Todos os anos, são produzidas toneladas de lixo têxtil. Apesar de camisetas, vestidos, calças e afins não serem exatamente itens descartáveis, há um momento em que a roupa do dia-a-dia fica gasta, e por isso é feito o descarte. Como se não bastasse, a maioria dessas roupas contém algum tipo de material sintético. Sendo assim, eles não podem ser facilmente reciclados. Muitos materiais e tecidos sintéticos imitam propriedades naturais. O couro sintético, por exemplo, é geralmente feito de plástico.
O descarte desses materiais tem acontecido, realmente, muito mais do que em tempos de outrora. Um exemplo é o Reino Unido, onde cerca de 350.000 toneladas de roupas vão para aterros sanitários todos os anos. Segundo o GreenMe, de 1960 a 2015 houve um recorde de resíduos têxteis com um aumento estimado de 811%. Estamos em 2021, e esse número não diminui.
Materiais naturais, como algodão e lã, se decompõem muito mais rápido do que o plástico, geralmente em menos de um ano. Ao mesmo tempo que são os materiais mais tradicionais com os quais se fabrica roupas, também são uma solução para o problema atual.
No entanto, plantas e algas agora oferecem uma solução ainda mais ecológica para o problema do lixo têxtil. A marca de roupas Vollebak criou uma camiseta de eucalipto, faia e abeto que se decompõe totalmente em três meses.
Tinta à base de algas é rápida e ecológica
Em vez de usar tintas sintéticas tradicionais, a empresa criou uma tinta para impressão feita de algas. Assim, o modelo é decorado com um grande retângulo verde na frente.
Algas só precisam de luz, dióxido de carbono e água para crescer. Além disso, crescem em velocidade recorde, com capacidade de proliferar em lagos e oceanos inteiros em um dia. Steve Tidball, que fundou a Vollebak com seu irmão gêmeo Nick, comenta: “É exatamente o tipo de recurso natural que deveríamos usar. É uma quantidade impressionante e pode se multiplicar numa velocidade louca ”.
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As algas são cultivadas em um biorreator e passadas por um filtro, que forma uma pasta. Depois, a pasta é seca e dela se faz um pó fino. A mistura do pó seco com um aglutinante à base de água forma a tinta de algas. Ela, por sua vez, é impressa no tecido, que é feito de polpa de madeira.
Camiseta em constante mudança
Como não sobrevivem fora d'água, as algas da camiseta não estão mais vivas. Por isso, seu pigmento natural é mais sensível do que em corantes químicos, pois ela está em processo de decomposição. Isso significa que as algas podem ter um tom diferente de verde, cada vez que são impressas em uma camiseta. Em alguns casos, a tinta pode parecer mais azul.
Tidball vê isso como uma vantagem na estética do produto, pois tornará cada exemplar único. “Assim que entra em contato com o ar, começa a oxidar, o que significa que as algas começarão a mudar de cor novamente e sua camiseta ficará diferente de uma semana para a outra à medida que desbota”, diz ele. Eventualmente, conforme a camiseta é exposta à luz solar e colocada na máquina de lavar, a cor da estampa se fundirá com a da própria camiseta.
No final da vida útil da camiseta, tudo que você precisa se lembrar é de compostá-la ou enterrá-la em seu jardim. “Assim ela vai se biodegradar, virar solo e ajudar no crescimento de novas plantas”, diz Tidball.
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Algas são indispensáveis à vida no planeta
Composto por mais de 75.000 espécies diferentes, o grupo das algas inclue desde gigantescas florestas subaquáticas de algas a fitoplânctons e limo verde de água doce. Sem ele, a vida na Terra poderia nem mesmo existir.
Algas não apenas produzem 50-80% do oxigênio do planeta, mas também foi a cianobactéria encontrada nas algas que levou ao surgimento da vida, 3,5 bilhões de anos atrás. Sendo assim, a solução remonta à origem da vida, ao mesmo tempo em que busca preservá-la.
Fontes: Vollebak; Wired; GreenMe; Marie Claire.
E você, usaria uma camiseta biodegradável? O que acha sobre o descarte tecidos? Conte para a gente nos comentários!
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Eduardo Mikail
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