Uma grande tendência mundial em urbanização é a criação de parques ou distritos tecnológicos - incubadoras, aceleradoras, arranjos geográficos para inovação. O mais famoso deles hoje em dia é, certamente, o Vale do Silício - abrangendo 28 cidades da Califórnia -, nos Estados Unidos. Essa é uma estratégia bastante comum na contemporaneidade para o redesenho das cidades - bem sustentável, com excelente mobilidade e mescla de uso dos espaços - para poderem ser mais atrativas em termos de capital econômico, atraindo instituições de ensino, jovens estudantes, cientistas talentosos, empreendedores e empresas de primeira linha.
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Novo maior distrito tecnológico do mundo
O escritório de arquitetura URB está projetando simplesmente o maior distrito tecnológico urbano do mundo, o Urban Tech Hub. Ele deverá acontecer ao longo do Al Jaddaf Creekside, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, numa área somando 140.000 metros quadrados. E deverá ajudar a cidade na transição para atingir metas de programas e práticas verdes como carbono líquido zero. Seu design inteiro será biofílico, com detalhes especiais para promover o bem-estar de todos. Por exemplo, espaços de agricultura urbana, fazendas solares, recursos de design passivos e sensores de luz e temperatura.
Outros distritos tecnológicos já finalizados
Um dos primeiros distritos tecnológicos no mundo são o de Boston e o de Barcelona, dois polos de inovação e criatividade. Especialmente a cidade espanhola foi reconfigurada no final dos anos de 1990 e transformada para as Olimpíadas de 1992. Parte dos setores industriais decadentes foram convertidos em novos bairros residenciais, e outros em áreas de economia do conhecimento. Na mesma linha, talvez tomando este projeto como inspiração, fez Buenos Aires, na Argentina, e Pernambuco, no Recife.
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Claro que vale destacar que cada um desses distritos reflete o contexto e as condições locais! Também que nenhum bom desenho arquitetônico funcionará se não tiver por trás políticas de governança, bons ambientes regulatórios, mecanismos que incentivam empreendedorismo que permitam acesso ao capital, e mais.
A saber, um texto da UNISC ressalta que "o caso de Bilbao inaugurou uma forte polêmica em torno de projetos e operações urbanas de múltiplas escalas, integradas a um planejamento metropolitano e regional e fundamentadas por uma reestruturação econômica. À diferença da recuperação urbana dos anos 2000, motivada por megaeventos esportivos, promoção da cultura e obras emblemáticas visando recuperar a imagem das cidades e as inserir prioritariamente em circuitos econômicos internacionais com ênfase no turismo, atualmente uma visão policêntrica procura desenvolver a especialização produtiva da capital sem perder a relação com municípios delas distantes até 45 minutos, pautada pelo plano Bilbao Biscaia Next.".
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O que queremos dizer é que cada caso de planejamento de distrito tecnológico não pode ser encarado como igual e nem imutável. Na verdade, com o passar dos anos, é preciso repensar a própria cidade já transformada. Todavia, pode ter certeza que esses processos de regeneração urbana podem ajudar os municípios a superarem declínios, usar capital para o desenvolvimento de regiões, além de diversificar atividades e localizações produtivas.
São outras boas referências de distritos industriais pelo mundo:
- O bairro de Londres conhecido como Silicon Roundabout.
- Áreas de Berlim, na Alemanha; Paris, na França; Austin e Boston, nos Estados Unidos; Haifa, em Israel; Shenzhen, na China; Kendall Square, em Cambridge, na Inglaterra
- Zona estratégica entre Suécia e Dinamarca.
- A cidade de Odense, na Dinamarca, sediando o estaleiro da Maersk Group.
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Locais com potencial para criação de distritos tecnológicos
Aqui no Brasil, existem outras cidades com potencial para o desenvolvimento de distritos industriais. Por exemplo, São Paulo, São José do Rio Preto e São Carlos. Quais motivos? Histórico de atração, inserção global de indústrias intensivas em tecnologia, interesse de empresários, localização no país, além de escolas, unidades bancárias, indústrias e mais existentes.
Aliás, São José dos Campos, em São Paulo, tem instituído desde 2006 seu Parque Tecnológico. São 188 mil metros quadrados de infraestrutura. Hoje há, na região, centenas de empresas instaladas, além de startups, escritórios, instituições de ensino e pesquisa, residências e mais - com destaque para o cluster aeroespacial brasileiro
Referências
Voltando a falar de Recife, mais precisamente do seu centro histórico. Essa é uma das melhores referências de distritos tecnológicos do Brasil, um caso bem-sucedido, que conseguiu transformar uma área degradada, atrair empresas e investimentos, gerar empregos, elevar a renda local e estimular o nascimento de empreendedores. São 138 mil metros quadrados de imóveis já restaurados.
E mais para o sul, Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, município conhecido como "Vale da Eletrônica", com 150 empresas do setor, também é conhecido como distrito tecnológico. O interessante é que o local recebeu, com o tempo, atenção especial de escola de eletrônica, gestão, tecnologia e educação. E os talentos formados estão justamente preenchendo as vagas dessas empresas. Fica o bom exemplo de que prosperidade econômica começa dentro da sala de aula!
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Fontes: Blog Canal da Engenharia, Porto Digital, Fapesp, Somos Cidade.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.