A escassez da água é uma preocupação real e não é algo distante, e sim para um futuro próximo. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 2,7 bilhões de pessoas devem sofrer com a falta de água em 2025. A Comissão Econômica da ONU pede um esforço principalmente dos países desenvolvidos para a proteção dos recursos hídricos.
E a partir de pesquisas, que são desenvolvidas há mais de uma década, uma alternativa para combater a escassez é a dessalinização da água dos oceanos. O objetivo é transformar a água salgada dos oceanos em água potável, através dos filtros com grafeno, tornando-as próprias para o consumo.
O cenário pode ter ficado mais otimista, mas ainda é desafiador. Isso porque o processo de dessalinização depende de altos investimentos financeiros, mas não é de hoje que é visto como uma das soluções para a escassez e problemas hídricos, juntamente com a melhor gestão dos recursos hídricos e a redução do desperdício de água.
Em 2004, pesquisadores da Universidade de Manchester apresentaram o método em que o grafeno, de camada única, seria utilizado no processo de dessalinização. O grafeno, material descoberto em 1962 e é uma das formas cristalinas do carbono, assim como é o diamante e o grafite, e apresenta características como elasticidade e condutividade elétrica.
E é possível produzir o grafeno mais facilmente em laboratório, que é o óxido de grafeno. A partir do óxido, são produzidas membranas que apresentam melhor aproveitamento. Isso porque as membranas são capazes de filtrar nanopartículas, moléculas orgânicas e sais de cristais maiores. Portanto, o óxido se mostrou mais eficiente que a camada única apresentada anteriormente.
Dessalinização com grafeno | Mais desafios
Apesar das vantagens que já apresentava, as membranas de óxido de grafeno ficavam levemente inchadas, quando em meio aquoso, fazendo com que os sais menores passassem por suas moléculas.
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Por isso, o estudo mais recente, também pela Universidade de Manchester e divulgado pela Nature Nanotechnology, mostrou como seria possível impedir esse inchaço. A solução seria inserir paredes feitas de epóxi em cada lado da membrana do grafeno, o que permitiria inclusive ajustar a passagem de mais ou menos sal.
A descoberta é importante para o avanço dos investimentos na tecnologia, que promete fazer toda a diferença quando o assunto é escassez da água. Entretanto, na pesquisa mais recentemente divulgada, o cientista Ram Denanathan afirma que é preciso mais estudo para ser possível produzir membranas de óxido de grafeno a baixo custo e em grande escala.
Dessalinização com grafeno | O processo
Os desafios permanecem, mas os avanços são significativos. A defesa é de que o processo de dessalinização deixe de ser uma tecnologia cara para ser mais acessível em diferentes países e como alternativa para combater a escassez da água.
Em 2010, o planeta exigia, com a população do período de 7 bilhões de habitantes, um consumo de 4250 km³ por ano, e apenas 0,7% deste total era proveniente de água dessalinizada. A previsão é de que em 2025, com uma população estimada em 8,1 bilhão de habitantes, haja uma demanda de 5200 km³. Caso não haja novos investimentos no setor, no máximo será entregue 4600 km³ por ano à população.
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E no Brasil não é diferente, e principalmente os grandes centros urbanos e regiões com maior densidade populacional vão demandar alternativas em um futuro ainda mais próximo contra a escassez de água. O tema já foi trazido pelo Engenharia 360, com a engenheira brasileira Nadia Ayada, que ganhou prêmio internacional por sistema de filtragem e dessalinização de água.
Com certeza será um tema sobre o qual vamos ouvir falar muito, e que merece nossa atenção e investimentos sérios no setor.
Fontes: BBC, Terra, Revista Galileu
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Luciana Reis
Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com experiência como jornalista freelancer na produção de conteúdo para revistas e blogs.