Em 2019, durante meu intercâmbio pela Califórnia, tive a oportunidade de fazer um tour pela famosa Ilha de Alcatraz, localizada em San Francisco. Hoje, a famosa prisão, retratada em filmes e séries, é um parque nacional que atrai centenas de turistas todos os dias. Mas por que ela é tão famosa assim? Quais as histórias que a envolvem? Vem com o Engenharia 360 que eu vou resumir sua história e mostrar todos os detalhes dessa edificação histórica!
Localização e História
Alcatraz é uma pequena ilha na Baía de San Francisco, com 9 hectares de área e a 2 km da cidade. Antes de ser uma penitenciária, de 1850 a 1933 a ilha serviu como base militar para proteger a Baía.
A prisão foi inaugurada em 1934, em decorrência da necessidade das autoridades de um lugar isolado que oferecesse segurança máxima. Eles precisavam abrigar os piores criminosos do país, os quais tinham mal comportamento nas prisões e que apresentavam risco de fuga. Entre os prisioneiros da “Rocha”, o apelido da prisão, estivera Al Capone, um dos gangsters mais famosos dos Estados Unidos.
De acordo com o Alcatraz History, aconteceram inúmeras tentativas de fuga, mas nenhuma delas concluída com sucesso. Os prisioneiros que tentavam escapar sempre acabavam sendo pegos, mortos ou se afogavam no mar.
Tentativas de Fuga e a Grande Fuga
A tentativa de fuga mais violenta da história da prisão é chamada de “Batalha de Alcatraz”, onde 14 guardas ficaram feridos e 2 agentes correcionais e 3 internos morreram feridos pelo tiroteio. Após 48 horas de batalha, que pode ser ouvida facilmente de San Francisco, o tiroteio cessou. Alguns dos fugitivos foram mortos na batalha, e outros foram executados na câmara de gás.
Mas o que deixou Alcatraz famosa e contribuiu para que a prisão fechasse eventualmente, foi a chamada "A Grande Fuga de Alcatraz", retratada no filme “Fuga de Alcatraz” estrelado pelo ator Clint Eastwood (tem na Netflix!). Para quem ama ver engenhocas e invenções, o filme se torna muito interessante!
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O plano de escape foi brilhante e extremamente complexo. Envolveu a fabricação de cabeças de manequins feitas para enganar os guardas, coletes salva-vidas feitos com capas de chuvas roubadas e diversas outras ferramentas. Os detentos cavaram buracos nas selas durante meses para escapar pelos dutos de ventilação, uma operação facilitada pela maresia que deixava os materiais da edificação mais fragilizados e mais fáceis de serem cavados.
Sim, o plano deu certo! Os detentos nunca mais foram vistos. Contudo, após anos de investigações do FBI, foi declarado que o plano havia falhado. A polícia alegou que eles devem ter sofrido afogamento e terem sido levados pela grande correnteza do mar ao entorno, pois as águas dali são extremamente geladas e perigosas.
Nas investigações, foram encontrados objetos pessoais pertencentes aos prisioneiros boiando no dia seguinte. Todavia, a pista mais significativa de que eles devem ter se afogado foi que um cargueiro relatou ter visto um corpo flutuando vinte milhas a noroeste da ponte Golden Gate, mas só relatou a polícia meses depois. Contudo, essa história até hoje deixa dúvidas, pois como os corpos nunca foram encontrados realmente, alguns dizem que eles conseguiram sim escapar.
Como nada nunca foi realmente comprovado, teorias e conspirações sempre rodaram o acontecimento. Em 2015 saiu até uma matéria no G1 que os fugitivos estariam supostamente vivos e morando no Brasil - isso mesmo. Confira a matéria clicando aqui!
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Fechamento da Prisão
Depois de quase 30 anos de funcionamento, a Prisão Federal de Alcatraz fechou as portas em 1963. A justificativa foi a de que os custos de manutenção eram altíssimos e que a estrutura estava extremamente degradada e custaria muito para reformar. Dizem também que a má reputação que ela adquiriu após as fugas ajudou a fechá-la.
O Tour
Como vocês viram, histórias não faltam ao redor dessa prisão. É por essas e outras que Alcatraz virou um parque nacional e transforma a visita em algo extremamente empolgante para os turistas. Eu não podia perder a oportunidade de conferir esse lugar! O ingresso custou em torno de $40 (isso em 2020), e valeu cada centavo!
Embarcando para a ilha
Primeiramente, você é levado para a ilha através de um barco bem legal, que já me deixou super empolgada só de ver a paisagem com a ilha ao fundo. A viagem dura em torno de 15 minutos.
Posteriormente, chegando lá, um guia te direciona para o prédio principal, onde você ganha um fone pra escutar os depoimentos e histórias de funcionários e detentos da época.
Conhecendo o interior do prédio
Ao longo do tour, você vai ouvindo sobre como era a rotina, juntamente das histórias sobre acontecimentos marcantes (como a batalha citada anteriormente). Os narradores também falam com detalhes exatamente como a famosa fuga aconteceu.
Através disso, as narrações de personagens reais da história transformam o tour em uma experiência muito imersiva, pois conforme você vai ouvindo as histórias, as vozes vão te direcionando para os locais em que os fatos aconteceram.
Ali nos corredores, os quais abrigavam mais de 300 celas em 3 andares, eram denominados com nomes de ruas famosas de Nova York como "Times Square" e "Brodway".
As celas eram minúsculas, com 2.7 metros de comprimento e apenas 1.5 metros de largura. Dentro havia uma cama, uma pia, uma privada e uma pequena escrivaninha.
Por consequência do pequeno espaço e das regras rígidas da prisão, um detento relatou o sentimentos de solidão e tristeza que habitavam lá, principalmente em feriados e festividades, quando eles conseguiam ouvir toda a animação da população de San Francisco.
Esta cela estava em destaque no tour. Consegue ver o porquê?
Sim, aqui foi o local onde um dos prisioneiros realizou sua fuga! Nela estão a abertura escavada pelo túnel de ventilação, os seus pertences e também a cabeça falsa usada para enganar os guardas.
Felizmente, a edificação está exatamente do jeito que era na época, o que deixa a experiência mais real. Por exemplo, algumas celas contém até os pertences de alguns prisioneiros! Inclusive até entrei em uma solitária, foi sinistro! E ainda há a opção de fazer esse tour a noite, deve ser mais louco ainda. Dá para sentir na pele o sentimento de estar confinado naquela ilha (e o frio também)!
O legal é que você tem acesso a todas as partes, desde o banheiro, biblioteca, cozinha e a sala do diretor. No exterior, há alguns outros prédios que serviam de residência para funcionários, suas famílias e locais de trabalho.
Destaques
Dá pra acreditar que, na época, 300 civis viviam lá na ilha, incluindo mulheres e crianças? Pois é! As famílias dos funcionários tinham apartamentos, uma pista de boliche e algumas lojinhas. Pelo menos, várias vezes ao dia, os civis poderiam ir e voltar da cidade com um barco.
Essa aqui era a casa do diretor, super próxima às celas. Ele usava alguns presidiários com registros de bom comportamento para ajudar na manutenção dos deveres domésticos. Na foto observa-se a grande casa toda degradada.
Paisagem e Beleza
A paisagem ao entorno da ilha é incrível! De um lado você vê a skyline de San Francisco e a Bay Bridge, e do outro a Golden Gate Bridge, juntamente com o lindo oceano pacífico. Pelo menos a galera lá tinha uma vista e tanto!
Acho muito incrível também o fato de que, de várias partes de San Francisco, é possível ver a Ilha de Alcatraz ao fundo, imponente, histórica, que inevitavelmente faz parte da história e da paisagem da cidade.
Concluindo essa matéria, vou deixar uma foto que tirei de um pôster de lá, que achei extremamente poética. No ombro de uma arte que representa confinamento, prisão e sofrimento, pousou um passarinho, com toda a sua espontaneidade, leveza e liberdade.
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Fontes: Nps.gov; Alcatraz History.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários
Júlia Sott
Engenheira Civil, formada pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS; estudou também na Stanford University; passou um período trabalhando, estudando e explorando o Vale do Silício, nos Estados Unidos; hoje atua como analista de orçamentos ajudando a implantar novas tecnologias para inovar na construção civil.