Atualmente, há mais de 7 milhões de veículos elétricos em circulação. Dez anos atrás, eram apenas cerca de 20 mil. Isso representa um grande avanço, porém, segundo uma pesquisa da University of Toronto, ainda não é suficiente para ajudar no combate às mudanças climáticas.
Alexandre Milovanoff, principal autor do estudo publicado na revista Nature Climate Change, afirmou que os veículos elétricos são necessários, mas que, por si só, não são suficientes. Junto a outros pesquisadores, ele modelou os impactos das mudanças tecnológicas em uma série de fatores ambientais.
Para os veículos elétricos, eles fizeram uma análise detalhada sobre como uma mudança em larga escala promoveria mudanças no sentido de emissões e impactos relacionados. Foram construídos modelos computacionais seriam necessários para manter o aumento nas temperaturas médias globais menor que dois graus acima dos níveis pré-industriais até o ano de 2100.
Para testar, eles escolheram analisar os Estados Unidos, que ficam apenas atrás da China no quesito venda de veículos de passageiros. O método consiste em converter a meta em um orçamento de carbono para veículo de passageiros dos EUA e, em seguida, determinar quantos veículos elétricos seriam necessários para ficar dentro desse orçamento.
“Escolhemos os EUA porque eles têm veículos grandes e pesados, bem como uma alta propriedade de veículos per capita e uma alta taxa de viagens per capita. (…) Também há muitos dados de alta qualidade disponíveis, então achamos que eles nos dariam as respostas mais claras.”
Alexandre Milovanoff, principal autor do estudo
O resultado obtido é que é preciso ter muitos veículos elétricos em circulação, caindo em um cenário surreal. Seriam necessários cerca de 350 milhões de veículos elétricos circulando nos EUA até 2050 para conseguir cumprir a meta. Isso representa cerca de 90% do total de veículos estimado em operação na época. Atualmente, essa proporção é de 0,3%.
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Essa frota de veículos elétricos estimada aumentaria a demanda atual de eletricidade em 1.730 TWh (um aumento de 41%). Para isso, seria preciso ter um investimento grande em infraestrutura e em novas usinas de energia (dentre as quais muitas operariam com combustíveis fósseis).
O gerenciamento da rede elétrica nacional também ficaria mais complexo, uma vez que a curva de demanda pode ser impactada. Além disso, seria necessário ter um grande fornecimento de materiais para as baterias, como lítio, cobalto e manganês – sem mencionar a demanda por baterias mais eficientes.
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Com esse cenário, a equipe de pesquisa recomenda que, no lugar de colocar a frota de 350 milhões de veículos em circulação, seja feita uma combinação de políticas, como investir em transporte público, em planejamento urbano (redesenhando cidades para pedestres e ciclistas) e até mesmo o home office.
Outros países possuem metas ambiciosas para veículos elétricos. Na Noruega, por exemplo, os veículos elétricos já representam mais da metade das vendas de automóveis novos e o plano do governo é eliminar a venda de veículos de combustão interna até 2025. A Holanda pretende fazer o mesmo até 2030 e a França e o Canadá até 2040.
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Fontes: University of Toronto
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.