No ano passado, dois satélites foram lançados para Marte pela NASA: MarCO A e MarCO B. Esses dois, de tão "cativantes", foram carinhosamente apelidados de Wall-E e Eve. O objetivo era que esses satélites do tipo CubeSats protegessem a InSight, uma espaçonave que aterrissou no planeta vermelho em novembro.
![Missão MarCO: entenda como dois pequenos satélites foram essenciais para a NASA MArCO Nasa Marte](https://engenharia360.com/wp-content/uploads/2019/03/marCO-nasa-marte-engenharia360-3-1024x576.jpg)
Esses pequenos satélites são usados por várias entidades como uma forma mais acessível de observação do céu. Porém, eles nunca viajaram para tão longe. Quando a InSight aterrissou, foram eles que reportaram o feito. Isso mostra como podem influenciar as viagens espaciais e, quem sabe, estrelarem suas próprias missões.
O fato é que a missão MarCO (abreviação para Mars Cube One) surpreendeu os engenheiros da NASA, que não esperavam que tudo desse tão certo. Os CubeSats coletaram informações rapidamente e forneceram cerca de 97% dos dados da InSight. Ainda, ter os dois satélites destinados para cuidar disso eliminou a preocupação com o posicionamento dos outros satélites que poderiam realizar o serviço. Porém, um mês depois da chegada a Marte, a agência perdeu o contato com os dois satélites. A expectativa é de que ela talvez retome o contato, mas, por enquanto, eles estão vagando em algum lugar do sistema solar.
MarCO em um longo caminho para Marte
Apesar de terem sido essenciais, a missão MarCO foi cancelada várias vezes. Isso porque os satélites não teriam um papel vital na missão InSight. O argumento da equipe responsável pelo projeto foi de que o custo era baixo (18 milhões de dólares) e compensava o investimento. A questão era que, se tudo corresse bem, isso seria uma prova de que espaçonaves simulares poderiam fornecer suporte a outras grandes missões e, além disso, fazer suas próprias missões.
Antes de tudo, foi preciso construir modelos 3D e planejar a melhor forma de construção dos equipamentos. O baixo orçamento resultou na necessidade de fazer improvisos (também chamados de gambiarras). Os MarCOs funcionam com energia solar e o combustível é fluido de extintor de incêndio. O rádio é parecido com o que pode ser encontrado em um iPhone.
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O percurso até Marte foi duro. Durante os seis meses, os dois perderam o contato com a Terra algumas vezes. MarCO B, por exemplo, teve um problema de vazamento de combustível e começou a girar pelo espaço. Porém, quando menos se esperava, o controle foi retomado. Um dia antes do pouso, MarCO B tornou a perder o contato e só voltou na hora. Entre apertos e alívios, os dois funcionaram de forma comportada durante os 7 minutos de terror da aterrissagem da InSight, para a alegria dos engenheiros.
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A porta para o futuro
Como os CubeSats são mais baratos que grandes espaçonaves, uma ideia é usá-los como cobaias para experimentos incertos, como estudar a atmosfera de Vênus (aquela cheia de gás carbônico e nuvens ácido sulfúrico) ou fazer a escolta de outras naves em busca de vida em outros planetas. Porém, para que essas missões não sejam suicidas, é preciso preparar os satélites cobaias. Por exemplo, é necessário fazer adaptações para cada ambiente específico. Isso também significa aumento do custo e é nesse ponto que a Engenharia é desafiada.
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Entretanto, os engenheiros já mostraram que o desafio foi aceito. Enviar os MarCOs para Marte foi um deles e esse fato abriu várias possibilidades. Um exemplo é o sistema de comunicação, que precisou ter um custo muito mais barato que o normalmente utilizado.
Assim, o MarCO mostra que é uma prévia do que está por vir. Vale lembrar que o novo não necessariamente será algo bom, mas será algo diferente. Então, o infinito e além, Engenharia!
Fontes: NASA; The New York Times.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.