Os cientistas já desenvolveram uma tecnologia que pode transformar o futuro do uso da terra no Brasil, sabia disso? Imagine o poder identificar, com 95% de precisão e em tempo real, uma área inteira de vegetação, seja florestal ou de agricultura. Depois poder utilizar esses dados para prever colheitas ou realizar a preservação do meio ambiente com bastante planejamento. Isso seria possível através da inteligência geográfica, uma metodologia desenvolvida por meio de um estudo inovador da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Tupã.
No artigo a seguir, do Engenharia 360, vamos explorar como essa tecnologia Pode beneficiar estratégias para o agronegócio e o meio ambiente. Confira!
O que é inteligência geográfica e como ela funciona
A inteligência geográfica ou inteligência geoespacial é uma tecnologia que se baseia no uso de ferramentas como sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica (SIG), imagens de satélite, algoritmos de Inteligência Artificial, aprendizado de máquina e análise de dados espaciais para entender e gerenciar um território. Com tudo isso, pode-se obter em sites específicos sobre o uso da terra, recursos naturais, mudanças climáticas e muito mais.
No contexto da agricultura seria possível monitorar com mais precisão as plantações, identificar áreas de desmatamento, prever safras e melhorar o uso de insumos, tudo com o objetivo de aumentar a produtividade e reduzir o impacto ambiental.
Técnica da Geobia
Vale destacar que os cientistas da Unesp utilizaram em seus estudos a técnica da geobia (Geographic Object-Based Image Analysis), que agrupa pixels semelhantes em “geo-objetos” que compartilham características como forma, cor, textura, refletividade e comportamento ao longo do tempo. Aliás, é isso que permite a interpretação mais próxima da realidade, já que reduz drasticamente os erros nas bordas entre diferentes tipos de cobertura de solo, como pastagem e floresta.
Um dos grandes diferenciais desse trabalho é o uso da arquitetura de cubos de dados, popularizada pelo projeto Brasil Data Club, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A saber, os cubos de dados permitem organizar grandes volumes de informações geoespaciais - latitude, longitude e tempo - em três dimensões. Isso facilita o acompanhamento contínuo de áreas ao longo de uma safra, ano ou década.
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Aplicações e benefícios da metodologia desenvolvida pela Unesp
Uma nova metodologia desenvolvida pela Unesp tem diversas aplicações práticas. Ela pode ser utilizada para:
- Mapeamento preciso do uso da terra: Uma metodologia permite delimitar com precisão áreas de floresta amazônica, florestas de Cerrado, pastagens e culturas agrícolas em sistema de cultivo duplo.
- Estimativa de área e produtividade: A abordagem consegue identificar os alvos de forma aderente, o que possibilita estimar a área de cultivo ainda dentro de uma mesma safra, favorecendo estimativas de produtividade.
- Planejamento territorial: A metodologia fornece subsídios para ações de planejamento territorial e tudo o que trata do uso e da cobertura da terra para tomada de decisão.
- Monitoramento ambiental: Uma metodologia permite analisar perturbações em florestas e outros tipos de vegetação natural, identificando desmatamento e manipulação de forma mais rápida.
O uso da inteligência geográfica na agricultura brasileira
Atualmente, o Brasil trabalha para reduzir sua dependência de plataformas estrangeiras e fortalecer sua soberania sobre o território, melhorando sua capacidade de planejamento estratégico em larga escala. Para isso, sabe-se que é preciso dominar e aplicar mais métodos avançados de análise territorial com base em dados próprios. Neste contexto, podemos contar com soluções de inteligência geográfica como alternativas confiáveis e acessíveis a órgãos públicos, universidades e empresas do setor agrícola, permitindo a democratização do acesso à informação geoespacial de alta qualidade.
Como bem podemos entender ao longo deste texto, a aplicação de tecnologias geoespaciais na agricultura pode aumentar a eficiência da produção, reduzir custos e minimizar o impacto ambiental. Com uso de imagens de satélite e drones, é possível acompanhar o desenvolvimento das culturas, identificar áreas com problemas de fiscalização ou infestação de regras e tomar medidas corretivas de forma rápida e eficiente. A inteligência geográfica deve ajudar a identificar áreas com maior potencial agrícola, definir quais culturas são mais adequadas para cada região e como usar melhor os recursos naturais.
O caso de Mato Grosso
O estudo da Unesp foi realizado com dados do estado Mato Grosso, líder na produção de grãos do Brasil, e que também abriga parte da Amazônia, Cerrado e Pantanal. As informações coletadas na safra de 2016/2017 ajudaram os pesquisadores a classificar com precisão áreas cultivadas com soja, milho, algodão, milheto, girassol, cana-de-açúcar, e mais. Aliás, com a abordagem da Geobia, foi possível detectar até mesmo práticas de cultivo duplo e variações de uso da terra ao longo do ano. A taxa de acerto no mapeamento foi de 95%.
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O futuro da agricultura com a inteligência geográfica
Acredita-se que o futuro da agricultura com viés sustentável será baseado na inteligência geográfica. Isso porque o setor precisa enfrentar o desafio de equilibrar a produção com a conservação ambiental. Diante desse cenário, ferramentas como essa devem ganhar protagonismo, ajudando a melhorar o rendimento nas lavouras e também oferecendo uma nova perspectiva sobre como conhecer, monitorar e proteger o território. E pensando que o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do planeta, devemos considerar a utilização da ciência de dados em inovação como base para uma estratégia de desenvolvimento.
Assim sendo, espera-se que nos próximos anos a inteligência artificial e o aprendizado de máquina desempenham um papel cada vez mais importante na análise de dados geoespaciais. Certamente a popularização de tecnologias como sensores e drones deve acelerar o processo. Os cientistas trabalham agora nessa nova metodologia para que ela possa ser replicada com dados de outros satélites, ampliando sua aplicação para diferentes biomas e regiões do Brasil. Logo todos nós poderemos acompanhar em tempo real e ajudar na fiscalização ambiental de florestas como a Amazônia. Não é demais?!
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Fontes: MundoGEO, Gazeta de São Paulo.
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Eduardo Mikail
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