Recentemente, vários teóricos têm proposto discussões sobre equidade versus desigualdade, tentando alertar as pessoas sobre como nós temos vivido em sociedade, convivendo com um desenvolvimentos precários. Infelizmente, em pleno século XXI, ainda precisamos discutir questões como diferenças entre gênero, raça, cor e muito mais. E estes cidadãos, que são chamados de minoria, têm juntado forças para transformar a realidade. No mundo da arquitetura, isso significa um desenvolvimento urbano e igualitário. E você sabe como isso seria possível? Descubra no texto a seguir!
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Formas de promover um desenvolvimento urbano igualitário
1. Parcelamento e direito sobre o solo
A maior parte da população brasileira vive hoje no meio urbano. Por conta do desenvolvimento desordenado deste território, é comum que surjam frequentemente tantas tensões e brigas envolvendo o parcelamento do solo e a instalação de unidades básicas de serviços - como áreas verdes, postos de saúde e mais. E será que todos que vivem nestas zonas recebem as mesmas oportunidades? Têm o mesmo direito sobre a cidade? É claro que não!
Seria preciso coordenar tudo isso de forma urgente, primeiro pensando numa ocupação de território mais compacta e auto sustentável. E quanto aos outros problemas, eles só poderiam ser resolvidos com boas ações iniciadas por gestores públicos em união com aqueles que vivem no próprio território - levando em consideração seus dilemas e problemas que enfrentam no cotidiano, envolvendo estes cidadão na elaboração de uma agenda e na discussão de soluções.
2. Reconhecimento da desigualdade
Nada de bom pode sair deste trabalho dos gestores e planejadores urbanos se os mesmos não admitirem quais são os reais problemas da sua sociedade e o que está, de fato, ao seu alcance para resolver. E dentro dessa questão aparece, obviamente, a desigualdade socioespacial - algo que afeta ainda mais quem reside na periferia e está em situação de vulnerabilidade.
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3. Qualificação profissional científica
Só pode dar as respostas quem as tem!
O planejamento das cidades, por exemplo, é uma coisa que só poderia começar com o trabalho de um arquiteto urbanista. Outras questões também só poderiam ser respondidas por pesquisadores na área da saúde e mais. Só que no Brasil, por algum motivo, tem político que acha que pode encontrar sozinho e sem experiência adequada todas as soluções, negando a capacidade científica de achar as melhores alternativas para a população e o meio ambiente. A consequência muitas vezes é a desistência da formação profissional superior e especialização nas áreas nas quais estamos mais deficientes!
4. Representação igualitária na arquitetura
De acordo com o Instituto Americano de Arquitetos, a maior parte dos profissionais dessa área no país são homens brancos. Se tomarmos este dados como base, podemos acreditar que a maior parte dos arquitetos no mundo não são mulheres e não são pessoas de cor ou indígenas. E o que isso nos diz? Quer dizer que as pessoas que representam comunidades diferentes, com pensamentos, culturas e necessidades distintas não estão sendo ouvidos de forma igualitária. E se fossem, isto traria um desenvolvimento diferente e melhorado para os projetos de arquitetura e urbanismo no mundo!
Como será que as pessoas portadoras de alguma dificuldade se sentem nas cidades brasileiras? Os moradores de rua que precisam lidar todos os dias com uma arquitetura hostil, que os expulsa dos espaços públicos? As pessoas que passam fome e que poderiam se beneficiar de projetos sustentáveis, como das hortas urbanas? E os trabalhadores que encontram dificuldade em uma rede de infraestrutura de transporte público totalmente caótica?
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5. Mobilidade e acessibilidade
Por falar na questão do trânsito, as cidades brasileiras parecem colocar os carros em primeiro lugar antes dos pedestres e ciclistas. Em alguns locais, existe um disparate entre o percentual de edifícios residenciais sobre comerciais e edifícios altos sobre baixos, ou vice-e-versa. E tem muitas regiões que possuem um índice de folhagens significativamente baixo, enquanto tem outras com árvores frondosas que jamais passam por qualquer avaliação, caindo no primeiro temporal.
E por que citamos todas estas coisas? Porque mobilidade e acessibilidade não tem a ver só com carros e pedestres. Isso também faz relação com uma variedade de narrativas socioeconômicas e a capacidade de um projeto urbano considerar essas diferenças, prevendo a resiliência e as constantes mudanças de uma cidade!
6. Estética urbana
Por fim, existe mais uma coisa que a arquitetura pode fazer para a construção de um território brasileiro mais igualitário, que é o tratamento das fachadas das moradias.
Sim, alguns bairros de cidades brasileiras precisam de um projeto de intervenção urgente para que voltem a ter a boa aparência que tinham um dia. Isso traria vários benefícios, como o afastamento da criminalidade, a valorização dos imóveis e o engajamento da comunidade. Veja o que disse o arquiteto Ruy Ohtake quando trabalhou com a paisagem de Heliópolis, na região sudeste de São Paulo:
"Procuro fazer com que a estética seja de toda a cidade, junto com a preocupação social, acompanhando o desenvolvimento da comunidade."
Se todos os profissionais pensam como Ohtake? É claro que não! Infelizmente a Arquitetura Brasileira ainda é muito tradicionalista e conservadora! Muitos ainda preferem seguir sistemas e tendências já ultrapassadas ou simplesmente desconsideram a opinião de diversos personagens que habitam as nossas cidades. Por conta disso, abriu-se a brecha para que oportunistas tomassem o lugar do bom planejamento urbano, negando o direito básico àqueles que necessitam. E está mais do que na hora de mudarmos esta situação!
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Fontes: UOL, O Estadão, O Estadão 2, CAURS, Vitruvius, ArchDaily.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.