Quem visita hoje a ilha de Manhattan, em Nova York, deve visitar a região de Hudson Yards. Esse é um dos projetos mais ambiciosos e inovadores da história da engenharia, arquitetura e urbanismo. O empreendimento imobiliário custou cerca de US$ 25 bilhões - considerado o maior do tipo nos Estados Unidos -, redefinindo o espaço urbano da cidade. Mas um dos seus grandes marcos, o Vessel, estava fechado desde 2021 após uma série de suicídios trágicos. Agora, reaberto, atrai novamente a atenção dos turistas. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Processo de construção do Hudson Yards
O Hudson Yards foi construído bem no coração de Manhattan, na zona do antigo porto de Nova York. A intenção do projeto era criar uma verdadeira revolução urbano, transformando a área (equivalente a 140 campos de futebol) em um ponto descolado e um vibrante centro de vida e atividade, tendo áreas residenciais (4.000 apartamentos), comerciais (incluindo hotéis, lojas e restaurantes) e uma variedade de outros espaços, como o The Shed e o 30 Hudson Yards (com o Edge, a mais alta plataforma de observação a céu aberto do hemisfério ocidental), sendo uma de suas principais atrações a estrutura Vessel.
Vale destacar que a construção do Hudson Yards foi especialmente desafiadora. Isso porque os projetistas resolveram erguer esse complexo sobre um pátio ferroviário em pleno funcionamento, que abriga trens que conectam Nova York a Nova Jersey. Antes disso, todo esse perímetro havia sido marcado por uma história industrial e pelo abandono.
A Décima Avenida era conhecida como a "Avenida da Morte" por conta dos frequentes acidentes que resultaram em morte entre os séculos XIX e XX. Mas no lugar, fez-se, nos anos 30, a linha elevada High Line para desviar os trens do tráfego urbano. Hoje essa é uma das mais lindas áreas verdes do mundo.
A transformação do espaço
A revitalização do West Side de Nova York com o Hudson Yards começou a ser colocada em prática ainda nos anos 2000. Deu-se finalmente adeus às docas, armazéns e fábricas abandonadas. No lugar, foram feitos diversos arranha-céus assinados pelos mais renomados engenheiros e arquitetos do mundo, incluindo o lindíssimo 520 West 28th Street, de Zaha Hadid.
Claro que a transformação da área envolveu uma série de fatores que facilitaram o desenvolvimento urbano, como, por exemplo:
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- Mudança de uso do solo: A criação do “Special Hudson Yards District” permitiu uma mistura de usos e densidades na área, viabilizando a construção de torres comerciais e residenciais.
- Conexão com transporte público: O financiamento para a extensão da linha 7 do metrô foi crucial. Essa conexão facilitou o acesso à nova área, atraindo tanto residentes quanto visitantes.
- Parcerias público-privadas: O envolvimento do setor privado, em conjunto com a cidade de Nova York, foi fundamental para a realização do projeto. Essas parcerias garantiram um investimento significativo e uma execução eficiente.
- Inclusão social: O programa “80/20” garante que 20% das unidades habitacionais sejam reservadas para famílias de baixa e média renda, promovendo uma maior diversidade social na área.
Desafios de habitação em Nova York
Hudson Yards representa hoje um modelo bem-sucedido de desenvolvimento sustentável, vitrine de como a urbanização pode ser realizada de maneira responsável e inclusiva.
A estratégia de promover a inclusão social e a diversidade econômica realmente fizeram toda a diferença. Além das residências luxuosas, pode-se ver na região uma variedade de opções culturais e comerciais. Especialmente The Shed, de design super ergonômico, exemplo de arquitetura interativa e com certificação LEED Prata, foi adaptado às necessidades de artes performáticas contemporâneas, atraindo moradores e turistas.
O progresso econômico na região é notável. De fato, o projeto trouxe muitos empregos e oportunidades de negócios. E mais do que isso, elevou a discussão sobre a importância de uma habitação acessível em uma das cidades mais caras do mundo. Porém, mesmo assim, apesar dos esforços dos gestores municipais, o preço médio dos apartamentos em Hudson Yards atinge impressionantes US$ 7,5 milhões. Então, para muitos nova-iorquinos, morar nessa área ainda é apenas um sonho.
Controvérsias e fechamento do Vessel
Dentro de Hudson Yards existem vários marcos arquitetônicos, um deles é o Vessel, projeto de Heatherwick Studio (Thomas Heatherwick e Thornton Tomasetti).
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A estrutura, inaugurada em 2019, tem forma de colmeira, composta por peças de aço montadas na comuna de Monfalcone, na Itália. A mesma atinge uma altura de 16 andares, com 2.500 degraus e 80 patamares (que se estendem desde sua base de 15 metros até o ápice de 46 metros) que oferecem lindas vistas de Nova York e seu rio Hudson. Por isso, logo se tornou uma das atrações mais fotografadas da cidade. Só que também, infelizmente, foi palco de uma série de suicídios trágicos.
Como resultado disso tudo, o Vessel precisou ser fechado em 2021 para a implantação de medidas de segurança adicionais. Nesse meio tempo, alguns se aproveitaram da situação dizendo que não se perdia nada com a situação, já que o monumento em si "não leva a nada". Porém, todavia, a estrutura ainda é um símbolo de inovação, ponto focal de Hudson Yards, atraindo milhares de visitantes todos os dias.
Reabertura com segurança
Agora, em outubro de 2024, o Vessel foi finalmente reaberto ao público. A reabertura inclui a instalação de barreiras de proteção em aço em várias seções e áreas mais vulneráveis da estrutura. Mas o nível superior deve permanecer fechado, garantindo que os visitantes possam explorar outras partes com segurança e sem mais episódios tristes - é o que todo mundo espera.
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Fontes: Revista Haus, ArchDaily, ArchDaily 2, Casa Vogue, Hudson Yards.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.