Este é o quinto ano consecutivo em que é registrada a diminuição da liberdade de acesso à internet em todo o mundo. A ONG Freedom House (FH), dedicada aos direitos humanos, com enfoque na liberdade civil e direitos políticos, divulgou relatório em que é constatado que, entre população das 65 nações pesquisadas, 58% das pessoas vivem em uma realidade que não garante o livre acesso à internet, e onde muitos blogueiros e internautas já foram detidos por expressarem suas opiniões sobre temas políticos, sociais e religiosos.
A pesquisa ainda aponta que os recuos mais evidentes aconteceram na França, resultado relacionado às medidas adotadas após o ataque ao jornal Charlie Hebdo, assim como na Líbia e na Ucrânia, o que demonstra a ligação direta com o contexto social e político dos países. No total, o retrocesso foi percebido em 32 dos 65 países pesquisados desde junho de 2014, enquanto a detenção de cidadãos que compartilharam na rede informações relacionadas à política, religião e a questões sociais aconteceu em 40 entre as nações estudadas.
O grau de liberdade existente em cada país é definido através de uma contagem de pontos. Quanto mais próximos do 0, mais livre é a nação. A Islândia é considerado o país com maior liberdade na internet, com 6 pontos, seguido por Estônia, Canadá e Alemanha. A França ainda permanece entre os países considerados livres, mas figura com 24 pontos, frente aos 20 calculados em 2014. O Brasil aparece com 29 pontos, enquanto China é o último país da lista, com 88 pontos, logo atrás da Etiópia, Síria e Irã.
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No site da ONG é possível ter acesso a relatórios completos sobre cada país pesquisado. Por exemplo, sobre o Brasil destacam-se ações como a implementação do Marco Civil da Internet e os investimentos em infraestrutura e iniciativas, como o Plano Nacional de Banda Larga, para proporcionar um aumento do número de pessoas com acesso à internet no país. O relatório ainda aponta que, apesar das iniciativas, o crescimento de usuários é modesto, enquanto a participação em redes sociais aumentou bastante desde os protestos da população 2013.
Ainda sobre o Brasil, foram apontadas as disparidades de acesso à rede pela população brasileira, assim como a concentração de mercado no setor, e as características do uso da internet e das redes sociais durante o período de eleições no país.
A tendência observada pela ONG em todo o mundo – e não é diferente no Brasil – é de que a censura acontece, principalmente, de uma maneira não direta, através da pressão dos governos para a retirada de conteúdo considerado inadequado, ou em desacordo com as posições aceitas nas nações.
Para conferir mais detalhes sobre a pesquisa e ter acesso aos relatórios detalhados, confira o site da Freedom House.
Referências: Diário de Pernambuco, Diário de Notícias, Freedom House
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Rafael Tadeu de Matos Ribeiro
Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), com período sanduíche na Arizona State University (EUA) e Mestrado em Ciências na área de modelagem de sistemas complexos pela Universidade de São Paulo (USP).