Você já parou para pensar como seria a sua vida sem a internet? Já pensou como seus avós, e talvez seus pais ou você mesmo, faziam uma pesquisa para a escola? Se você sentiu uma depressão só de pensar em gastar horas procurando informações em livros e jornais, saiba que várias mulheres estão por trás do desenvolvimento da internet. Uma delas é Radia Perlman, conhecida como a mãe da internet. Ela faz parte da nossa série de texto sobre mulheres que mudaram a engenharia e a ciência.
+ Quem foi Radia Perlman?
Radia Joy Perlman nasceu em 1951, nos Estados Unidos. Ela cresceu nas proximidades de New Jersey e o que não faltava em sua vida era influência. Seus pais trabalhavam como engenheiros para o governo dos EUA. Enquanto o pai trabalhava com radares, a mãe era matemática e trabalhava como programadora de computadores. Assim, Radia Perlman cresceu tendo a matemática e a ciência como coisas fascinantes.
Radia Perlman foi a única mulher em sua turma de programação e foi naquelas aulas que descobriu sua vocação para computadores. Ela ingressou em um grupo do MIT e conheceu os protocolos de rede. Então, graduou-se e fez mestrado em matemática e doutorado em ciência da computação.
Em 1971, Radia Perlman obteve um emprego no LOGO Lab no MIT Artificial Intelligence Laboratory. Ela criou uma versão educativa da linguagem LOGO chamada TORTIS (toddler’s Own Recursive Turtle Interpreter System). Ainda, investiu um bom tempo em ensinar crianças a programar.
Além disso, ela é autora de livros e trabalhou como engenheira de redes para a Sun Microsystems (atualmente Oracle). Felizmente, Radia Perlman ainda faz parte do mundo dos vivos.
+ Como Radia Perlman mudou a engenharia e a ciência?
A invenção mais famosa de Radia Perlman é o spanning-tree protocol (STP). Ele é fundamental para a operação de bridges de rede. Em 1984, ela foi encarregada de criar um protocolo simples que permitissem que as bridges de rede localizassem loops em uma rede local (Local Area Network – LAN). Era preciso que tal protocolo usasse uma quantidade constante de memória, independentemente do tamanho da rede. Porém, os loops, que permitiam que mais de um caminho levasse ao mesmo destino, poderiam levar ao colapso da rede.
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Assim, Radia Perlman criou um protocolo de rede para que as bridges de dentro da LAN se comunicassem. O algoritmo implementado nas bridges fez com que uma bridge raiz fosse encontrada. De tal modo, determina-se um caminho mais curto para a bridge raiz e os outros caminhos redundantes são desativados. O protocolo foi padronizado como 802.1d pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE).
Prêmios e reconhecimentos
Ainda, Radia Perlman fez grandes contribuições para outras áreas de redes e inventou o protocolo TRILL para corrigir as deficiências do STP. As patentes em seu nome somam mais de 100.
Radia Perlman também recebeu vários prêmios pelas suas invenções e pela influência. Em 2014, ela entrou para o Internet Hall of Fame e, em 2016, para o National Inventors Hall of Fame.
Para Radia Perlman, ser a única mulher em meio a vários homens era algo normal. Ela teve que se acostumar com a situação, visto que era final dos anos 60 e a computação, além de ser uma área relativamente nova, tinha muito mais homens que mulheres (não que hoje a situação seja diferente, os homens ainda são maioria nessa área).
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Além disso, desde cedo, ela foi pioneira no ensino de programação para as crianças, algo que já mostramos que é muito importante para o desenvolvimento lógico. Assim, ainda hoje, Radia Perlman é um ícone da história da internet (no sentido literal) e merece seu reconhecimento.
Referências: Interesting Engineering; Internet Hall of Fame; Lemelson-MIT.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.