Tantas pessoas afirmam sobre a importância das engenharias. E apesar de concordarmos com isso, raramente compreendemos, de fato, quanto a nossa vida é impactada pelo trabalho dessas profissões. Também quem não atua na área das exatas fica na dúvida sobre se vale a pena lidar com tais atividades, se é gratificante, se dá um bom retorno - algo que vai além do dinheiro, mas no "simples" prazer de se encontrar e encontrar no exercício esse sentimento de pertencimento e missão, contribuindo para auxiliar a sociedade em seus mais diversos desafios. Mas só quem pode responder tais questões são aqueles que já passaram por todas essas etapas e estão, hoje, diariamente ativos no mundo da Engenharia.
Nós, do Engenharia 360, convidamos a engenheira química Mariana Camargo, com formação na Universidade Estadual do Oeste do Paraná e Universidade Estadual de Campinas, para conversar conosco, compartilhando detalhes da sua trajetória profissional, formação, passando pela conquista de emprego, especialização e mais. Confira seu testemunho no texto a seguir!
"1. Inicialmente, faça uma apresentação pessoal."
"Me chamo Mariana e tenho 35 anos. Sou casada e tenho uma filha de quase 3 anos. Me formei em Engenharia Química há 13 anos e me especializei em Gestão Estratégica de Produção."
"Trabalho em uma multinacional do ramo alimentício há 10 anos e sempre atuei na área de fermentação, tanto no desenvolvimento quanto na gestão da produção."
"Minha carreira sempre evoluiu muito bem e rápido dentro da empresa, onde fui sendo promovida há cada 2 anos. Hoje, atuo como gestora de duas áreas de produção do glutamato monossódico (fermentação e isolação). Sou muito comunicativa, adoro gerar conectividade com as pessoas; bastante organizada e um pouco imediatista.; rápida e ágil na resolução de problemas. Gosto de liderar e desenvolver pessoas e das coisas no seu lugar; de atividades físicas; de viajar e conhecer lugares novos; de resolver problemas e me sentir bem confortável em tomar decisões - aliás, acho que é aqui que a Mariana encontra a engenheira."
"2. Qual motivação a levou escolher Engenharia Química? Quais aspectos você acha relevante na escolha de uma área de atuação dentro da Engenharia?"
"Lá atrás, quando fui tomar essa decisão, ela veio da ideia clássica de: gosto das áreas exatas e também de Química, ou seja, Engenharia Química! Sempre achei fascinante o mundo das indústrias e de como podemos transformar ingredientes e materiais em produtos para o consumo. Acho muito legal essa ideia de aumento de escala."
"A Engenharia te abre um mundo de possibilidades e a base é sempre a mesma, cálculos e raciocínio lógico. Mas a área de atuação dentro da Engenharia vai muito ao encontro do problema que você está disposto a resolver: de biotecnologia, de trânsito, ambiental e por aí vai."
"3. Quais as principais dificuldades que você enfrentou no seu curso de Engenharia e como as superou?"
"As principais dificuldades foram devido a minha universidade ser muito pequena (na época) e não tínhamos tanta estrutura de banco de estágios, por exemplo. Mas aí juntamos alguns alunos e criamos o centro acadêmico, onde buscamos indústrias para palestrar na Universidade e fazermos algumas visitas técnicas."
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"4. Quais as principais dificuldades você enfrenta(ou) em sua carreira e como as superou?"
"Acredito que a principal dificuldade é conciliar a velocidade com que as coisas estão mudando com a velocidade com que a companhia está caminhando."
"As novas gerações vêm com novas necessidades e muitas ideias, o que é muito bom. Porém, temos que nos adaptar e garantir que ninguém se frustre, ou seja, a gestão das pessoas é algo que me desafia e motiva todos os dias."
"5. Quais dicas (conselhos) você daria a si mesma ou a um estudante de Engenharia, caso estivesse iniciando a sua carreira hoje?"
"Aproveitar o máximo possível o conhecimento das pessoas mais experientes e nunca perder de vista que o processo acontece no campo, com as máquinas, por mais automático que seja é sempre necessário saber como os equipamentos funcionam na prática, sempre esteja junto ao Gemba. Isso ajuda muito!"
"6. Quais cursos complementares você sugere, para uma melhor formação, além da graduação de Engenharia?"
"Cursos de resolução de problemas utilizando metodologias ágeis (Design Thinking, por exemplo), e cursos de ferramentas digitais e modelagem. A Indústria 4.0 é uma realidade, quanto mais próximo e preparado para ela, mais chances de sucesso."
"7. Quais os principais conhecimentos e habilidades um profissional de Engenharia tem que desenvolver para potencializar sua carreira?"
"Somos, por natureza, resolvedores de problemas - inclusive, é para isso que a indústria nos contrata. Mas problemas geralmente se resolvem em equipes; então, habilidades de buscar conexão com as pessoas são muito importantes. A nossa carreira, de uma forma geral, caminha muitas vezes para a gestão de pessoas. Enfim, buscar o aprimoramento em questões de liderança também é bem bacana!"
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"8. Como foi sua entrada no mercado de trabalho? O estágio foi fundamental na sua formação?"
"Infelizmente, eu não tive boas oportunidades de estágio, eu ingressei na empresa em que estou hoje por meio de um Mestrado que eu fazia na época. Mas, sem dúvidas,...
"...o estágio é uma ótima oportunidade para entendermos como o mundo real funciona e isso faz toda a diferença na formação."
"9. Quais as dificuldades e benefícios em conciliar a vida pessoal com a carreira de engenheira? Comente sobre estabilidade profissional, carga horária, necessidade de viagens e atualização constante."
"A nossa saúde física e mental sempre deve ser prioridade e as indústrias têm se preocupado cada vez mais com isso. A carreira e a vida pessoal têm que, literalmente, andarem juntas - são interdependentes."
"Cada fase da nossa vida temos necessidades específicas. Certamente, no começo da nossa carreira estamos com toda a energia e gás, e ela possivelmente ganhará destaque. A atualização constante faz parte da gestão da nossa carreira e nós devemos ser responsáveis por ela. Se a empresa proporcional isso, ótimo; se não, é importante irmos atrás!"
"Estabilidade profissional é bacana quando você está sempre aprendendo na mesma empresa, mas não pode deixar que isso se torne comodidade."
"10. Dê uma visão geral da profissão dentro da sua área de atuação. Como é, por exemplo, o seu dia-a-dia?"
"A Engenharia Química me ajudou e ajuda muito nas minhas áreas de domínio atuais, que giram em torno de gestão de projetos e pessoas. Atividades de gestão de custos, definição e acompanhamentos de KPI's, acompanhamento de budget e forecast, planejamento estratégico de consumo de matérias-primas fazem parte do meu dia a dia, além dos conhecimentos técnicos na área de fermentação e operações unitárias."
"11. Quando criança, você imaginava se tornar uma engenheira?"
Eu sempre gostei muito das áreas correlatas às ciências, sempre adorei o céu e o sistema solar. Acho que quando criança eu não tinha muito formada a ideia de Engenharia. Mas, pensando hoje, acho que caminhei para o que eu imaginava sim!
Veja Também: Engenharia Química: qual o papel e a transformação dessa profissão na Indústria 4.0
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Diego Rafael Santos
Engenheiro Químico. Atua na indústria de aminoácidos com desenvolvimento e implementação de estratégias de transformação digital (Indústria 4.0). Apaixonado por games, música e tecnologia.