Atualização: No começo do mês de junho acontece a Parada do Orgulho LGBTQIA+ em SP. O evento tem como finalidade principal celebrar a diversidade sexual e de gênero, além de promover a igualdade e lutar pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.
A parada é um evento festivo que reúne milhões de pessoas em um desfile colorido pelas ruas da cidade, com o objetivo de combater a discriminação, o preconceito e a homofobia, bem como promover a visibilidade e o respeito à diversidade sexual. Além disso, a Parada do Orgulho LGBT+ também serve como um espaço de conscientização, educação e mobilização política, buscando promover a inclusão e a igualdade de direitos para todas as pessoas, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero.
Meu nome é Eduarda (@dudavc), sou recém formada em engenharia civil, e como estamos no mês da visibilidade LGBTQIA+, resolvi expor algumas das experiências que tive até então no ramo da engenharia, sendo do grupo em questão.
Bom, para começar, sou lésbica assumida para a minha família, só que ser lésbica assumida ao menos uma vez não é sinônimo de ser assumida em todos os lugares e ambientes em que frequento, como por exemplo o curso de engenharia e lugares em que já trabalhei. Sendo assim, é necessário múltiplas decisões em se assumir para cada grupo de pessoas que convivo, mas o questionamento é, é sempre necessário declarar minha orientação sexual? Não vemos pessoas cis gêneros e heterossexuais declarando sua identidade de gênero e orientações a todo tempo, como é esperado por nós LGBTQIA+. Isso gera sim algum incomodo, não é porque minha família hoje me aceita como sou que em todos os lugares as pessoas irão me respeitar, e mais uma vez fica o critério de se assumir ou não, no tal ambiente.
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Minha jornada como LGBTQIA+ na Engenharia
Como mulher, o ambiente da engenharia já é algo desafiador, há muito patriarquismo envolvido, e sendo assim, é um ambiente conservador por si só.
Como lésbica, esse ambiente é duas vezes mais desafiador. A princípio, eu sou bem tímida, talvez envolva a insegurança da bagagem que trago, e receosa com a recepção que irei receber, minha aparência não é padrão de uma mulher em que o conservadorismo espera, isso gera incertezas, a luta é diária e a todo momento, em conversas descontraídas e até mesmo sobre o trabalho em si há empecilhos a ser debatidos e refutados.
No curso de engenharia, como é um ambiente acadêmico, tudo se torna um pouco mais descontraído, então essa necessidade de aceitação fica mais leve.
Quando se começa a procura do primeiro estágio, existem aquelas dicas que já sabemos, aparência importa, currículo e postura excepcionais, e por aí vai. Como citado anteriormente, venho com a minha presença divergente, e é encontrado um tabú. Enfim, no primeiro estágio que entrei, na última entrevista de emprego, admito dolorosamente que mascarei um pouco do meu “eu”, mudando o penteado e alternando as roupas, por fim, não digo que foi essa a postura correta para obter esse estágio, mas entrei.
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Nesse primeiro estágio que obtive, as conversas eram singulares, trabalho era o que importava, algum tempo extra numa semana ou outra falávamos sobre nossas vidas pessoais, como eu não tinha uma relação confortável com os demais, jamais mencionei o fato de ser lésbica.
Vem o segundo estágio adquirido, onde fiquei por mais tempo, não tive essa apresentação unânime pré-requerida por empresas, pois foi concurso. Assim entrei, o começo é preciso, há aquele conhecimento geral de todos, e com o passar do tempo, todos ficaram mais próximos. É claro que num ambiente em que se trabalha com várias pessoas, nem todos sabiam de tudo sobre mim, mas alguns sim, e essa aceitação torna-se mais leve a vivência diária. Isso pode parecer bobo para alguém que seja heterossexual, mas é uma grande conquista para quem é homossexual, são essas aquisições diárias que fazem a diferença no meu dia-a-dia e os enfrentamentos frequentes que me acompanham desde sempre.
Obs: Nesse segundo estágio, já me peguei em uma discussão com o meu superior sobre a drag queen Pabllo Vittar, onde o mesmo não a considerava mulher, ou ao menos, não sabia qual o órgão genital que a Pabllo possuía. São coisas assim que temos que ouvir frequentemente, e sempre sexualizando alguém LGBTQIA+, esse eterno discurso sobre sexos e órgãos genitais, que não ouvimos constantemente com alguém cis gênero e heterossexual, mantendo-se particulares e íntimo.
E você, tem algum relato? Conte para a gente nos comentários!
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Eduardo Mikail
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