A região Amazônica possui água em abundância. No entanto, boa parte dessa água não recebe tratamento, principalmente a utilizada nas áreas mais isolada.
Pode não parecer para nós, que estamos tão acostumados com a água tratada, mas a falta de tratamento é um problema sério e responsável pela morte de milhares de crianças espalhadas pelo mundo. Baseados nesse fato, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desenvolveram o Ecolágua, um purificador de água por meio de raios ultravioleta e movido a energia solar.
A capacidade do Ecolágua é de purificar até 400 litros de água por hora. O aparelho está sendo implantado em comunidades e também em aldeias indígenas que retrataram casos de morte por ingestão de água contaminada na região amazônica. Nesses locais também não há energia elétrica, de forma que é necessário que o aparelho funcione com energia solar.
A eficiência é de eliminação de até 99,5% das bactérias e fungos da água dos rios por meio de uma lâmpada de luz ultravioleta. A lâmpada fica no interior de um tubo metálico e, quando a água passa por ele, recebe o ultravioleta e sai desinfetada. No entanto, não garante eliminação de metais pesados.
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O processo é como o SODIS, que nós já mostramos aqui no BDE. Porém, no processo convencional de SODIS é necessário que a água fique exposta durante um tempo considerável aos raios ultravioletas do sol. No Ecolágua, a lâmpada simula o sol e o processo é bem mais rápido. Há uma bateria que acende a luz e ela é recarregada por energia solar.
O Ecolágua funciona acoplado a uma caixa de água e a um painel solar. O aparelho consiste em uma caixa metálica de, aproximadamente, 13kg. O custo do sistema é de dois mil reais, incluindo o painel solar e o filtro. A duração da lâmpada e da bateria é, em média, de três a quatro anos.
O problema da engenhoca é que, para funcionar efetivamente, a água precisa ser translúcida, ou seja, não pode haver turbidez, de forma que a luz atravesse e cumpra seu papel. Na região Amazônica, o Rio Negro, por exemplo, recebe esse nome não é em vão, mas porque suas águas realmente são de coloração escura. Para amenizar o problema, é possível acoplar filtros ao Ecolágua de forma que os sedimentos fiquem retidos, como o barro, por exemplo, permitindo melhor eficiência. Os primeiros aparelhos receberam filtros convencionais, mas o INPA já está estudando um filtro natural feito com PVC e sementes de plantas.
O Ecolágua foi lançado oficialmente durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2014. Atualmente, algumas ONGs já pretendem levar o purificador para países africanos que também sofrem com o problema de mortes decorrentes da falta de tratamento de água.
Referências: INPA; NatGeo; G1, LEMNews.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.