Engenharia 360

30 anos após o desastre, Chernobyl ganha novo sarcófago de proteção

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por Simone Tagliani
| 20/01/2017 | Atualizado em 29/10/2024 4 min
(imagem extraída de Opinião e Notícia)

30 anos após o desastre, Chernobyl ganha novo sarcófago de proteção

por Simone Tagliani | 20/01/2017 | Atualizado em 29/10/2024
(imagem extraída de Opinião e Notícia)
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O terremoto e tsunami no Japão, em 2011, que resultou em um grave acidente na usina de Fukushima, serviram de alerta ao mundo sobre os riscos da exploração de energia nuclear. Devido às ações impensadas, egoístas e gananciosas do homem, principalmente nas últimas décadas, o meio ambiente está mais desprotegido do que nunca.  Desastres como o de Chernobyl, ocorrido em 1986, na Ucrânia, podem voltar a acontecer dentro de pouco tempo. Esse foi o alerta dado pelo Greenpeace Rússia, em 2009.

De acordo com a organização, as antigas instalações estão em péssimo estado de conservação. Há um risco extremo de vazamento de material radioativo. Se isso ocorrer, trará prejuízos enormes à economia. E, o mais grave, uma nova contaminação ao meio. Pensando nessa possibilidade, quarenta países se uniram ao Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento e ao consórcio francês Novarka para a construção do Novo Confinamento Seguro para Chernobyl.

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(imagem extraída de Sobre Vivencialismo)

O desastre de Chernobyl

Chernobyl virou sinônimo de pior acidente nuclear visto na história. Já se passaram três décadas da catástrofe ocorrida na Ucrânia.  O número de vítimas é uma incógnita. Mas não há dúvidas da enorme destruição causada pelo homem, principalmente à natureza. As consequências desse evento podem ser percebidas pelo cenário desolador da cidade fantasma de Pripyat.

A atmosfera local ainda está contaminada com a radiação. Depois da explosão do reator quatro da usina, nos anos oitenta, uma nuvem tóxica foi liberada, atingindo até países vizinhos, como Belarus e Rússia. Todo o complexo foi desativado somente no ano de 2000. E, mesmo assim, ainda abriga material nuclear, que mistura elementos como urânio e plutônio. Por isso, ecologistas de todo o mundo consideram esse local uma ameaça constante à vida na Terra.

Primeira estrutura de controle para Chernobyl

Depois do acidente em Chernobyl, centenas de toneladas de lava radioativa ameaçavam vazar do reator quatro da usina. Nesse momento, a comunidade internacional se comprometeu em construir uma estrutura mais segura ao redor do equipamento, uma blindagem que isolasse a fuga do material.

Porém, a camada de concreto pesado, embora seja o melhor isolante radioativo existente, não foi adequadamente fabricada e monitorada, pois colocaria mais vidas humanas em risco. Tudo foi feito às pressas. E devido à trabalhabilidade normal do material, os agregados graúdos começaram a segregar. Não demorou muito para se perceber o estágio frágil em que se encontrava o antigo sarcófago. Viu-se, então, a necessidade de um novo e confiável sistema de confinamento.

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Veja, no vídeo abaixo, como é a estrutura do reator quatro da usina de Chernobyl:

O novo sarcófago

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(imagem extraída de Blog Curioso)

A antiga estrutura de concreto, construída sobre o reator, apresenta fendas de até cem metros. Na parte superior da instalação a radiação ainda é bastante intensa. Por isso, há um temor das autoridades de que tudo ceda, liberando a lava e os gases contaminantes. O novo sarcófago protegerá a área pelos próximos cem anos. Ou seja, não resolverá os problemas, mas dará mais tempo para os cientistas encontrarem uma forma de armazenar o combustível em um lugar mais seguro.

O NSC - Novo Confinamento Seguro - foi idealizado no início dos anos noventa e começou a ser construído em 2010. Até o final desse ano, 2017, a urna de aço já estará operando plenamente. A maior estrutura móvel do mundo tem 110m de largura, 150m de altura e 256m de comprimento, somando trinta mil toneladas. Em sua complexidade, o sistema de capa dupla regulará a umidade, suportará temperaturas extremas entre -43ºC a +45ºC e terremotos de até magnitude três.

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(imagem extraída de Opinião e Notícia)

As etapas construtivas do NSC

As primeiras peças do novo sarcófago para Chernobyl foram fabricadas e transferidas a partir da Itália. A construção começou pelo ponto central do arco. Cada segmento da estrutura foi montado numa área a 180m de distância do reator. Depois disso, o conjunto foi empurrado sobre barras de metal, até o ponto final previsto para instalação. Durante o processo, foi preciso remover a chaminé da velha estrutura. Isso se deu com a ajuda de uma ferramenta de plasma e um guindaste, que removeu os pedaços um a um.

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Entenda melhor como foram todas as etapas construtivas desse novo sarcófago para Chernobyl:

O futuro de Chernobyl

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(imagem extraída de Share America)

O novo sarcófago sobre o reator quatro de Chernobyl possui guindastes em seu interior, movidos por controle remoto. Depois de finalizada a instalação, em 2017, os cientistas desejam usá-los para remover o teto da antiga estrutura de proteção, antes que possa desabar. Quando for possível, seus restos serão armazenados com todo o material nuclear e demais elementos instáveis, em um local mais seguro.

Até 2018, todo o existente até as áreas imadiatas à Chernobyl deverá ser desativado. A decisão do governo ucraniano prevê também enterrar as toneladas de combustível nuclear sob a central. Para isso, contará com a ajuda da companhia americana Holtec International. Mesmo com as medidas adotadas desde o desastre, acredita-se que seja impossível viver na região pelos próximos trezentos anos.

Acompanhe, no vídeo abaixo, a movimentação da nova estrutura sobre o reator quatro de Chernobyl:


Fontes: Jornal Zero Hora, Yahoo, Green Peace, Revista Veja, Revista Exame.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

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