Em tempos de aquecimento global e muito calor, a descoberta de um material que resfria até sob o sol parece causar um certo alívio, não é mesmo? Trata-se de uma espécie de filme plástico, um material híbrido de polímero e vidro, com 50 micrômetros de espessura (semelhante a uma folha de alumínio) e baixo custo de produção. A novidade, que foi divulgada pela revista Science, absorve pouquíssima luz visível, mas atrai o calor de qualquer superfície que toca.
Ao ser combinado com uma película de prata espelhada, o material resfria objetos em até 10°C, dissipando a energia térmica do sol na forma de radiação infravermelha. O produto poderia ser aplicado em painéis solares, aumentando a vida útil dos equipamentos, que são mais eficientes sob temperaturas mais baixas.
Além disso, por ser barato e, por isso mesmo, poder ser fabricado em grandes volumes, o filme seria ideal para a refrigeração passiva de edifícios e até usinas termoelétricas. No segundo caso, evitaria o desperdício de água e eletricidade usadas para resfriar a temperatura de máquinas e sistemas.
Como é feito o novo material?
O novo material é resultado do aprimoramento de uma pesquisa anterior, da Universidade de Stanford: uma película de vidro e dióxido de háfnio que reflete quase toda a luz que recebe, ao mesmo tempo em que emite infravermelho médio. Isso faz com que consiga resfriar as superfícies em até 5°C. Entretanto, o processo é mais caro e não funciona tão bem em grande escala.
Xiaobo Yin, da Universidade do Colorado, teve a ideia de inserir microesferas de vidro (cerca de 8 micrômetros de diâmetro, ou seja, um pouco maior do que um glóbulo vermelho) na película, o que faria com que a emissão de infravermelho fosse mais forte.
A partir do polimetilpenteno, um plástico transparente, ele e sua equipe misturaram pó de vidro e formaram folhas de 300 milímetros de largura, revestidas com uma fina camada de prata espelhada. Ao ser colocado sobre objetos e exposto ao sol, a camada inferior de prata do material refletia quase toda a luz visível, fazendo com que o filme absorvesse apenas 4% dos fótons.
Enquanto isso, a película absorveu o calor da superfície do objeto e irradiou a energia com uma frequência mínima. Com isso, a radiação flui sem aquecer o ar ou o material que envolve o objeto, fazendo com que a temperatura seja reduzida a até 10°C.
Os pesquisadores estimam que o metro quadrado da película custe entre 25 e 50 centavos de dólares. Por enquanto, Yin e sua equipe estudam uma maneira de aplicar o material para uso em edifícios e usinas termoelétricas, sem a necessidade do revestimento de prata espelhada.
Fontes: UOL Notícias e Science.