A gente está ciente da existência de diferentes modelos de drones, que atendem uma série de finalidades que o mercado demanda: desde o recente uso militar, até aqueles drones recreativos, que permitem que tiremos umas fotos legais. Agora nós vamos falar sobre a inclusão desses veículos aéreos não tripulados na agricultura.
Processo de regulamentação de drones na agricultura
Durante seu boom,
há aproximadamente dois anos, deu-se início o uso de drones na pulverização de
agrotóxicos em algumas culturas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil. Contudo, o emprego desses veículos aéreos não tripulados ainda está em
processo de regulamentação, com um viés favorável voltado para evitar a deriva,
isto é, a perda de produto que acontece no lançamento aéreo de agrotóxicos e
com um desfavorável relacionado à competição com aviões agrícolas.
Há quem diga que os drones serão um complemento, mais direcionado, devido ao fato de comportarem volumes menores de produtos, enquanto aviões seguirão fundamentais para a cobertura de áreas maiores. Dados do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SIDAG) indicam que o Brasil tem a segunda frota aeroagrícola do mundo, correspondente a 2.182 aviões e 12 helicópteros. Por outro lado, é vetada na União Europeia, desde 2009, a pulverização aérea de pesticidas, seguindo o argumento de risco de contaminação ao ambiente, trabalhadores rurais e moradores, a menos em casos excepcionais.
Desenvolvimento de drones para o campo
Enquanto não são colocadas definições legais sobre o uso de drones na agricultura, está ocorrendo fomento em pesquisa (para avaliar aplicabilidade e eficiência) e demandas de mercado que façam a coisa acontecer. Isso coloca um panorama interessante para o pessoal da Engenharia Agrícola observar e se posicionar.
São levantadas questões de custo que podem ser associadas
desde perdas de produtos até gastos com combustíveis, enquanto drones operam
com baterias. Além disso, que tipo de áreas são acessíveis a drones e não a
aviões, autonomia de voo, dentre outros temas que mostram que o agronegócio voa
(trocadilho intencional) em direção aos avanços tecnológicos.
Pulverizando a pesquisa brasileira com drones
Instigado por essa demanda de drones na agricultura, o grupo
de pesquisa do professor Jó Ueyama, do Instituto de Ciências Matemáticas e de
Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), depositou dois pedidos de
patentes relacionados ao tema. Os projetos tiveram apoio da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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Dessas duas patentes, a primeira se refere a um sistema
inteligente e autônomo de pulverização de agroquímicos com drones e como
monitorar a aplicação. A outra, se refere a um sistema que pulveriza material
para controle biológico de pragas.
Questões paralelas
Enquanto a gente fica animado com a perspectiva de drones na agricultura, também vale apontar a questão do uso exagerado de defensivos agrícolas e pesticidas. O cenário de poluição relacionado a agrotóxicos pode ser assustador, de forma que a otimização da aplicação desses produtos é algo que todo mundo está buscando.
Referências:
Provendo uma maior inteligência em IOTS: abordagens e aplicações em sensores, VANTs e smartphones (nº 15/21642-6); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador Responsável Jó Ueyama (USP); Investimento R$ 109.663,87.
CUNHA, J.P.A.R. et al. Spray drift and pest control from aerial applications on soybeans. Journal of the Brazilian Association of Agricultural Engineering. Maio/Jun. 2017
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Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.