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Neuralink: O Ambicioso Plano de Elon Musk Revolucionando a Comunicação com a Interface Cérebro-Máquina

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por Larissa Fereguetti
| 03/02/2024 | Atualizado em 05/02/2024 4 min
Imagem reproduzida de tecmundo.com.br

Neuralink: O Ambicioso Plano de Elon Musk Revolucionando a Comunicação com a Interface Cérebro-Máquina

por Larissa Fereguetti | 03/02/2024 | Atualizado em 05/02/2024
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Elon Musk, o empresário superpopular da tecnologia, é particularmente famoso não só por suas excentricidades na vida, mas também pelos projetos diferentões de suas empresas. É bem provável que você já tenha ouvido falar sobre a Tesla e a SpaceX, por exemplo. Nesse sentido, a startup Neuralink também tem planos igualmente grandes.

O plano da empresa é bem 'Black Mirror': conectar o cérebro humano a uma interface de computador. Para isso, um processador será implantado no cérebro de modo não muito invasivo. A Neuralink afirma que seria algo com a mesma simplicidade da cirurgia LASEK, para problemas de visão. Será?

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Afinal, o que pode dar errado se a Neuralink implantar chip em cérebros humanos? Continue lendo este texto do Engenharia 360 para saber mais sobre o caso!

O teste da Neuralink em cérebros humanos

No começo de 2023 foi anunciado que a Neuralink havia realizado, com sucesso, o primeiro implante de chip cerebral em um paciente humano. Na ocasião, Elon Musk anunciou o feito em suas redes sociais, revelando que o dispositivo, chamado "Telepatia", permite que os humanos controlem dispositivos eletrônicos apenas com o pensamento.

neuralink
Imagem reprodução Neuralink via Revista Galileu

O procedimento foi autorizado pela FDA em maio de 2023, e a empresa abriu inscrições para voluntários quatro meses depois, com foco em pessoas com paralisia. O objetivo principal é permitir a comunicação mais rápida para aqueles que perderam o uso dos membros, destacando o potencial para indivíduos como Stephen Hawking.

Agora, a Neuralink está avaliando a segurança do implante e do robô utilizado no procedimento. Detalhes adicionais sobre o paciente e o procedimento ainda não foram divulgados pela empresa.

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O que justifica o apoio aos projetos da Neuralink

O motivo de muitos apoiar essa conexão Interface Cérebro-Máquina é o simples fato de que Musk, assim como alguns outros líderes empresariais, acredita que a Inteligência Artificial pode se tornar uma grande ameaça, no mesmo estilo que vemos em ficções científicas. Tanto que o próprio Musk foi um dos que concordou com um "tratado" de não produzir armas letais usando IA.

A teoria é de que essa ligação do cérebro com uma interface competiria com a Inteligência Artificial, com a vantagem de estar no nível da inteligência humana. A ideia é de que você consiga dar ordens para outras máquinas inteligentes sem precisar se mover ou expressar em palavras (como é feito atualmente com a Alexa, Google Home e semelhantes). É usando o poder da mente, literalmente.

Além disso, como foi narrado no exemplo apresentado no começo deste texto, a interface cérebro-máquina pode ajudar na restauração de funções sensoriais e distúrbios neurológicos, como relata um artigo científico da Neuralink (An integrated brain-machine interface platform with thousands of channels). Pessoas com esses distúrbios poderiam se expressar melhor.

O que pode dar errado em implantar chips em cérebros humanos

O primeiro implante de chip cerebral em um humano implantado pela Neuralink é resultado de um estudo em parceria com a PRIME. O dispositivo, inovador implantado por um robô, possui 3.072 eletrodos, superando concorrente. Esse é um grande marco para a ciência, claro. Porém, vale destacar que a tecnologia ainda enfrenta desafios, incluindo competição da empresa australiana Synchron, questões éticas sobre o bem-estar dos participantes e riscos a longo prazo.

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A competição levanta preocupações éticas sobre recrutamento e suporte a longo prazo para os pacientes, com exemplos anteriores, como a falência da Second Sight, destacando a necessidade de um plano de cuidado a longo prazo.

A linguagem tecno-futurista de Musk pode criar expectativas irrealistas e subestimar os riscos para os participantes, destacando a importância do consentimento informado. A Neuralink precisa manter compromisso com a integridade da pesquisa, cuidado com os pacientes e um planejamento cuidadoso para evitar consequências negativas.

dispositivo da neuralink atrás da orelha de mulher
Representação de possibilidade de dispositivo implantado. | Imagem reproduzida de inceptivemind.com

Os testes da Neuralink em animais

A Neuralink já faz testes com dispositivos em animais, mais precisamente em camundongos e macacos. Ao falar em San Francisco, Musk apresentou um relato de um macaco capaz de controlar um computador com o cérebro. Segundo ele, o dispositivo é seguro (você confere mais neste vídeo). Os testes em humanos aguardam aprovação da FDA, a agência de saúde dos Estados Unidos (semelhante à ANVISA no Brasil).

Considerações finais sobre o trabalho da Neuralink

Max Hodak, da Neuralink, afirmou que para testar os dispositivos, a empresa deve continuar priorizando pessoas que possuem quadriplegia causada por lesões na coluna. Isso acende uma grande esperança para os pacientes e familiares. Pessoas com doenças de Parkinson, epilepsia e depressão também poderão se beneficiar com os dispositivos.

É claro que permanece o questionamento ético. Será há mesmo um limite entre beneficiar pacientes com determinada condição médica e instalar um dispositivo no cérebro para comandar máquinas com o poder da mente? Não que isso seja exatamente possível, mas já pensou se alguém arruma alguma forma de hackear seu cérebro? O jeito é aguardar para ver o desenrolar dessa história que mais parece um episódio de Black Mirror.

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Fontes: Neuralink; Interesting Engineering, G1, Revista Galileu.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

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