Recentemente, vários veículos de imprensa noticiaram um grave acidente de Engenharia ocorrido num prédio residencial localizado em Vila Velha, no Espírito Santo. Conforme se observa no vídeo, houve uma ruptura do fundo da piscina.
De acordo com o gerente de fiscalização do CREA local, o Engenheiro Civil Leonardo Leal, foi identificado problemas estruturais. Continue lendo este texto para saber mais!
Por que ocorreu esse tipo de acidente?
Sabe-se que o fundo dessa piscina, que era o teto do subsolo da garagem do edifício, era uma estrutura em forma de laje. Algo assim precisa ser sempre muito bem dimensionado para que consiga sustentar grandes cargas. Neste caso, era o peso da água da piscina!
Numa situação como esta, o fundo deve ser devidamente solidarizado às paredes. E isso pode ser garantido utilizando-se a própria ferragem que compõem a laje de fundo.
Essa solidarização é chamada de ancoragem da armadura e a Norma Brasileira NBR 6118 para 'Projeto de Estruturas de Concreto', possui um capítulo dedicado à esse tema, recomendando comprimentos de ancoragem adequados, como função:
- das resistências do concreto e do aço; e
- do diâmetro da barra de aço utilizada.
Sobre o processo de ancoragem da armadura
Essa ancoragem pode se dar por barras retas, caso se disponha de comprimento adequado e calculado de acordo com a NBR-6118; ou pode-se utilizar a barra dobrada na ponta, quando o comprimento disponível é inferior ao necessário para ancorar uma barra reta. Observe atentamente a ilustração apresentada a seguir!
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Como é de conhecimento dos colegas arquitetos e engenheiros civis, o concreto trabalha muito bem à compressão. Porém, à tração, ele é pouco eficiente! Por essa razão são dimensionadas as armaduras - que são barras de ferro que trabalham muito bem à tração e são aplicadas para garantir a correta transmissão dos esforços.
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Hipóteses para o acidente de Vila Velha
No acidente em questão, pode ter havido dois tipos de problema:
- ou o projeto não considerou adequadamente o comprimento de ancoragem das barras da laje do fundo da piscina;
- ou, caso o projeto tenha sido considerado, a construtora não seguiu o projeto.
Uma vez que uma dessas falhas tenha ocorrido, a segurança estrutural dessa laje do fundo da piscina foi comprometida, implicando em seu colapso/ruptura. Como consequência, houve ruptura das tubulações que passavam sob essa laje ou no teto da garagem, o que explica o forte cheiro de gás sentido pelos moradores.
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Esse caso mostra a importância de um projeto bem feito e atenção redobrada na execução de detalhes construtivos dessa natureza, em que o concreto armado - concreto + armadura - deva trabalhar de forma conjunta a fim de garantir a segurança estrutural do todo!
Veja o vídeo do acidente:
E você, também ficou impressionado com este caso? Imagina outra hipótese para o acidente? Escreva nos comentários!
Fonte: G1.
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Comentários
Cristiano Oliveira da Silva
Engenheiro Civil; formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; com conhecimentos em 'BIM Manager at OEC'; promove palestras com foco em Capacitação e Disseminação de BIM / Soft Skills.