Engenharia 360

Microfibras: suas roupas podem poluir o meio ambiente e você nem sabia!

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por Kamila Jessie
| 08/11/2019 | Atualizado em 30/06/2022 3 min

Microfibras: suas roupas podem poluir o meio ambiente e você nem sabia!

por Kamila Jessie | 08/11/2019 | Atualizado em 30/06/2022
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Engenharia e meio ambiente estão conectados em vários segmentos: controle de emissões gasosas poluentes, tratamento e destinação adequada de efluentes líquidos (o tal do esgoto), materiais eco-friendly, dentre outros. Aqui a gente comenta como microfibras estão associadas à poluição ambiental e a relevância disso para a gente.

microfibras
Imagem: bluetubebeach.org

O que são microfibras?

Microfibras são fibras sintéticas, com um diâmetro inferior a dez micrometros. Isso é menor que o diâmetro de um fio de seda, cerca de 1/5 do diâmetro de um fio de cabelo. Os tipos mais comuns de microfibras são feitos de poliésteres, poliamidas ou uma conjugação de poliéster, poliamida e polipropileno.

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A microfibra é usada para confeccionar os mais diversos
produtos, desde tapetes, malhas e roupas, até estofados, filtros industriais e
produtos de limpeza. A forma, o tamanho e as combinações de fibras sintéticas
são selecionados para características específicas, incluindo maciez,
resistência, absorção, repelência à água, eletrostática e recursos de filtragem.
Essa gama de aplicações dá ao pessoal de Materiais um leque de serviços.

Como microfibras vão parar no ambiente?

Versáteis e úteis como os plásticos, as microfibras também apresentam problemas. E ele começa na máquina de lavar e vai parar em rios e solos.

Para ter uma noção de escala e referências de dados, a gente pode reduzir a uma cidade: Toronto, no Canadá. Um estudo calculou que uma única carga de roupa poderia “soltar” entre 91.000 e 138.000 microfibras no ambiente. A gente não vê isso, mas na escala de uma cidade, os 1,2 milhão de domicílios fazem uma média anual de 219 lavagens de roupa. Assim, a cada ano, Toronto pode estar lavando 23 a 36 trilhões de microfibras em seu esgoto. Podemos considerar que a estação de tratamento de esgoto separa de 83 a 99,9% dos microplásticos da entrada, dependendo de qual instalação e qual estudo você está procurando, mas isso ainda significaria 234 a 356 bilhões de microfibras fluindo para o ambiente a cada ano em uma cidade. E vale ressaltar que há locais pelo planeta, incluindo grande parte do Brasil, onde não há cobertura de esgotamento sanitário, quiçá tratamento.

microfibras
Imagem: whirlpool.com

Como o usuário pode evitar a poluição por esses materiais?

Pontualmente, a gente pode citar ações como:

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  • Evitar o consumo de fast fashion, em que as roupas não apresentam boa qualidade e podem desintegrar microfibras com facilidade.
  • Lavar roupa a baixa temperatura. Temperaturas mais altas resultam em mais fibras sendo liberadas.
  • Acumular roupa para lavar, pois uma carga completa resulta em menos fibras sendo liberadas, visto que há menos atrito, na medida em que a lavadora está mais cheia.
  • Optar por lavagens mais curtas - mais uma vez, isso reduz o atrito entre os tecidos (além de ser mais rápido e gastar menos energia).
  • Usar sabão líquido em vez de sabão em pó. Os grãos do pó podem resultar no afrouxamento das fibras.
  • Escolher velocidades menores de centrifugação para reduzir as chances de soltar as fibras.
  • Evitar usar detergentes com alto pH e agentes oxidantes. Alguns amaciantes também ajudam a reduzir o atrito.

Uma opção muito eficaz é impedir que as fibras cheguem no esgoto, por meio da instalação de filtros na saída da máquina de lavar. Um estudo mostrou o efeito positivo disso, mas aí a gente entra na questão: isso seria papel do usuário? Cabe à engenharia acoplar este tipo de solução, end-of-pipe ou não para evitar as emissões poluentes.

uso de sacola para lavagem que retenhamicrofibras
Imagem: guppyfriend.com

Como a indústria pode agir no controle da poluição por microfibras?

Aí vem a deixa do papel da Engenharia Ambiental (e mesmo o
pessoal da Mecânica com filtros e peneiras automatizadas) na concepção de
mecanismos para sequestrar as microfibras antes da sua liberação no ambiente,
seja na hora das lavagens ou na maior especialização das unidades de tratamento
de efluentes.

Ao falar desse processo de separação, gera-se uma outra questão: o concentrado de microfibras, que têm um caráter sintético e deve ser gerenciado de forma correta. Ele tem alguma aplicabilidade? Bem, cabe às Materiais nos dizer.


Fontes: Wired. BBC. Wikipedia.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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