Pesquisadores da RMIT University, na Austrália, desenvolveram uma esponja microscópica que é capaz de transformar o óleo de cozinha sujo em biodiesel de baixo carbono de um modo muito mais fácil e barato que o utilizado atualmente. Essa microesponja também pode ter outras aplicações, segundo os pesquisadores.
Atualmente, para ser usado como combustível, o óleo de cozinha precisa passar por um processo de limpeza que consome muita energia. Os métodos de produção só podem usar matérias-primas puras, com no máximo 2% de contaminantes.
A esponja microscópica funciona como uma espécie de catalisados ultraeficiente. Ela transforma moléculas complexas por meio de diversas matérias-primas impuras e é tão eficiente que pode suportar matérias-primas com até 50% de contaminantes.
Para fazer o novo catalisador ultraeficiente, os pesquisadores fabricaram uma esponja de cerâmica de tamanho mícron (que é 100 vezes mais fina que um cabelo humano, por exemplo) que é altamente porosa e contém diferentes componentes ativos especializados. As moléculas passam inicialmente por grandes poros, onde ocorre uma primeira reação química. Depois, elas passam por poros menores, sofrendo uma segunda reação.
![Tecnologia é capaz de converter óleo de cozinha usado em biocombustível com baixo custo catalisador esponja de cerâmica porosa fabricada no estudo (ampliada 20.000 vezes).](https://engenharia360.com/wp-content/uploads/2020/10/news-catalyst-sponge.jpg)
Karen Wilson, da RMIT, afirmo que o novo design do catalisador imita a maneira como as enzimas nas células humanas coordenam reações químicas complexas. “Catalisadores foram desenvolvidos anteriormente para realizar várias reações simultâneas, mas essas abordagens oferecem pouco controle sobre a química e tendem a ser ineficientes e imprevisíveis”, disse.
Segundo o site da RMIT, “É tão eficiente que poderia dobrar a produtividade dos processos de manufatura para transformar lixo, como restos de comida, microplásticos e pneus velhos, em precursores químicos de alto valor usados para fazer qualquer coisa, desde medicamentos e fertilizantes até embalagens biodegradáveis.”
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Esta é a primeira vez que um catalisador multifuncional que pode realizar várias reações químicas em sequência dentro de uma única partícula de catalisador é desenvolvido. Isso pode ser uma virada de jogo para o mercado global de catalisadores, de US$ 34 bilhões.
Além de ajudar agregar valor a recursos que seriam descartados, os a tecnologia é capaz de ajudar a reduzir a poluição ambiental da fabricação de produtos químicos, uma vez que aumenta a eficiência dos processos. É o caminho para a química verde.
O novo catalisador já pode ser usado imediatamente para produzir biodiesel. Com algumas modificações, ele pode ser adaptado para produzir combustível de aviação por meio de resíduos agrícolas e florestais, pneus de borracha velhos e até mesmo algas.
O próximo passo dos cientistas é ampliar a fabricação do catalisador de gramas para quilogramas e usar tecnologias de impressão 3D par acelerar a comercialização. A pesquisa completa foi publicada na revista Nature Catalysis (clique aqui para acessar).
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Fonte: RMIT University.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.