Você já deve ter se deparado com algum lago contaminado por cianobactérias, capazes de formar um “tapete” verde. Esses organismos produzem compostos tóxicos, as cianotoxinas, que são um problema de saúde pública. A novidade que a gente traz aqui é um equipamento portátil de detecção de cianotoxinas em água, desenvolvido por um grupo de pesquisa em engenharia química e biomolecular da North Carolina State University.
Cianotoxinas:
Cianotoxinas são toxinas produzidas por um grupo de organismos chamados cianobactérias. Tratam-se de substâncias tóxicas ao ser humano, capazes de causar vários danos à saúde, desde problemas de pele a doenças hepáticas e neurológicas, que podem levar à morte.
Portanto, cianotoxinas constituem uma questão de saúde pública, sendo relevantes para engenheiros sanitaristas, civis, ambientais e químicos. Isso torna importante detectar e quantificar essas substâncias no ambiente, regulamentadas pela agência local.
No caso da Carolina do Norte, os padrões utilizados para a pesquisa foram os da EPA, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, e os da OMS, a Organização Mundial da Saúde.
A nova tecnologia foi capaz de detectar quatro tipos de cianotoxinas, dentro do critério da EPA para qualidade de água. A OMS, contudo, estabelece critérios ainda mais baixos, por questões de segurança, de modo que o equipamento ainda não conseguiu detectá-los. Deste modo, o dispositivo permite detectar cianotoxinas presentes em níveis comuns em águas recreacionais ou rios, por exemplo, mas não é adequado para avaliar a segurança de água de consumo.
O sistema de detecção:
O equipamento, sendo portátil, foi desenvolvido para ter uma interface simples, onde o usuário coloca uma gota da amostra de água sobre um chip desenvolvido pelo laboratório da North Carolina University e então esse chip deve ser inserido em um leitor. É o leitor que é conectado a um smartphone.
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A tecnologia é capaz de detectar e mensurar moléculas orgânicas associadas às quatro cianotoxinas, fornecendo ao celular do usuário os níveis encontrados na amostra. O processo leva apenas 5 minutos, o que é extremamente útil para análises rápidas em campo.
Perspectivas futuras:
A princípio, o objetivo é baratear a tecnologia, tornando-a acessível a mais usuários, na medida em que o leitor custa aproximadamente 70 dólares para ser confeccionado, enquanto cada chip custa menos de um dólar. Não é um custo exorbitante, mas a escalabilidade da produção pode reduzi-lo ainda mais.
Outro objetivo é refinar o mecanismo de detecção, aumentando o intervalo detectável, o que permitiria avaliar amostras de água de consumo.
E aí? Você já teve contato com esse tipo de análise de cianotoxinas?
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Fontex: Phys.org. Analytical Chemistry.
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Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.