Os engenheiros têm verdadeiro fascínio pela história dos arranha-céus que considerou não só dimensões como também questões de segurança e exploração. E em nosso site vale destacar a evolução das metrópoles norte-americanas, como Nova York, especialmente no período da virada do século XIX para o século XX, após o Grande Incêndio de Chicago.
Os projetos daquela época, símbolo de poder e prosperidade testaram e expuseram novas técnicas de construção e novas tipologias arquitetônicas (para prédios de vários andares), mudando a história da engenharia. E, sim, o surgimento dessas obras não foi a mero acaso, nem por motivos estéticos.
Pelo contrário, o surgimento dos arranha-céus está ligado a questões econômicas e um desejo de crescimento para as alturas das grandes cidades no mundo. Claro que a especulação imobiliária, que faz aumentar o preço do metro quadrado dos terrenos, também impulsionou e impulsiona até hoje essa expansão. Assim, quanto mais eficaz é a exploração de um terreno, mas gigantescas são as obras de construção civil. Debatemos mais o assunto neste artigo do Engenharia 360!
O incêndio de Chicago
Para além de Nova York, Chicago foi a cidade que impulsionou o surgimento de um novo movimento arquitetônico.
Em outubro de 1871, um grande incêndio (o Grande Incêndio de Chicago) devastou a região, reduzindo a maior parte das edificações existentes em escombros. As consequências desse incêndio foram as piores que se pode imaginar; mas um ponto positivo que a engenharia tirou de tudo isso foi o aprendizado com a reconstrução. Chicago depois disso se tornou mais moderna, com lindos e gigantescos arranha-céus, a exemplo do Marshall Field Wholesale Store de Henry Hobson Richardson, o primeiro edifício de esqueleto de aço.
Um protagonista da revolução de engenharia foi Louis Sullivan. Ele foi um dos representantes da chamada ‘Escola de Chicago’, o movimento que gerou o novo modelo de arquitetura representativa dessa fase de transição de Chicago.
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A Escola de Chicago
A Escola de Chicago foi a primeira grande tentativa de estudo dos centros urbanos combinando conceitos teóricos e pesquisa de campo. Chamada também de ‘Estilo Comercial’ representa um estilo de construção que substitui a madeira por ferro, sendo produzida em série com edifícios erguidos mais rápido e de forma mais prática.
Os edifícios desse movimento de arquitetura apresentavam uma reestruturação das fachadas, preferencialmente seguindo uma quadrícula rigorosa. As janelas eram oblongas (mais compridas do que largas) e acentuadas por esbeltos pinázios (elementos verticais). Percebe-se um equilíbrio entre os elementos horizontais e verticais.
Um novo modelo de planta baixa surgiu também, com um gabarito maior. Foram desenvolvidos projetos de elevadores elétricos. E sob influência do modernismo, as formas das edificações foram ficando cada vez mais neutras.
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O engenheiro estrutural Fazlur Khan introduziu um novo sistema tubular (colunas externas interconectadas e devidamente espaçadas que resistiam a forças laterais em qualquer direção por meio do balanço desde a fundação); a maior parte das fachadas são então janelas.
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A saber, o Home Insurance Building foi o primeiro arranha-céu do mundo construído em Chicago em 1885, mas demolido em 1931. Além disso, um dos mais conhecidos nomes desta escola foi Frank Lloyd Wright, que mesmo sem admitir seguir esta vertente, ajudou a impulsionar a arquitetura moderna na cidade e nos Estados Unidos.
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O concurso do Chicago Tribune
Um momento também bastante importante para a história de Chicago foi o lançamento do concurso do Chicago Tribune, em 1922, para o novo edifício da editora. Na propaganda, os dizeres de que este deveria ser o edifício mais bonito do mundo. Isso atraiu não só designers americanos quanto europeus como Walter Gropius e Adolf Loos.
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Infelizmente, a proposta vencedora foi uma das mais conservadoras. Porém, todas as demais propostas ganharam destaque em periódicos da época, servindo de inspiração para projetos de outros engenheiros e arquitetos.
Por exemplo, Eliel Saarinen, o segundo colocado, apresentou a proposta de um edifício com extrema verticalidade. As fachadas eram estruturadas de modo a destacar as esquinas com pinázios. Além disso, a verticalidade sugerida seguia uma ideia de escalonamento, com intervalos relativamente pronunciados o que dava a elegância ao corpo do prédio, “coroado” por uma torre central dominando todo o complexo.
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Veja Também: Conheça Chicago: sua história, arquitetura e urbanismo
Fontes: História da Arquitetura Contemporânea (h. f. Ullmann, de Jürgen Tietz, ano 2008).
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.