No ano passado, dois satélites foram lançados para Marte pela NASA: MarCO A e MarCO B. Esses dois, de tão "cativantes", foram carinhosamente apelidados de Wall-E e Eve. O objetivo era que esses satélites do tipo CubeSats protegessem a InSight, uma espaçonave que aterrissou no planeta vermelho em novembro.
Esses pequenos satélites são usados por várias entidades como uma forma mais acessível de observação do céu. Porém, eles nunca viajaram para tão longe. Quando a InSight aterrissou, foram eles que reportaram o feito. Isso mostra como podem influenciar as viagens espaciais e, quem sabe, estrelarem suas próprias missões.
O fato é que a missão MarCO (abreviação para Mars Cube One) surpreendeu os engenheiros da NASA, que não esperavam que tudo desse tão certo. Os CubeSats coletaram informações rapidamente e forneceram cerca de 97% dos dados da InSight. Ainda, ter os dois satélites destinados para cuidar disso eliminou a preocupação com o posicionamento dos outros satélites que poderiam realizar o serviço. Porém, um mês depois da chegada a Marte, a agência perdeu o contato com os dois satélites. A expectativa é de que ela talvez retome o contato, mas, por enquanto, eles estão vagando em algum lugar do sistema solar.
MarCO em um longo caminho para Marte
Apesar de terem sido essenciais, a missão MarCO foi cancelada várias vezes. Isso porque os satélites não teriam um papel vital na missão InSight. O argumento da equipe responsável pelo projeto foi de que o custo era baixo (18 milhões de dólares) e compensava o investimento. A questão era que, se tudo corresse bem, isso seria uma prova de que espaçonaves simulares poderiam fornecer suporte a outras grandes missões e, além disso, fazer suas próprias missões.
Antes de tudo, foi preciso construir modelos 3D e planejar a melhor forma de construção dos equipamentos. O baixo orçamento resultou na necessidade de fazer improvisos (também chamados de gambiarras). Os MarCOs funcionam com energia solar e o combustível é fluido de extintor de incêndio. O rádio é parecido com o que pode ser encontrado em um iPhone.
O percurso até Marte foi duro. Durante os seis meses, os dois perderam o contato com a Terra algumas vezes. MarCO B, por exemplo, teve um problema de vazamento de combustível e começou a girar pelo espaço. Porém, quando menos se esperava, o controle foi retomado. Um dia antes do pouso, MarCO B tornou a perder o contato e só voltou na hora. Entre apertos e alívios, os dois funcionaram de forma comportada durante os 7 minutos de terror da aterrissagem da InSight, para a alegria dos engenheiros.
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A porta para o futuro
Como os CubeSats são mais baratos que grandes espaçonaves, uma ideia é usá-los como cobaias para experimentos incertos, como estudar a atmosfera de Vênus (aquela cheia de gás carbônico e nuvens ácido sulfúrico) ou fazer a escolta de outras naves em busca de vida em outros planetas. Porém, para que essas missões não sejam suicidas, é preciso preparar os satélites cobaias. Por exemplo, é necessário fazer adaptações para cada ambiente específico. Isso também significa aumento do custo e é nesse ponto que a Engenharia é desafiada.
Entretanto, os engenheiros já mostraram que o desafio foi aceito. Enviar os MarCOs para Marte foi um deles e esse fato abriu várias possibilidades. Um exemplo é o sistema de comunicação, que precisou ter um custo muito mais barato que o normalmente utilizado.
Assim, o MarCO mostra que é uma prévia do que está por vir. Vale lembrar que o novo não necessariamente será algo bom, mas será algo diferente. Então, o infinito e além, Engenharia!
Fontes: NASA; The New York Times.