva, dor de cabeça intensa, náuseas e perda de consciência.
Qualquer suspeita de intoxicação deve ser considerada uma emergência médica, precisando de atendimento imediato! Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001).
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Qual a diferença entre etanol e metanol?
Na teoria química, etanol e metanol são como dois primos próximos. Na prática, estão em extremos opostos quando o assunto é segurança e aplicação.
Para começar, o etanol é um álcool etílico, derivado da fermentação do açúcar da cana-de-açúcar e outras plantas, como o milho. É bastante usado como biocombustível renovável, de baixo impacto ambiental, e está presente em bebidas alcoólicas, sendo considerado seguro para consumo humano em doses moderadas.
Já o metanol é tradicionalmente produzido a partir do gás natural (metano) ou do carvão, em um processo químico de alta pressão e temperatura. Possui 25% menos energia por litro que o etanol, o que significa menor rendimento em motores. É poluente e corrosivo, capaz de danificar severamente peças de borracha e plástico nos veículos, podendo derreter velas de ignição e até queimar válvulas. E, para completar, é altamente tóxico para humanos e animais.
Metanol cinza, azul e verde
O metanol pode ser classificado conforme o impacto ambiental de sua produção:
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- Metanol cinza: produzido com metano ou carvão, é altamente poluente e não renovável.
- Metanol azul: fabricado a partir do gás natural com captura de carbono, reduzindo emissões mas ainda dependente de fósseis.
- Metanol verde: produzido a partir de hidrogênio verde e CO2 capturado da atmosfera, considerado neutro em carbono e visto com uma aposta promissora para o futuro dos combustíveis limpos.
Para que o metanol é usado na engenharia?
Na engenharia, o metanol tem um papel importante como matéria-prima e insumo em várias indústrias. Por exemplo, ele é usado para fabricar formaldeído, essencial para resinas, plásticos, adesivos e isolantes térmicos e elétricos. Também para a fabricação de biodiesel e combustíveis marítimos, além de tintas, revestimentos e embalagens, com partículas fixadoras e agentes de ligação. Mas apesar do seu potencial, exige extremo cuidado.
O metanol chegou a ser utilizado pela engenharia automotiva como combustível oficial da Fórmula Indy até 2022, devido à sua alta octanagem. Porém, apesar de garantir seu alto desempenho, era instável, corrosivo e perigoso em caso de acidentes — suas chamas são invisíveis a olho nu. Por isso, acabou substituído por etanol 100% renovável.
Quais os cuidados essenciais com o metanol?
O manuseio do metanol exige extremo cuidado. O líquido não deve ser inalado, ingerido nem queimado, pois apresenta alto risco à saúde e à segurança.
Em laboratórios, indústrias ou postos de combustíveis, o profissional responsável deve utilizar equipamentos de proteção individual adequados. Além disso, o metanol deve ser armazenado conforme as normas de segurança, em locais afastados de fontes de calor e faíscas. No Brasil, a ANP é o órgão responsável por regulamentar seu transporte e armazenamento.

Fique ligado! Antes de utilizar o metanol, é fundamental compreender o que ele é, suas aplicações e os cuidados que exige. Nas mãos certas, ele é um pilar da indústria química moderna e pode até ajudar na transição verde. Nas mãos erradas, vira arma química contra a saúde, o meio ambiente e até o motor do seu carro.
Fontes: Gazeta do Povo, Agência Brasil, Governo Federal, G1.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.
