O Japão sempre esteve na vanguarda quando se trata de responsabilidade ambiental e inovação tecnológica. Inclusive, desde os anos de 1960, o país já vem implementado políticas rigorosas para combater a poluição industrial e promover o alto aproveitamento de recursos. Isso inspirou o desenvolvimento de diversos projetos de engenharia. Como exemplo, queremos citar a iniciativa da Universidade de Tóquio, que criou um modelo exemplar de tijolo verde para construção civil.
No artigo a seguir, do Engenharia 360, vamos explorar, por meio deste exemplo de caso, como engenheiros, cientistas e outros especialistas estão trabalhando para desenvolver tecnologias alinhas com os objetivos atuais de sustentabilidade global. Confira!
O problema do concreto tradicional e a revolução verde nos canteiros de obras
Antes de tudo, vale destacar que a produção do concreto tradicional - um dos materiais mais utilizados pela construção civil - envolve um processo industrial altamente poluente, custando muito ao meio ambiente. A etapa de calagem, por exemplo, exige altas temperaturas, liberando grandes quantidades de CO2 na atmosfera. Além disso, a extração de matéria-prima para fabricação da massa contribui para degradação ambiental e esgotamento de recursos naturais.
A saber, as reservas de calcário, essencial para a produção do cimento, estão contribuindo rapidamente, sobretudo em países com recursos naturais limitados, como é o caso do Japão.
Foi pensando nisso tudo que pesquisadores da Universidade de Tóquio pensaram em uma alternativa para a fabricação de concreto, considerando todo e qualquer impacto na indústria da construção. Assim, eles introduziram ao mundo um novo tipo de tijolo ecológico, o tijolo verde batizado de "Calcium Carbonate Circulation System for Construction" (C4S). O mesmo é feito a partir de concreto reciclado e dióxido de carbono (CO2).
A produção do tijolo verde de concreto reciclado e CO2
O desenvolvimento da fórmula do novo tijolo verde começou em 2021, mas só recentemente chegou ao conhecimento da comunidade científica. Como dito antes, o objetivo era encontrar uma solução para o alto custo ambiental da produção de concreto e a escassez de cálcio no Japão. Os engenheiros da Universidade de Tóquio aproveitaram os destroços de uma escola demolida para criar algo como um "pó carbonato", com concreto reciclado com CO2 - que pode ser eventualmente capturado do ar ou de processos industriais.
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As peças resultantes são chamadas de tijolos verdes porque a cor resultante das peças moldadas é, literalmente, mais próxima do verde. Além disso, porque são, claro, o produto de uma abordagem mais ecológica para a construção.
Passo a passo para fabricação
- Coleta de materiais: Para criar os novos tijolos, os pesquisadores de Tóquio pegaram primeiro concreto antigo.
- Moagem: As velhas peças de construção são trituradas.
- Mistura, pressurização e moldagem: O pó é então misturado a uma solução com bicarbonato de cálcio e colocado sob pressão e temperatura em moldes específicos. Neste processo, o CO2 é utilizado como aglomerante. O tempo de "cura" leva aproximadamente três meses.
O resultado são tijolos novos, robustos, com propriedades mecânicas semelhantes ao concreto tradicional, mas com um impacto ambiental significativamente menor. Os mesmos poderiam ser utilizados, em tese, para construção de casas e calçadas comuns.
Os principais benefícios dos tijolos ecológicos
Os tijolos ecológicos oferecem uma série de benefícios significativos:
- Sustentabilidade: Redução da emissão de gases do efeito estufa, menor consumo de energia e água, e reutilização de materiais.
- Economia circular: Fechamento do ciclo de vida do concreto, reduzindo a necessidade de extração de novas matérias-primas.
- Versatilidade: Pode ser utilizado em diversas aplicações, como construção de casas, edifícios comerciais e infraestrutura.
- Resistência: Apresenta propriedades mecânicas semelhantes ao concreto tradicional.
As perspectivas futuras para a construção civil
A condução de novos projetos de tijolos ecológicos indica que a indústria da construção civil caminha, sim, em direção a um futuro mais verde. Porém, a ciência ainda não tem informações suficientes sobre resistência e durabilidade para "bater o martelo" e afirmar que esses tijolos podem substituir cem por cento o concreto tradicional. Sem contar que as peças produzidas hoje ainda não são muito pequenas para grandes construções.
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Os pesquisadores estão trabalhando para resolver todas essas questões. De fato, o objetivo é que os tijolos verdes sejam usados um dia em obras de estruturas maiores, feitas exclusivamente desse material.
Então aí, nesse cenário, veremos tal prática de engenharia - com uma pegada ecológica menor - mais comum na construção civil, contribuindo efetivamente para:
- redução das emissões de carbono;
- redução da dependência de novos recursos;
- uso de materiais como concreto reciclado, bambu, madeira de reflorestamentos e materiais biodegradáveis;
- mitigação das mudanças climáticas;
- preservação do meio ambiente;
- e promoção de um futuro mais sustentável.
Então, o que achou dessa revolução verde na construção civil japonesa? Acredita que os tijolos ecológicos podem ser o futuro das obras sustentáveis?
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Fontes: Olhar Digital.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.