A maioria das edificações brasileiras é erguida em concretos. Soluções mais antigas foram abandonadas. Mas, arquitetos e engenheiros civis têm apostado nos resultados positivos obtidos pelos estudos envolvendo o uso de vegetais nas construções.
A maioria das edificações brasileiras é erguida através de estruturas tradicionais, feitas em concreto, metais e vidros. Soluções mais antigas foram, em grande parte, abandonadas. E novas ideias estão sendo recebidas com grande resistência por parte dos clientes e empresários. Em contrapartida, arquitetos e engenheiros civis têm apostado nos resultados positivos obtidos pelos estudos envolvendo o uso de vegetais nas construções.
“As pessoas têm absorvido essa preocupação com a sustentabilidade. Os últimos três anos foram a virada nesse sentido. Hoje é difícil ver um arquiteto que não pergunte sobre materiais sustentáveis [para elaborar um projeto].”
– Bernardo Ferracioli, em reportagem de Akatu.
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Estudos sobre o uso de vegetais nas construções
Existem várias universidades e pesquisadores independentes que estão desenvolvendo estudos que abordam o uso de vegetais na construção civil. Alguns resultados já obtidos apontam que o investimento nesses tipos de materiais alternativos pode ajudar o setor a melhorar alguns sistemas e baratear custos. A fórmula é simples. Eles são rentáveis porque são viáveis e, ao mesmo tempo, sustentáveis. Mas, claro, ainda é preciso muito mais testes para melhorar sua empregabilidade e aceitação.
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Além dos vegetais serem uma opção limpa e econômica para a construção civil eles podem ajudar os seres humanos a diminuírem a emissão de poluentes na camada de ozônio. Também a diminuir a exploração de certas matérias primas danosas ao meio ambiente e à saúde. Essas fontes renováveis, supostamente, iriam substituir os materiais tradicionalmente usados e gerar uma reação em cadeia vantajosa para todas as partes, em especial à natureza.


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O volume incalculável de resíduos produzidos e descartados – além de florestas nativas cortadas – todos os dias, são uma das causas para o aquecimento global. A indústria da construção civil é responsável pela maior parcela das emissões de CO2 na atmosfera. Esse é um problema bastante grave que o mundo vem enfrentando. O uso de vegetais para erguer e decorar casas não reverte seus efeitos negativos. Contudo, pode amenizar.

Como usar vegetais para construir casas?
Apesar de parecer ser uma ideia inovadora, o uso de vegetais na construção civil remete às práticas de civilizações do passado. No Egito Antigo, espécies como o vime eram bastante utilizadas. Em países como China, Japão, Vietnã e Tailândia, o bambu há tempos é empregado em edificações, móveis e utensílios domésticos. No Brasil, até a malva sempre foi muito conhecida e cultivada para este fim.

Pois, na contemporaneidade, o uso de vegetais é mais variado, e pode ser feito de diversas formas. Veja alguns exemplos:
- O reaproveitamento de cascas e serragem de madeira para a fabricação de blocos e tijolos.
- O reaproveitamento de fibras do coco para agregar à mistura de fibrocimento, e de sua casca para a fabricação de pastilhas de revestimento.
- A utilização do sisal em fundações de edifícios e contenção de encostas.
- A utilização da juta como reforço de concreto pré-moldado.
- A utilização do cânhamo como isolante térmico.
São outros vegetais utilizados na construção de casas: a cordoalha, a aniagem, o linho, a rami, a curuauá e a folha de bananeira.

Como utilizar alimentos para construir casas?
Muitos produtos, envolvendo o uso de vegetais para construção e decoração de casas, estão, neste momento, em desenvolvimento – embora ainda em pequena escala. Já é possível conferir no mercado ofertas de empresas para forração de armários, revestimentos de piso ou de parede com matéria-prima vegetal. Mas, será que existem itens consumidos como alimentos que poderiam estar nesta lista? Confira os exemplos a seguir!
Pupunha


A pupunha é uma espécie de palmeira bastante conhecida, pois é dela que é feita boa parte da extração de palmito, um vegetal que está presente em muitos pratos da culinária brasileira. Geralmente, depois que é cortada, sua casca vai para o lixo ou fica apodrecendo no solo, atraindo fungos e bactérias. Já o seu tronco perde a capacidade de produtividade depois de quinze anos ou ao atingir altura acima do nível de colheita. E todo esse material é muito bonito e resistente. Como resultado, alguns arquitetos estão propondo sua utilização na fabricação de chapas de compensado.
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Mamona

A mamona é uma planta da família das euforbiáceas. É dela que se derivam alguns dos óleos mais empregados na culinária e também na cosmética. Na Universidade de São Paulo, pesquisadores do setor de Química Analítica e Tecnologia dos Polímeros investigam alternativas para a substituição dos polímeros utilizados em revestimentos de estruturas de concreto. Eles descobriram uma resina de origem da mamona. Parece que, quando aplicada a matrizes cimentícias, ela eleva a resistência dos compostos, garantindo melhor desempenho das estruturas.
Banana

A banana também é um composto vegetal que pode ser empregado na construção e na decoração de casas. O refugo da sua cultura gera um volume enorme de resíduos. Depois que os cachos da fruta são colhidos, todo o mais é descartado para decomposição. Infelizmente, às vezes, esse processo também provoca um aumento na proliferação de fungos e da emissão de metano, outro gás causador do efeito estufa. Talvez esse material pudesse ter outro fim.
As fibras da bananeira são resistentes, isolantes e biodegradáveis. Elas são capazes de substituir certos substratos que fazer parte da composição de móveis e revestimentos de paredes e pisos, como o MDF – material derivado da madeira. Mais notável exemplo é o BPV, já utilizado na decoração, arquitetura e construção civil.

Fontes: Akatu, Ebah, Blog Arquitetura Interiores, Eco Casa.
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Simone Tagliani
Graduada em Arquitetura & Urbanismo e Letras; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais e Jornalismo Digital; e proprietária da empresa Visual Ideias.