Recentemente, o Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil anunciou novas regras de eficiência energética para geladeiras e congeladores domésticos comercializados no país. O objetivo é tornar os eletrodomésticos 17% mais eficientes até 2028, promovendo uma transição sustentável do mercado.
As mudanças têm causado muita apreensão no setor, com empresários prevendo impacto na fabricação e consequentemente nas vendas desses produtos. E, ao mesmo tempo, o Engenharia 360 indaga quais são os desafios para engenheiros com essas novas regulamentações. Acompanhe o texto a seguir para conferir nossa análise!
Eficiência energética em geladeiras e congeladores domésticos
A capacidade de um equipamento de utilizar energia elétrica com menor consumo possível é chamada de eficiência energética.
No Brasil, a eficiência energética de geladeiras e congeladores domésticos é regulamentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A norma estabelece uma classificação de eficiência energética de 'A' a 'E', sendo 'A' a categoria mais eficiente e 'E' a menos eficiente. E, nas lojas, podemos observar essa descrição nas etiquetas presentes nos equipamentos comercializados, com uma escala de cores sendo 'A' em verde e 'E' em vermelho. Os modelos A ou B são os mais eficientes, consumindo menos energia elétrica, o que resulta em uma economia na conta de luz.
Contexto das novas regras de eficiência energética
Antes de tudo, vale ressaltar que o novo 'Programa de Metas para Refrigeradores e Congeladores' estabelece índices mínimos de consumo de energia elétrica. A meta é reduzir a emissão de gases de efeito estufa - 5,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2030 - e promover a eficiência energética - economia de 11,2 Terawatt-hora (TWh).
O governo brasileiro argumenta que as mudanças são essenciais e urgentes para que o país possa cumprir as metas ambientais que estabeleceu.
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Prós e contras das mudanças
Por hora, as projeções apresentadas à imprensa indicam benefícios ambientais substanciais para o Brasil. Porém, especialistas do setor estão preocupados com a possibilidade de um aumento nos preços dos eletrodomésticos e como isso pode impactar, sobretudo, famílias de menor poder aquisitivo. Resumindo, as geladeiras consideradas hoje como de "preços mais acessíveis" simplesmente podem sair de linha.
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A saber, Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) alerta para uma redução de até 83% na oferta de refrigeradores até 2026, o que, segundo eles, poderia resultar em um aumento de 23% nos preços.
Por outro lado, representantes do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apoiam as mudanças. Eles destacam a necessidade de modernização dos modelos mais baratos. Traduzindo, hoje pagamos "menos" por uma tecnologia ruim, que nos faz gastar muita energia elétrica, o que força a produção das usinas, gera mais impostos e prejudica o meio ambiente. Por isso, diz-se que a eficácia da medida será comprovada a longo prazo.
Veja Também: Como poderíamos resumir a 'elétrica residencial básica'?
Impactos na Indústria e a adaptação da engenharia
É claro que a indústria eletrônica será a primeira a ser impactada com as novas regras de eficiência energética para geladeiras e congeladores domésticos no Brasil. Engenheiros e fabricantes devem enfrentar, para começar, o desafio de aprimorar os equipamentos. Eles devem encontrar soluções inovadoras para garantir que esses produtos continuem acessíveis e, ao mesmo tempo, mais eficientes.
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São soluções que os engenheiros podem estudar para deixar geladeiras e congeladores domésticos mais eficientes em termos energéticos:
- Sensores Inteligentes: para o monitoramento constante da temperatura e ajuste automático das configurações para evitar desperdício de energia.
- Tecnologia Digital Inverter: compressores que ajustam automaticamente a velocidade conforme a necessidade, otimizando o consumo de energia.
- Ciclos de Descongelamento: otimização de sistemas de descongelamento mais eficientes e programáveis para reduzir o consumo de energia.
- Sistemas de Isolamento Avançados: materiais avançados que melhorem a eficiência térmica, reduzindo a transferência de calor entre o interior e o exterior da geladeira.
- Vedação: aprimoramento das portas para minimizar a entrada de ar externo, evitando perda de frio e reduzindo o esforço do compressor.
- Layout Interno: otimização para melhorar a circulação do ar, garantindo uma distribuição uniforme da temperatura e reduzindo a necessidade de esforço do compressor.
- Energias Renováveis: possibilidade de incorporar tecnologias de energia solar ou outras fontes renováveis para alimentar parte do sistema de refrigeração.
Outras engenharias que seriam impactadas pelas novas regras de eficiência energética para geladeiras e congeladores domésticos:
- Engenharia de Materiais - com o desenvolvimento de materiais para isolamento.
- Engenharia Eletrônica - com o desenvolvimento de sistemas de controle e sensores para otimização do consumo.
- Engenharia de Energia - com proposta de integração de tecnologias solares para alimentar parcialmente sistemas de refrigeração.
- Engenharia de Controle e Automação - com a aplicação de técnicas de otimização de fluxo de ar para melhorar a circulação interna nas geladeiras.
- Engenharia de Software - com a implementação de softwares de monitoramento de temperatura em tempo real.
- Engenharia Civil - com projeto de habitações com boas vedações que impactem menos no desempenho térmico das geladeiras.
- Engenharia Ambiental - com a tarefa de avaliação do ciclo de vida dos produtos e impacto ambiental.
- Engenharia Química - com pesquisa de fluidos.
- Engenharia de Produção - com a otimização dos processos fabris para garantir eficiência na produção e redução de resíduos.
Em síntese, as novas regras de eficiência energética para geladeiras no Brasil representam um marco na busca por práticas mais sustentáveis, desafiando a engenharia a superar obstáculos e proporcionar soluções inovadoras que beneficiem tanto o meio ambiente quanto a sociedade na totalidade.
Curiosidade: A Samsung já lançou geladeiras adaptadas à nova regulamentação brasileira de eficiência energética, são os modelos como RT38, RT43, RT44, RT46 e RT48. Os mesmos são equipados com a tecnologia Evolution POWERvolt para resistência a picos de energia e eficiência energética A+++, e apresentam a tecnologia Digital Inverter, economizando até 20% de energia.
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Fontes: Valor Globo, Gaúcha ZH.
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Eduardo Mikail
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