Engenharia 360

O que são os rastros brancos deixados por aviões? Entenda o fenômeno!

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por Redação 360
| 08/11/2024 4 min
Imagem de Freepik

O que são os rastros brancos deixados por aviões? Entenda o fenômeno!

por Redação 360 | 08/11/2024
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Um dos fenômenos mais intrigantes da engenharia são os rastros brancos deixados pelos aviões no céu. Isso é chamado pelos cientistas de 'trilhas de condensação' ou 'contrail' (do inglês "condensation trails"), uma manifestação física que vai muito além dos que os nossos olhos podem captar. No artigo a seguir, do Engenharia 360, vamos explorar como acontece a formação, quais as implicações climáticas e controvérsias envolvidas nesses rastros. Confira com atenção!

O que são os rastros brancos de aviões

Os rastros brancos visíveis saindo da parte de trás das aeronaves são, na verdade, como nuvens formadas pela condensação do vapor de água - que pode se estender por longas distâncias no céu. Eles aparecem quando um avião voa em altitudes elevadas, geralmente acima dos 8 mil metros, onde as temperaturas são bem baixas (algo em torno de - 40 °C). Acontece que, nesses ambientes frios, o vapor de água liberado pelos motores (que costumam operar a mais de 300 °C) se resfria rapidamente e se transforma em pequenas gotas de água ou cristais de gelo.

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rastros brancos deixados por aviões
Imagem de Rafael Garcin em Unsplash

Então, podemos resumir a formação dos rastros em um processo físico que envolve três fatores principais:

  • Vapor d'água: Produzido pela combustão do combustível nos motores.
  • Temperatura fria: Necessária para que o vapor se condense em forma de gelo.
  • Partículas para nucleação: O vapor d'água precisa de superfícies sobre as quais possa se condensar; essas superfícies geralmente vêm das partículas de fuligem emitidas pelos motores.

Vale destacar que as finas nuvens resultantes desse fenômeno podem, no fim das contas, ter diferentes durações e formas, dependendo da umidade e da temperatura atmosférica. Quando há mais umidade e as temperaturas estão mais frias, os rastros são longos e duradouros; enquanto rastros curtos e efêmeros são comuns em situações de menos unidades e mais calor.

Quando começou a observação de rastros brancos

Os historiadores relatam que os primeiros registros de rastros de condensação datam do período da Primeira Guerra Mundial. Isso aconteceu em 1919, durante o voo de uma aeronave sobre Munique, a uma altitude de cerca de 9.200 metros. Depois desse evento, os aviões começaram a alcançar altitudes cada vez maiores - principalmente com a expansão da aviação comercial -, possibilitando mais facilmente a observação do fenômeno.

Teorias da conspiração

Com o passar dos anos, muitas pessoas começaram a inventar histórias sobre o que poderiam ser esses rastros brancos no céu. Alguns chegaram a afirmar que se tratavam de produtos químicos despejados intencionalmente pelos governos para infectar a população, por exemplo. Mas é importante dizer que todas essas histórias não passam de boatos, sem fundamentos científicos - por isso, amplamente desacreditados pela comunidade acadêmica.

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Por outro lado, estudos recentes indicam que as nuvens formadas por esses rastros podem ter um efeito significativo sobre o clima da Terra. Em 2011, foi publicado um estudo na revista International Journal of Climatology que revelava dados sobre mudanças no clima por conta dos rastros de aviões durante a Segunda Guerra Mundial. Foi descoberto que, em datas específicas com um grande número de voos, houve variações significativas de temperatura.

rastros brancos deixados por aviões
Imagem de Rafael Garcin em Unsplash

O impacto dos rastos de aviões no clima

Recentemente, o Instituto de Física Atmosférica do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) divulgou o seu próprio estudo sobre os rastros de aviões, revelando que, até 2050, o impacto desse fenômeno no clima pode triplicar. As pesquisadoras Ulrike Burkhardt e Lisa Bock descobriram que essas nuvens podem "prender" calor na atmosfera da Terra, contribuindo para o aquecimento global. Então, estamos diante de uma situação série e complexa.

Já existe um grande esforço na engenharia para reduzir as emissões de carbono na aviação - a exemplo do uso do SAF. Porém, a questão dos rastros é frequentemente negligenciada nos modelos de compensação, o que é um erro grave. Os rastros se formam sob condições variáveis e podem desaparecer rapidamente; no entanto, quando duradouros, podem cobrir grandes áreas e alterar a forma como a Terra absorve a radiação solar. Durante o dia, refletem a luz de volta ao espaço; mas, durante a noite ou em condições específicas, retêm o calor.

rastros brancos deixados por aviões
Mapas mostrando o aquecimento (em miliwatts por metro quadrado) induzido pelas 'trilhas de condensação' em (a) 2006 e (b) 2050 (projeção). À direita, o aquecimento estimado para 2050, mas considerando (c) o calor extra causado pelo aquecimento global e (d) uma melhoria na eficiência dos motores e combustíveis. | Imagem Adaptado de Bock e Burkhardt reproduzida de METEORED - Tempo

Comparação com emissões de CO2

Olha que interessante, hoje em dia cerca de 5% do aquecimento global por atividade humanas vem do tráfego aéreo - e é claro que os rastros representam uma parte significativa dessa contribuição. Isso é uma estimativa, pois, na verdade, o impacto das trilhas de condensação é mais difícil de quantificar do que as emissões de CO2 contabilizadas de forma direta. Porém, para se ter uma ideia, alguns estudiosos acreditam que o impacto pode superar as emissões geradas pela aviação desde seu início.

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As possíveis soluções para mitigar os impactos

Para mitigar o impacto ambiental dos rastros de aviões, tem várias abordagens que já foram consideradas.

Começando pelo desenvolvimento de aeronaves com engenharia mais eficiente, capaz de reduzir a quantidade de partículas de fuligem emitidas pelos motores e a formação de cristais de gelo nos rastros. Também redirecionar os voos para evitar regiões mais suscetíveis à formação de rastros; no entanto, isso precisa ser bem avaliado para evitar aumentar o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de CO2.

Veja Também: Pra você, como seria o avião do futuro?


Fontes: UOL, G1, BBC.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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