Por volta do ano de 1600, Galileu Galilei, após algumas experiências, desenvolveu um equipamento capaz de ampliar a visão em 30 vezes, um telescópio superior a qualquer outro fabricado naquela época.
Ao apontar o instrumento para o céu, o cientista italiano fez descobertas que revolucionaram os estudos astronômicos. Galileu mostrou que a Lua não possui uma superfície lisa, mas sim montanhas e vales. Descobriu também quatro luas de Júpiter, além de ter sido um dos primeiros a perceber a existências de manchas solares. E, desde então, a Astronomia avançou exponencialmente, sempre acompanhada do desenvolvimento tecnológico.
Os primeiros telescópios conseguiam observar apenas a luz visível – frequências do espectro eletromagnético que nossos olhos conseguem enxergar. Mas, hoje, existem equipamentos capazes de monitorar praticamente qualquer frequência de onda – um exemplo é o famoso Telescópio Espacial Hubble.
Projetado nos anos de 1970 e 1980, Hubble foi lançado em 1990 e proporcionou uma revolução na Astronomia. Ao observar comprimentos de ondas que vão desde ultravioleta, passam pela luz visível e chegam até partes do infravermelho, esse telescópio transformou o universo “escuro” em um universo “colorido”.
As imagens produzidas pelo Hubble forneceram informações do nosso sistema solar e do universo quando ele tinha apenas alguns milhões de anos de idade. A precisão na formação das imagens do Hubble é tão impressionante que é possível enxergar uma bola de futebol a 51 quilômetros de distância. E, a saber, desde que começou a funcionar, mais de 18 mil artigos relacionados às suas observações já foram publicados.
Evento histórico
Diversos telescópios já foram lançados desde então, com as mais variadas finalidades. E no dia 24 de dezembro de 2021, presenciaremos um marco na Astronomia: James Webb, o sucessor do Hubble, foi finalmente lançado!
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A expectativa é alta para o mais potente telescópio criado pela humanidade. Com ele, a NASA estudará as primeiras estrelas e galáxias que se formaram; o nascimento de sistemas planetários; e até mesmo a origem da vida. Mas o que ele tem de tão especial? Continue lendo este texto para entender!
A estrutura de James Webb
O recém-lançado telescópio é formado por um espelho dividido em 18 hexágonos de berílio – um metal bastante leve, utilizado em veículos espaciais. Essa superfície refletora ainda conta com uma camada de ouro que aumenta a captação da luz infravermelha – comprimento de onda observado pelo telescópio. Esses segmentos são móveis e quando são colocados na posição adequada, atingem um diâmetro de 6,5 metros, ou seja, 2,7 vezes maior do que o espelho de Hubble.
Observações no infravermelho
Todo corpo que possui temperatura emite luz infravermelha. Os desenvolvedores da NASA com a Agência Espacial Europeia (ESA) tiveram, então, o desafio de baixar ao máximo a temperatura de James Webb para que sua emissão de infravermelho não atrapalhasse as medições. Para isso, todo o equipamento é resfriado próximo do 7 Kelvin (-266,15ºC) e possui um escudo que o protege da radiação do Sol, da Terra e da Lua.
Outra diferença com o Hubble é que James Webb estará a uma distância de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, enquanto seu antecessor está a “apenas” 570 quilômetros. O esforço de levar o telescópio até essa distância é compensado, pois, dessa forma, a atmosfera terrestre não irá atrapalhar as medições desviando a luz em função da gravidade.
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Desafio para os astrônomos
Transportar James Webb por uma distância maior do que a Lua até a Terra não é tarefa fácil. Cada detalhe foi exaustivamente calculado para que o telescópio de 10 bilhões de dólares não sofra nenhum dano.
Depois do lançamento, ele deve viajar dentro da espaçonave Ariane 5 com todos os seus espelhos dobrados. Quando chegar ao seu destino, aos poucos, irá se abrir até atingir o formado principal. Nessa etapa, não pode haver erro, pois é impossível ir até o telescópio para consertá-lo, algo que a NASA faz com o Hubble.
O que esperar do telescópio?
Sem dúvidas, o lançamento foi o maior evento astronômico nos últimos 30 anos! As observações no infravermelho nos permitirá coletar dados de objetos absurdamente distantes, isso porque esse comprimento de onda consegue atravessar objetos muito pequenos, incluindo poeira espacial.
A Humanidade conseguirá obter informações sobre o Universo jovem, com apenas alguns milhões de anos. Além disso, é possível que encontremos diversas pistas sobre a formação da vida.
Acompanhar esse lançamento é um privilégio que vamos levar na memória. Por muitos anos James Webb fornecerá dados importantes para o desenvolvimento tecnológico e respostas para questionamentos que ainda nem fizemos.
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Fontes: NASA, NovaEscola
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Comentários
Rafael Panteri
Estudante de Engenharia Elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia, com parte da graduação em Shibaura Institute of Technology, no Japão; já atuou como estagiário em grande conglomerado industrial, no setor de Sistemas Elétricos de Potência.