Engenharia 360

Região que abriga toneladas de minerais no fundo do Oceano Pacífico é alvo de polêmicas e preocupação. Entenda!

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por Luciana Reis
| 28/07/2017 | Atualizado em 02/02/2019 4 min

Região que abriga toneladas de minerais no fundo do Oceano Pacífico é alvo de polêmicas e preocupação. Entenda!

por Luciana Reis | 28/07/2017 | Atualizado em 02/02/2019
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A 4.000 metros de profundidade, no fundo do Oceano Pacífico - mais precisamente na região de Clarion-Clipperton, entre o México e o Havaí, a sudoeste da Califórnia - é possível localizar uma reserva rica em elementos minerais como manganês, níquel, cobre e cobalto.
Nos últimos anos, a existência destes nódulos de minerais vem sendo estudada. Como a região é reconhecida como bastante diversa e, em boa parte, desconhecida, este fato leva ao debate quanto à exploração por empresas dos depósitos minerais e o impacto que esta utilização teria no meio ambiente.

Mapa região do depósito mineral

Imagem: Mining-Technology

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+A região

Com um tamanho que equivale a quase o dobro do território do México, o depósito de minerais fica localizado em uma área que, recentemente, foi identificada como um terreno heterogêneo. Sua formação vai de estruturas como morros e vales às montanhas e crateras. Além disso, a diversidade da fauna também vem sendo identificada. Onde inicialmente se consideraria com poucos exemplos de vida marinha, já foram encontrados ouriços-do-mar, anêmonas, crustáceos e corais.
O Oceano Pacífico, quando comparado ao Oceano Atlântico - onde há menor possibilidade de acúmulo de minerais, uma vez que é alta a taxa de sedimentação transportada através das correntes - apresenta depósitos de nódulos polimetálicos que têm origem a partir de fontes hidrotermais e vulcões submarinos, além de fontes continentais dos rios do norte e da região central da América.

+Potencial econômico x Meio ambiente

Cientistas e mineradores frente a minerais

Imagem: Nautilus Minerals

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As estimativas apontam que estes depósitos contêm até 27 milhões de toneladas de nódulos minerais. Os recursos da CCZ (sigla em inglês para a área) são geridos pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), que tem sede na Jamaica e que não responde diretamente a nenhum país. Ela é a responsável por organizar as atividades que são realizadas no fundo do mar nas águas internacionais.
Diferentes países já manifestaram o interesse na exploração dos recursos minerais da Clarion-Clipperton, entre eles o Japão, a Alemanha, a França, a Coréia do Sul, o Reino Unido, a Polônia e a Bulgária. Desde a década de 70, há consórcios internacionais que prospectam na região. A ISA já liberou 16 licenças de mineração na CCZ.
Os minerais encontrados no fundo do Oceano Pacífico são utilizados na fabricação de equipamentos eletrônicos como celulares, além de painéis solares e baterias para carros elétricos, o que aumenta o interesse de diferentes empresas pela área. Soma-se a isso a dificuldade em encontrar depósitos minerais acessíveis, o aumento dos preços no setor e o desenvolvimento da tecnologia necessária para pesquisas no fundo do mar.

De acordo com Michael Johnston, da Nautilus Minerals, uma das empresas que já tem a licença para explorar a CCZ, os minerais ali existentes seriam suficientes para abastecer todo o mundo durante os próximos 30 anos. Mas a que preço?

Mineral

Imagem: Nautilus Minerals

+Saiba mais

Além da diversidade da fauna que vem sendo descoberta, o que se percebe é que todo o ecossistema está interligado. Os nódulos levam milhões de anos para serem formados, e entre os ambientalistas há preocupação com esta área e a exploração, que pode causar danos irreversíveis.
A pesquisadora de pós-doutorado da Universidade do Havaí, Diva Amon, em estudo publicado na revista Scientific Reports, trouxe suas impressões: “Nós descobrimos que essa região reivindicada para exploração abriga uma das mais diversas comunidades de megafauna já registradas em profundidades abissais em alto-mar”, afirma.

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Fundo do Mar

Imagem: CRAIG SMITH E DIVA AMON / UNIVERSIDADE DO HAVAÍ

Este e outros estudos fazem parte do projeto Abyssline, que tem o objetivo de traçar as características do ecossistema e da vida animal na área antes de serem iniciadas as extrações.

+O futuro

A previsão é de que até 2020 seja desenvolvido pela ISA o regulamento para a exploração do local. Os benefícios serão divididos de maneira igual entre os países. Apesar de tudo, entre as 16 licenças liberadas, ainda não foi demonstrado o interesse explícito de nenhuma das empresas para o início dos trabalhos, por assim dizer.

Os estudos em detalhes na região são fundamentais, pois o receio é de que a questão econômica se sobreponha de maneira devastadora a uma área que já demonstra potencial natural diversificado.

Para saber mais a respeito, há este e este artigo com mais detalhes.

Referências: BBC; Correio Braziliense; Huffington Post

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Luciana Reis

Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com experiência como jornalista freelancer na produção de conteúdo para revistas e blogs.

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